c a p í t u l o 12 - d j a v ú

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Everest

21 de Julho em Seattle

— Para de me chamar assim — exigi baixo, não querendo atenção demasiada.

Já não bastasse Nikki com seus incríveis olhos arregalados, espreitando.

Ofereci um sorriso de desculpas a ela.

Até a fome tinha ido com Deus.

O que ele está fazendo aqui?  – Me perguntei. O que quer comigo?

Henry analisou o lugar. Com seus olhos cerrados, serpenteando pelo refeitório.

  Eu não as vi de fato para analisar as expressões das pessoas, mas a maioria da conversa no local pareceu cessar. Ele logo correu as esferas pratedas pela minha bandeja e os estreitou por algum motivo desconhecido por mim.

Considerei que falaria alguma coisa, contudo, ele apenas apertou os lábios em desgosto e estalou a língua.

Tive que respirar fundo antes que eu me afundasse na cadeira.

Não era suficiente que as pessoas estivessem me olhando estranho e correndo como se eu tivesse uma maldita doença, então ele também estava me julgando pela comida, ótimo!

O quê? — encarei os dois pacotes de biscoito salgado e a caixinha de suco ao lado. Na verdade, não entendi o problema — A minha comida te incomoda? Sugiro que levante e saia. — lati entredentes. —

— Me incomoda você chamar isso de comida. — não sei que expressão ele viu no meu rosto, que acrescentou: — Deixe-me reformular... — abaixou o tom de voz e aproximou-se. — o que me incomoda, é você passar a manhã estudando e dois biscoitos serem suficientes para satisfazê-la.

Prendi a respiração. Ah, era isso. Certo...

Eu não gostava de comer na frente de outras pessoas. Biscoito era um dos alimentos que estavam na minha zona segura.

Eu, de fato, queria pegar o macarrão com almôndega que parecia uma delicia, mas não tive coragem.

Mesmo que eu não tolerasse julgamentos relacionados ao meu peso, eu não era totalmente forte o bastante para enfrentar tudo, principalmente alguém me julgando com o olhar enquanto eu comia.

Abri a boca, fechando-a outra vez. Confusão estampava meu rosto ao notar que Henry estava aborrecido com a quantidade de comida. Porquê ele se importava de qualquer maneira? E se eu decidisse passar o dia com fome? O que aquilo tinha haver com ele?

Inconscientemente, prendi os lábios entre os dentes e elevei o olhar para Nikki, que por sua vez, possuía o rosto vermelho, de surpresa talvez, eu não sabia. Ela intercalava o olhar de mim para ele e então, sem mais nem menos, levantou abruptamente.

Meus olhos dobraram de tamanho.

— Onde você vai? — Perguntei, a voz aguda e alta demais.

Não, não, não... Ela não podia me abandonar ali.

— Comida — respondeu sugestiva e arrastou minha bandeja, dando o fora rapidamente.

Queria levantar o braço e chamá-la de volta. Eu não queria comida, precisava que ela ficasse ali e não me deixasse enfrentar Henry e toda sua impetuosidade sozinha. Queria agarrar seu cabelo e obrigá-la a ficar.

Merda!

Contudo, estava ciente que não podia fazer nada daquilo, ou então, perderia a única pessoa minimamente legal que conheci ali na Universidade que aparentemente não estava envolvida com Denali e sua gama de coisas ilegais.

EFEITO DO CAOSWhere stories live. Discover now