Prólogo

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Os raios solares começam a pintar a paisagem em um alaranjado sutil de fim de tarde.

Foi um lindo dia ensolarado de primavera cheio de vida e cores.

O riacho à frente corre despreocupado sob seus pés descalços, molhando um pouco das vestes de seda cara e bem detalhada. Mas não é como se isso fosse um grande problema, enquanto há uma palma quente segurando a sua mão.

O homem ao seu lado contempla a água corrente com um olhar distante, ombros pesados e rosto franzido em desconforto. Há machucados pintando quase toda a sua face bonita, e também não há dúvidas de que mais deles estão escondidos, sob suas vestes mais modestas.

A bela pele, amada pelo sol, manchada com machucados que são culpa sua quase fizeram seus joelhos cederem em remorso quando os viu, ao chegar no esconderijo deles.

O fardo da culpa vem sendo cada dia mais pesado desde que eles foram descobertos, a alguns dias atrás. Seu pai, sendo um dos mais influentes homens da região, nunca poderia deixar passar um insulto como aquele acontecendo sob sua casa. Vindo do seu próprio filho.

E ele é um covarde.

Sim, um grande covarde e egoísta.

Covarde ao ponto de saber que não consegue enfrentar seu pai. E egoísta o suficiente para não abrir mão do sentimento que floresceu em seu coração.

Talvez por toda a sua covardia e egoísmo que agora, ele segure tão firme em sua outra mão, o pequeno fraco recém comprado.

Algo que dita a promessa da única salvação possível para eles.

Ao seu lado há um suspiro, antes que as primeiras palavras em horas sejam ditas entre eles.

O que sentimos... É tão repugnante assim?

As palavras que saem da boca do seu amor, são como facas em seu peito. Porém mesmo assim ele tenta manter um sorriso sutil em seu rosto quando vira para responder o outro.

Não sei. — Ele diz sincero. — Só o que sei é que ao seu lado, meu coração sempre está cheio.

O outro tenta retribuir seu sorriso em resposta, mas acaba contorcendo o rosto em dor mais uma vez.

— Seu pai já lhe arranjou uma noiva, ela chegará em poucos dias... Não há nada para ser feito, não é mesmo?

— Acho que não.

Ele fala, finalmente abrindo sua mão em frente aos olhos do seu amado, que olha confuso para o fraco antes da compreensão cruzar seu rosto.

Um bufo, em divertimento mórbido, sai daqueles lábios antes que ele olhe de volta para seu rosto.

— Você vai procurar por mim na nossa próxima vida? Você se tornou um homem realmente romântico. — O questionamento divertido o faz alargar o sorriso.

— Vou te procurar por quantas vidas forem preciso.

— Sempre cheio de palavras tão bonitas... — o outro suspira. — Às vezes nem sei dizer quem é o mais idiota: você por ter essas ideias estúpidas ou eu por sempre confiar em cada um delas.

— Com, toda certeza, eu sou o mais idiota. Mas não pelas minha ideias e sim pois fui o primeiro a se apaixonar.

O seu amor engasgou com um riso, mesmo em meio ao corpo dolorido e seu coração encheu-se. Como em todas as vezes que ouviu sua risada.

— Espero que na próxima vida você seja um famoso escritor de romances clichês. Você certamente tem jeito para isso.

Diz o outro, parando para pensar apenas por poucos instantes antes de pegar o pequeno frasco com sua mão livre, beber metade em um gole e devolvê-lo.

Ele também bebe rápido do frasco, até a última gota. Sentindo o amargo do veneno queimar sua língua antes de responder.

— Espero que na próxima vida você não seja um homem de coração tão exigente. Quem sabe assim eu não sofra tanto tempo sozinho enquanto anseio por você.

O divertimento nunca deixa seus lábios enquanto fala os puxando para acomodar-se deitados, às margens do riacho.

Seu amado aconchega-se o melhor que pode — através dos seus machucados — ao seu lado, com seus lábios franzidos em um sorriso pequeno.

Não há muito mais o que fazer.

Seu pai não vai parar de mandar espancar o homem que faz seus olhos brilharem, e há uma noiva desconhecida e indesejada em seu futuro.

Não tem mais nada nessa vida que lhes valha a pena.

Passando os dedos de forma suave sob o rosto machucado a sua frente, tentando registrá-lo como em uma pintura em sua própria alma. Para que ele nunca esqueça, não importa quantas vidas passem dali em diante.

Seus lábios juntam-se de forma suave. Como em tantas outras vezes e então é como se houvesse apenas eles dois, no mundo.

Não existia mais seu pai.

Honra da família.

Classe social.

Ou o fato de serem dois homens.

Havia apenas eles dois. Os poucos raios de sol que ainda pintavam o céu e o amor que ambos sentiam em seus peitos, até que não restasse mais ar em seus pulmões.

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Olha só quem apareceu com fic nova hein!?!?! haha sejam todos bem vindos a uma nova história 2son!

eu tenho uns 60% dessa história roterizado e uns 3 cap(incutindo esse prólogo) prontos. Na real, eu nem queria começar a postar essa fic sem ter ela 100% completa e tals mas quer saber? que se foda! O mundo tá acabando mesmo, aqui na Bahia tá batendo 37°c praticamente todo maldito dia. Então bora começar a postar essa porra sem tá tudo pronto mesmo e que se lasque.

obs: não esperem tanto dessa história, okay? é só uma clichê com vidas passadas tristes + um pouco de cafeteira au + ceo rico gostoso + o richas só se fode na vida. Nada de muito uau nem nada.

Atualizações todos os dias(talvez...) as meio dia do horário de Brasília!

Com amor, yumi <3

Talvez em outra vida... | 2SON (incompleta)Where stories live. Discover now