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Sentados um à frente do outro, em uma mesa no fundo do ambiente que Richarlison os levou para manter um resquício de privacidade. Mesmo que ele ainda possa sentir os olhos de águia de Bella em sua nuca e Emerson tenha aparecido, pessoalmente, para perguntar a Son se ele gostaria de pedir alguma coisa, para acompanhar a conversa(além de verificar se a alma de Richarlison ainda estava com ele).

O brasileiro não pode deixar de sentir-se como um bicho encurralado, depois que Royal os deixou sozinho novamente para fazer o cappuccino pequeno do pedido de Son.

— Obrigado por aceitar conversar comigo.

Son inicia, e Richarlison resmunga um reconhecimento em resposta. Muito ocupado encarando o curativo na sobrancelha do asiático, o qual ele não consegue mais desviar o olhar.

— Primeiro, eu queria me desculpar por invadir sua privacidade assim e descobrir onde você trabalha. — Dita o mais velho, mas Richarlison ainda não está o olhando nos olhos. — E segundo, eu queria te entregar o seu sapato que você acabou esquecendo.

E isso sim, é algo que chama a atenção do brasileiro. O fazendo piscar atordoado antes de perceber a sacola de papel delicada que o coreano tinha trazido consigo, e agora estava empurrando para a sua direção.

Richarlison espia dentro da sacola antes de guardá-lo abaixo da mesa, só para verificar. Encontrando o seu par de tênis intacto, o mesmo que ele havia esquecido no meio da sua confusão antes de fugir naquela noite usando as pantufas do mais velho.

Valeu… — Ele agradece baixo, com o rosto quente. — Foi mal, mas eu não tô com o seu chinelo agora, pra te devolver.

Son bufa um riso da sua admissão.

— Está tudo bem. — O mais velho acalma. — Não há necessidade de me devolver elas, já os seus sapatos são muito bonitos. Achei que gostaria deles de volta.

Não há como evitar a irritação contorcendo seu rosto, enquanto Richarlison tenta entender como a calmaria idiota do asiático consegue fazê-lo se contorcer em irritação tão fácil.

— Se você veio aqui entregar pessoalmente uma notificação de processo, faça isso logo. Eu preciso voltar para o meu turno.

Richarlison late desgostoso, querendo acabar logo com aquele momento desconfortável.

Processo? — Son questiona visivelmente confuso.

— Sim, processo! — O brasileiro devolve inquieto. — Não é pra isso que você tá aqui?

Não! Deus, por que eu te processaria?

— Porque você NÃO me processaria?

Ele devolve, os olhos desviando novamente para o curativo bem colocado na sobrancelha do coreano de merda.

Oh, isso? — O idiota pergunta, tocando no curativo com os dedos casualmente antes de bufa em zombaria. — Eu entendo que você não estava… Não estava no seu melhor momento. Então não tem porque eu te processar por isso. Além do mais, eu nem precisei levar pontos.

Son termina dando de ombros simples.

Richarlison olha para o outro de forma cética. Um pouco tentado a finalmente relaxar seus ombros da ansiedade e desconforto dos últimos dias, mas ainda assim não conseguindo confiar no mais velho.

— Então você deu uma de stalker, e descobriu onde eu trabalho só pra vir devolver o meu tênis? — Acusa Richarlison, assistindo satisfeito o rosto de Son ganhar um rosado suave.

Não é isso… Eu só queria… Eu só queria conversar e esclarecer o nosso mal-entendido.

O brasileiro morde a língua em silêncio.

Talvez em outra vida... | 2SON (incompleta)Where stories live. Discover now