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Impulsivo e cabeça quente.

Eram palavras que Richarlison já havia ouvido várias vezes ao longo da sua vida, para se referir a sua personalidade.

Não que ele discorde, pois ele realmente não discorda e sabe bem que tem um longo histórico de impulsividade. E que na maioria das vezes, ele nem consegue controlar.

Apenas, automaticamente, colocando-se em uma posição defensiva diante de outras pessoas. E algumas vezes caindo no instinto de “morder de voltar” ao invés de sentar e conversar quando é confrontado.

Não é um dos seus maiores orgulhos.

E atualmente o grande responsável por sua paranoia e fim.

A sua tentativa de vingança foi um completo fracasso em todas as áreas que podia. Ele não havia conseguido um encerramento. Sentia-se ainda pior agora que tinha visto pessoalmente tudo o que o asiático idiota tinha e ele não. E principalmente a doce satisfação de bater o maldito havia durado poucos segundos antes que sobrasse apenas o choque, medo, desespero e vergonha.

O vermelho do sangue que escorria pelo rosto de Son ainda pinta os seus pesadelos mesmo depois de alguns dias.

Puta que pariu! No que ele estava pensando!?

É a grande pergunta que vem rondando sua mente desde então. Qual ele havia perdido a resposta, no meio do pânico e desespero que se instalaram em cada canto do seu corpo desde que ele foi embora correndo daquele hotel. Deixando para trás duas dignidade, um homem sangrando e seus tênis favoritos.

Agora Richarlison apenas espera derrotado por uma notificação judicial em seu nome, todas as vezes que vai receber suas correspondências no correio do seu prédio.

O brasileiro sente o solavanco do corpo de alguém contra o seu, o prendendo contra a máquina de café — e quase o fazendo queimar-se com o líquido quente que estava preparando — antes mesmo que ele conseguisse perceber que andava perdido em seus pensamentos, no meio do trabalho.

Que porra é essa!? — Ele não pode deixar de questionar no susto, tentando virar o rosto para a pessoa que o prendia.

— Quieto porra! — Bella resmunga atrás dele, alarmada. — Abaixa, abaixa! Se esconde.

Richarlison leva longos segundos tentando raciocinar a situação, o que estressa a garota o suficiente para ela mesma jogá-lo para baixo pelos ombros de forma atrapalhada.

— O que foi? Tamo sendo assaltados?

Não! Só fica aí escondido. — Dita a garota em murmúrio. — O ceo gostosão acabou de entrar aqui. Se ele perguntar por você, vou dizer que tu morreu de catapora ou fugiu pro Peru! Agora vai se esconder lá atrás.

— Que? O Son tá aqui!?

Ele pergunta mais alto do que pretendia, agora totalmente alarmado e nervoso.

Fala baixo, moleque! E é claro que ele tá aqui né. Tu bateu nele e bloqueou o cara, ele deve ter te caçado pra vir entregar teu processo pessoalmente, Pombo maldito burro. Meu Deus, tu não dá uma dentro!

Bella rosna entredentes, esforçando-se para escondê-lo o melhor que pode com seu corpo, tampando a visão direta de quem está do outro lado do balcão.

Richarlison engole em seco.

E como o mais corajoso dos homens, começa a preparar-se para seguir, furtivamente, para o estoque até que o coreano fosse embora. Quando um murmúrio raivoso de Bella chama mais sua atenção.

Ah não! O Porro quem tá atendendo ele. — A garota geme desgostosa. — Eu juro por Deus, se esse espanhol maldito falar alguma coisa eu vou mata ele! Eu juro que-

Bella para de falar abruptamente, virando seus olhos arregalados em direção a Richarlison, que ainda está jogado no chão ao seus pés.

— Merda, ele tá vindo pra cá, Richas. Fudeu!! — Sua amiga fala por fim, dando um último empurrão na tentativa de fazê-lo voar em direção ao estoque, ou qualquer outro lugar. Mas o outro brasileiro já havia congelado no lugar.

— Com licença, onde posso encontrar o Richarlison? O atendente me falou que ele estaria no balcão.

Uma voz calma fala, e é inevitável não estremecer em reconhecimento ao sotaque único do asiático.

Ri-Richarlison? — Bella gagueja, virando-se desajeitadamente o mais rápido que pode para frente do coreano. — Sabe que eu acabei de chegar aqui? Sinto muito, meu turno acabou de começar e eu não o vi, acho que meu colega deve ter se confundido. Porque você não tenta vir aqui outro dia, senhor?

Durante alguns segundos, Richarlison apenas ficou quieto no silêncio agonizante. Prendendo a respiração enquanto esperava que a mentira de Bella fosse o suficiente para fazer Son dar meia volta, e ir embora da cafeteria.

Mas como o universo parecia particularmente odiá-lo, não foi isso o que aconteceu. Ao invés, o coreano apenas deu alguns passos para o lado e ergueu a cabeça por cima do balcão até que conseguisse pegar o olhar apavorado de Richarlison com o seu.

— Olá Richarlison. — Comprimenta Son, com um sorriso pequeno. — Poderíamos conversar por um instante?

A vergonha queima Richarlison dos pés à cabeça, ainda no chão da cafeteria meio escondido entre as pernas de Bella.

Leva um tempo demorado e desconfortável para que ele pudesse levantar-se de onde estava, esfregando as mãos no avental inquieto ao ficar em pé novamente. Limpando a garganta desnecessariamente antes de se dirigir ao asiático.

Olha… Eu tô no meu turno agora.

Ele faz uma última tentativa fraca de fuga.

— Por favor, eu insisto. Prometo não levar muito do seu tempo, mas nós realmente precisamos esclarecer algumas coisas. — Son fala suave, mas em um tom sério o suficiente para fazer com que Richarlison sentisse que não poderia recusar.

O brasileiro franze a boca em nervosismo, mordendo o interior da sua bochecha até sentir o gosto de sangue na língua antes de acenar em confirmação.

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Não há muito o que falar desse capítulo. Apenas: pqp olha a situação em que o pombo se bota bixo!!

 Apenas: pqp olha a situação em que o pombo se bota bixo!!

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Com amor, Yumi <3

Talvez em outra vida... | 2SON (incompleta)Where stories live. Discover now