Sublime 《 Jungkook 》

6: Regras

  Doía a cada vez que Jungkook respirava, todo fôlego vinha acompanhado de uma pontada na região da costela esquerda. Maldito Yeongbin e seu punho de ferro, o desgraçado o acertou em cheio quando Jungkook vacilou e abriu a guarda. Seu erro foi ser confiante demais, a certeza da vitória o deixou descuidado e agora estava ali acabado. Não foi a pior surra que tomou, com certeza não, as ruas de Busan lhe presentearam com coisas muito piores, ainda se lembrava de quando foi tentar defender a mãe do senhorio da espelunca que eles moravam; no auge dos seus 15 anos, acreditou que poderia dar uma coça naquele babaca calvo, mas, acabou com um braço quebrado e uma mãe muito chateada.

A primeira vez que se envolveu numa luta clandestina, tinha acabado de fazer 16 anos, acreditava que o ódio de crescer rejeitado era o suficiente e no fim mal conseguia se manter de pé. Inventou uma desculpa para a mãe e passou 3 dias na casa de um amigo, ao voltar, um bando de hematomas ainda estampava seu corpo mas não ao ponto de fazer a mãe ter um colapso. Ela passou os meses seguintes implorando para que Jungkook parasse de se envolver nesse tipo de coisa e se recusando a aceitar qualquer nota vinda das lutas do filho, então, cansado de vê-la se preocupar tanto deixou as lutas de lado.

Mas agora ela não estava ali para impedi-lo e cada soco lembrava Jungkook do que ele veio fazer.

Jimin foi embora pela manhã, após conferir que Jungkook não morreria e lhe dar um sermão sem fim. Enquanto lhe entregava um miojo para comer, Jimin repetia sobre como o amigo foi inconsequente e jurou que na próxima não iria ajudá-lo. Jungkook sabia que, na verdade, Jimin iria sim, era molenga demais para abandonar um amigo sangrando.

Lá pelas três da tarde, Jungkook ouviu uma batida na porta e levantou com um sorriso presunçoso no rosto, apesar da pontada de dor. Pelo visto, Jimin não conseguia ignorá-lo por muito tempo. No entanto, assim que abriu não deu de cara com cabelos loiros e uma mão cheia de anéis, quem estava parada ali era Miyeon.

— Devo ter levado uma pancada na cabeça e estar alucinando, você aqui?

Miyeon usava um short jeans claro, com a barra dobrada e uma blusa vermelha de mangas curtas, que tinha um par de cerejas pequenas estampadas pouco abaixo da gola redonda. Ela fez um som de tsc assim que Jungkook falou.

— Já estou me arrependendo. Só queria ver como você ficou.

Não havia mais sangue seco, em seu lugar, um monte de hematomas surgiu.

— Vivo e você nem foi assistir.

Jungkook se apoiou a porta, não conseguia deixar de olhar o jeito que o cabelo dela caía como um véu pelas costas ou a franjinha perfeitamente modelada.

— Ainda bem, não curto sangue — fez uma careta. — Desculpa por quebrar o acordo, mas em parte é culpa sua que aceitou lutar. É isso, tchau.

Miyeon apertava as mãos na lateral do corpo e falava apressada, olhando para os lados de vez em quando.

— Espera aí.

Jungkook ergueu o braço para chamá-la e foi acometido por uma dor sufocante, se agarrou a porta respirando num fôlego curto, só assim para evitar que piorasse. Embora não tenha sido a pior surra que levou, fazia tempo que Jungkook não ficava tão machucado assim.

— O que você tá sentindo? Eu falei que precisava de um hospital.

Miyeon se aproximou e Jungkook quis rir do seu modo preocupado, infelizmente isso lhe causou mais uma onda de dor. Que merda, tinha quase esquecido de como doía tanto.

— Só preciso sentar um minuto.

Jungkook se afastou da porta devagar e num piscar de olhos Miyeon estava ao seu lado, passando o braço por sobre seus ombros e o ajudando a caminhar. Não havia sofá na sala, então Jungkook seguiu em direção ao quarto, e para sua surpresa, Miyeon continuou. Realmente, essa garota era muito ingênua, uma total falta de noção do perigo, tudo bem que ele estava um caco, mas Miyeon deveria pelo menos cogitar a possibilidade de não ser uma boa ideia ficar sozinha num apartamento com um cara que mal conhecia.