Naquela noite, s/n não conseguiu fechar os olhos. Sua mente estava tumultuada demais para uma noite de sono e, embora ela estivesse com todas as coisas prontas para viajar, a mulher sentia que tinha um assunto inacabado. Ela sentia a necessidade de se despedir da mulher com quem compartilhou momentos mágicos nos últimos meses.
Encarando o roteiro da peça, solitário naquela escrivaninha, s/n teve a ideia de escrever uma carta. Jenna poderia simplesmente rasgar aquele papel que ela escreveu todos os seus sentimentos e tudo o que aconteceu, desde os primeiros instantes que viu Jenna, mas o seu interior parecia finalmente prestes a ter o sentimento de incompletude sanado.
Quando guardou o pedaço de papel em um envelope antigo que ficava em sua gaveta, s/n encarou o roteiro. Ela ficou triste por não poder estar lá para ver Jenna, ou até mesmo a Carson, atuar no dia de estreia. s/n se sentia mal por não estar mais lá para ensaiar com Jenna toda a peça todos os dias, até a estreia. Ela sentiria falta do toque da namorada e, até mesmo, da falta de romantismo da Ortega.
Uma lágrima solitária caiu do rosto de s/n quando lia a sua cena favorita da peça no roteiro e, em sua memória, só restava seus ensaios particulares com Jenna no moinho.
Naquela imersão de memórias, s/n não soube ao certo o momento exato que amanheceu, mas sua tia abriu a porta, anunciando que um táxi a esperava.
Sabendo que não tinha mais volta, s/n resolveu que já era hora de dar adeus à escola. Suas malas já estavam indo embora, enquanto a garota se despedia do próprio quarto que tinha sido um grande lugar de refúgio e caminhou até o quarto de Jenna.
s/n ficou um tempo parada na porta, ela queria bater na porta, dar um abraço e simplesmente se despedir de Jenna, mas toda a sua coragem foi embora. Se ela visse Jenna, nunca iria cumprir o seu destino. Sem escolhas, a mulher se abaixou e passou o envelope embaixo da sua porta.
Em seguida, continuou o caminho. Se fazendo acreditar que aquela era a decisão mais sensata, já que naquele momento, ela tinha uma "família" esperando. s/n se permitiu sorrir ao pensar que, pela primeira vez em muito tempo, ela faria parte de uma família e, aquele táxi, seria o início de um momento feliz para ela.
Em algumas horas depois, Jenna soube que tinha dormido chorando novamente, quando sentiu as lágrimas secas em seu rosto ao acordar. O seu celular não parava de vibrar, mas Jenna continuou o ignorando quando se encaminhou até o banheiro e enxergou o próprio reflexo.
Ela estava acabada.
Por um segundo ela quis xingar s/n de todos os nomes e palavrões possíveis, mas aquilo tudo era em vão. Quando se tratava de s/n, ela só conseguia lembrar dos melhores momentos que esteve ao lado da mulher.
Por um mísero instante ela quis trair sua consciência e seguir seu coração, sem pensar no ego ferido que traria em ir implorar para s/n voltar pra ela. Mas Jenna não faria isso, não quando pensava que nada daquilo era real, mesmo com as confissões convincentes e os assuntos profundos.
Quando Jenna estava voltando para o quarto, prestes a pensar em passar um dia inteiro deitada na cama, a mulher notou um envelope no chão do seu quarto.
O seu coração acelerou as batidas, só de pensar que aquilo poderia ser de s/n e, ao ver a caligrafia imperfeita da ex-namorada, ela teve certeza. Na ansiedade, Jenna engoliu a leitura das três longas páginas em segundos.
A cada linha percorrida, Jenna passava por um misto de emoções e, no fim, Jenna só teve certeza de uma coisa: ela precisava encontrar a s/n.
Rapidamente ela saiu do quarto e saiu a procura da única pessoa que poderia lhe ajudar, mas parece que o destino estava do seu lado quando viu a sua melhor amiga cruzar o corredor.
- Olha quem resolveu sair do quarto - Sofia falou com um sorriso direcionado para a amiga.
- Onde está a s/n? - Jenna perguntou aflita.
- Bom dia pra você também, Jenna. Por que você não tira esse pijama e essa maquiagem borrada do rosto.
- Eu preciso falar com a s/n - Jenna insistiu - Onde ela está?
Sofia esbanjava uma cara de poucos amigos e Dove encarava a Ortega com pena.
- Ela já foi, não é? - A garota perguntou cabisbaixa.
- Ela foi esta manhã - Dove ofereceu um abraço para a mulher mais velha que recebeu de agrado.
- Eu nem consegui me despedir - Jenna segurava o próprio choro.
- Não se sinta mal, vocês vão conseguir superar isso, eu tenho certeza. A s/n até disse algo ontem sobre o universo estar do lado de vocês, eu até comecei a acreditar.
Jenna sorriu com a menção daquilo saindo da boca da amiga. Instantaneamente ela lembrou da carta que sua amada tinha deixado.
- A s/n acredita que o universo que me mandou pra ela. Sabia que foi por isso que ela insistiu tanto em ficar do meu lado? Depois dela, eu nunca me senti tão sozinha...
- Mas vocês ainda podem conversar, você pode mandar mensagem e...
- Eu acho que ainda não é o momento - A Ortega disse confiando no universo - Esse é o momento dela se conectar com a família dela e eu posso esperar. Se o universo quiser...
- Então, o que acha de um café da manhã? - Dove perguntou tentando deixar tudo aquilo pra trás. No fundo, ela também se sentia mal pela falta da amiga.
- Nós ainda temos ensaio para a peça hoje - Sofia falou em tom de alerta para a garota à sua frente - A peça já está chegando.
- O quão irreal é fazer isso sem a s/n? - Jenna perguntou tentando controlar a sua tristeza.
- Ela iria gostar que nós déssemos continuidade à peça.
- Vocês estão falando como se a s/n tivesse morrido. Nós podemos convidá-la para ela assistir a peça - Dove encerrou o assunto - Agora, será que nós podemos simplesmente ir tomar o café? - A loira não conseguia mais esconder o quão abalada estava.
- Nos vemos lá, Jenna? - Sofia perguntou tentando estudar o olhar da amiga que confirmou com a cabeça - A minha mulher fica nervosa quando tá com fome - Na mesma hora Dove deu um leve empurrão na namorada - Tá vendo?
- Vejo vocês em cinco minutos - Jenna disse seguindo em direção ao próprio quarto.
A garota se arrumava ao máximo para parecer uma pessoa descente, enquanto relembrava os acontecimentos recentes e se agarrava na última frase da carta de s/n: "Se o universo te trouxe até mim uma vez, ela pode fazer isso outra vez".
![](https://img.wattpad.com/cover/328576491-288-k419005.jpg)
YOU ARE READING
Ela é demais (Jenna Ortega/you)
FanfictionEm Nevermore, s/n s/s era a mulher que namorava a mais linda e popular da escola inteira. Todos queriam ter a vida de s/n. Até que um dia, a sua namorada resolve terminar o relacionamento e a popularidade de s/n despenca drasticamente. Em busca de d...