Capítulo 9

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—AJUDA! ELE TA VIVO AINDA, POR FAVOR.

Paraná, Amapá, Sul e Rondônia foram os primeiros a chegar no banheiro, havia sangue por todos os lados buracos e buracos no peito, abdômen, cintura, braços e um na mão que havia atravessado para o outro lado e um ferimentos bem na testa, Catarina tremia e tentava tampar os ferimentos com a mão, mas eram muitos, as roupas do maranhense já estavam encharcadas e ele perdia a consciência lentamente enquanto lutava pela vida os outros também tentaram cobrir seus ferimentos e rapidamente os outros iam chegando se juntando a eles.

—Droga, droga, droga, temos que fazer alguma coisa. —Sul disse tirando o lenço do pescoço para colocar na mão dele e ainda não era o suficiente.

—A sala onde Alagoas e Matinha, tem medicamentos e coisas de primeiros socorros.

—E acha que umas ataduras e dipironas vão resolver isso? –Amapá quase que gritou com o mineiro.

—Você tem outra sugestão? Precisa fazer os sangue parar.

—Calem a boca caralho, Parem de gritar e procurem algo pra parar isso, ao invés de gritar um com o outro. –Paraná esbravejou com os dois e Pernambuco puxou Minas para fora da sala e foram atrás das coisas.

—Temos que tirá-lo do chão não acha? –Brasília falou levantando a blusa dele, ficando sem reação ao ver, contou ao menos cinco marcas no peito e suas na barriga.

—Ele não vai conseguir, está morrendo. –Paraíba respondeu enquanto os outros voltaram e Pará e Acre entraram no banheiro e Sul sentiu quase que o impulso imediato de levantar e ir pra cima dele, mas no momento Maranhão já estava nas últimas.

Segurou o braço do Paraná trêmulo e sem muita forças e as pontas dos dedos estavam gélidas.

—Calma, só... só mais um pouco, por favor pia. –Tentou não chorar naquele momento, parecia estúpido mas sentia-se sem forças, Maranhão moveu os lábios dizendo algo que ele não entendeu, então se abaixou um pouco mais.

—Pa...Par-

—Que? –Olhou para ele e seus olhos continuavam abertos segurando sua mão mas não se movia. —Maranhão? Maranhão? PORRA!

Berrou, e começou a chorar e insistentemente tentou fazer ele acordá-lo, Amapá puxou pelos braços o jogando contra parede.

—Ele não pode morrer, ele não pode morrer agora. Me solta eu consigo fazer isso.

—Paraná, Paraná... me escuta. –Agarrou seu rosto e o fez olhar para si. —Não dá mais... se tentarmos ele vai morrer depois.

Então chorou, chorou pesamente, chorou o que não tinha chorado até então. Sergipe, Norte, Maranhão todos que estavam morrendo não mereciam, por que concordou em estar ali, por que tinha que ver os amigos em poças do próprio sangue e por que o culpado não tinha morrido ainda.
Seus olhos molhados por lágrimas de dor, agora tinham um olhar de raiva, pegou a "lança" do amapaense e deu passos duros até o nortista mais alto apontando em direção seu peito, com ódio que até então não sentiu.

—O que você está fazendo?

—Cala a porra boca, foi você. Você matou ele.

—Que? Mas não estávamos nem perto daqui, eu estive com o Acre o tempo todo.

—É, seu cúmplice desde o começo.

—Do que caralhos você tá falando? Está botando a culpa em nós por isso?

—Por tudo, você matou o Maranhão, você matou o Norte e eu sei que você matou a Amazonas também.

—O que? Você... matou o Norte? –Bahia pareceu ainda mais chocada junto dos outros que até então não sabiam do outro amigo.

—Eu... eu matei ele, mas por defesa, ele tentou me matar primeiro. Disse que a culpa do que houve com Sergipe era minha e que ia atrás de mim e depois do Tocantins o que eu podia fazer?

Tocantins pareceu levemente surpreso com a ameaça que não sabia até então, mas não parecia preocupado já que o outro já tinha morrido.

—Que conveniente para você né, jogar a culpa nele por ser parceiro da Amazonas, depois a Matinha e Alagoas morreram e talvez pelas mãos do seu cúmplice e na mesma hora o Norte morre. E você fez de novo com o Maranhão.

—Você está completamente louco, vocês vão acreditar nisso?

—Não somos os infectados, Pará fez o que fez para se defender é o que qualquer um faria.

—Será? Ou vocês estão matando de mansinho e jogando a culpa nos outros para sair ilesos.

—Se acredita nisso então me mata, vou morrer como inocente porque eu não matei os outros e só o que fiz foi pra me defender. Então vai enfrente se você é tão cheio de coragem assim.

Paraná sentia o sangue ferver e as mãos tremiam, Pará ficou parado na sua frente com o peito perto da lança esperando ele fazer.

—Você não vai conseguir, você é tão medroso quanto o Norte.

—Mas eu não. –Escutou a voz grossa e a lança entrar no peito acertando imediatamente a artéria do coração, Paraná olhou o nortista cuspir sangue pela boca e quando olhou o braço que segurava o seu se virando para trás Rio Grande do Sul já havia perfurado o outro antes que Paraná desistisse de último segundo.

Pará já escutando os seus últimos batimentos olhou o acreano completamente apavorado e deu um pequeno sorriso. Sabia que ele era forte o suficiente para ir tão longe sozinho, mas no momento não podia fazer mais nada por ele. Os outros igualmente perplexos com a cena do mais alto preso na parede e o pedaço de madeira preso em seu peito que havia quebrado dentro não sabiam como reagir, mas assim como na morte de Sergipe não tinha reações que mostrassem o medo em suas feições.
Goiás olhou para Tocantins e ele olhava para si entristecido então saiu caminhando para longe e o goiano foi atrás dele até uma outra sala.

—Espera, Tins... –O outro parou sem se virar e ele continuou. —Me desculpa, eu sei que tudo aquilo foi por defesa, que desde o início você quis ficar comigo mesmo sem saber se eu era o infectado, não quis julgar você mas ainda estou com muito medo daqui.

Tocantins virou de frente para ele sem mostrar nenhuma reação.

—Você não está mais com medo de mim?

—Não...

—Você confia em mim de novo por que? Por que acha que eu fiz certo? Ou por que agora o Sul matar o Pará é um ato heroico e quando sou eu, sou só um psicopata?

—Não é por isso, eu não quero ficar brigado com você, somos irmãos. Eu ia atrás de você bem antes de tudo isso, depois que eu vi o que aconteceu com a Matinha e o Norte, eu não quero que você fique sozinho e aconteça nada com você.

Tins parecia desconfiado da sua palavra então assim como antes, se aproximou dele e ameaçou batê-lo e dessa vez Goiás não reagiu e fez com que ele sorrisse e abracasse forte.

—Me desculpa por não confiar em você, vamos ficar juntos até o final do jogo prometo. Não vamos mais brigar assim. –Ele parecia alegre como uma criança, então quando saiu do abraço aproveitou o momento para pegar algo em seus bolsos. —Olha o que eu achei, podemos nos defender agora.

Mostrou para ele a navalha e Goiás ficou impressionado, era um ótimo objeto e bem afiado.

—Nossa é perfeito. Onde achou?

—Achei jogado por aí. –Sorriu de orelha a orelha, guardando a navalha outra vez...

Jogador 20 eliminado. Restam 19 jogadores.

56 minutos para o quinto ataque.

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