Capítulo 10

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45 minutos para o quinto ataque.

Pernambuco andava de um lado para o outro em passos apressados e em silêncio, Bahia e Piauí estavam sentadas e a piauiense balançava a perna freneticamente olhando para suas mãos com os olhos arregalados.

—Precisamos fazer alguma coisa, unir forças e caçar o infectado. –Pernambuco falou apenas para as duas ouvirem.

—E se morrermos antes? –Bahia olhou para ele e o pernambucano parecia ter entrado em um estado de loucura, estava cego e só conseguia escutar os próprios pensamentos.

—Já estamos morrendo nega, Sergipe, Norte, Maranhão e Alagoas. Estão nos matando um por um, se não nos unirmos seremos os próximos.

—Acho que ele tem razão, se estão atrás de nós é por que somos vulneráveis de alguma maneira ou querem nos tirar do caminho primeiro. Vamos juntar forças, talvez fazer um plano para enganar o infectado e matá-lo.

—Eu acho isso uma boa ideia, mas e eles?

Pernambuco olhou para Minas e Capixaba e depois para elas de novo.

—Eu não sei, não sei se podemos confiar neles mas, quanto mais aliados melhor e podemos continuar de olho neles por enquanto e qualquer sinal de ameaça nós... enfim, concordando?

—Sim. –Piauí olhou para Bahia e ela suspirou e concordou.

—Tudo bem então.

Um pouco longe dali, Espírito Santo sentiu algo ruim vindo daquela reunião dos três e seu olhar era triste e o mineiro pareceu preocupado tocando suas costas devagar.

—Tá tudo bem?

—O que será estão falando?

—Talvez... do Norte, nem receberam bem a notícia da Alagoas, logo em seguida o Maranhão e de cara o Norte, devem estar abalados.

—Acho que temos sorte né? Estamos nós dois aqui o Rio está vivo e só o Sampa... o Sampa... –Puxou o ar pressionando os lábios trêmulos, quando falava seu nome, a visão que tinha era seu corpo se contorcendo no chão e um cheiro de carne queimada. —Acha que ele ainda estaria jogando se tivesse aqui? Que ainda estaria vivo?

Olhou para Minas Gerais e estava chorando e o rapaz não sabia o que dizer, não tinha chorado nenhuma vez até então, não abraçou Matin pela morte da irmã e não havia falado nada para o carioca do próprio amigo Sudestino e não tinha parado para pensar até agora na morte do Paulista, mas não queria deixar ela mais triste então deu um pequeno sorriso.

—Claro que estaria, ele morreu muito rápido, mas nenhum de nós podia imaginar que aquilo aconteceria no início e podia ter sido qualquer um, mas conhecendo ele como conhecíamos sei que ele ia muito longe aqui, tinha potencial e saberia pensar melhor com certeza em proteger nós quatro.

Ela assentiu limpando seu rosto e olhou de longe os três ainda conversando e sentiu um frio na espinha, não podia escutar o que sussuravam e nem conseguia entender a leitura labial mas as concordâncias com a cabeça deixava ela preocupada, então fungou limpando o rosto outra vez.

—Você tem razão, ele iria longe porque sabia em quem confiar e só confiaria nele e em nós por que nos conhecia como ninguém. Não podemos ficar.

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