Capítulo 11

107 14 81
                                    

Autora: atenção, o capítulo a seguir contém descrição pesada de assassinato, se você é sensível ao conteúdo. Por favor não leia o parágrafo. Obrigada.

15 minutos para o quinto ataque.

Roraima havia emperrado a porta da sala do laboratório com um pedaço de ferro que achou no local enquanto Matin havia se sentado, já tinha parado de chorar a um tempo mas sua cara era deplorável.

—Acho que estamos seguros por mais uma rodada, foi tanta coisa de uma vez que está me deixando com dor de cabeça.

Ele nada disse, Roraima achou que ficando com Matin como parceiro iria fortalecer sua sobrevivência até o final, mas a morte da sua irmã parecia ter mexido muito consigo, ele não foi ver o corpo a pedido do Mineiro, mas quando Roraima passou pela sala e viu a garota enforcada com algo amarrado no pescoço sentiu uma tremenda dor, pensando que se sentiria da mesma forma se fosse Rondônia. Mas tinha que fazer voltar a si, pelo menos durante o jogo ou na hora dos ataques, não podia cuidar de si e dele ao mesmo tempo.

—Matin, eu sinto muito, muito mesmo pela Mato Grosso. Eu entendo como deve se sentir, mas preciso de você com a cabeça aqui ok? Pra sairmos vivos desse lugar.

—Não sei se temos qualquer chance aqui, não achamos nenhuma arma até então, só o que fazemos é nos esconder como ratos esperando viver mais um pouco, do que adianta...

—Ainda estamos vivos, podemos olhar nessa sala ainda mas você não pode desistir.

—Posso... fazer uma pergunta?

—Sim, claro.

—Você realmente acha que era ele? O Pará...

Roraima perdeu a fala e começou a pensar um pouco desde o início do jogo até o momento de sua morte, ele parecia diferente da pessoa carinhosa que costumava ser com ela, as vezes até carinhoso demais. Isso fez ela sorrir com dor e também pensar em Amazonas, até agora não tinha certeza de quem havia matado, ela nem entrou no jogo e já tinha partido quando chegou e viu aquela cena traumatizante do seu pescoço aberto e seus olhos pedindo socorro antes de morrer, já não tinha o que fazer e se sentiu incapaz.

—Eu sei dizer, ele estava tão diferente, isso me dava medo. Tudo que ele dizia era conveniente demais não acha? Primeiro culpar o Sergipe já que teve aquela ideia de revistar todo mundo, depois matar o Norte e dizer que ele atacou primeiro... tudo era conveniente demais não acha?

—Sim, eu acho que ele não matou o Maranhão mas, ele matou os outros sim.

—Quem você acha que matou o Maranhão então?

—Só pode ser a Catarina, ela era dupla dele e não deu satisfação nenhuma do que estava fazendo, aquela cena toda serviu para distrair todo mundo de perguntar pra ela onde ela estava e o que estava fazendo.

—Então, se for verdade só tem mais uma pessoa infectada, se ela morrer ganhamos o jogo. Precisamos achar alguma coisa e ter provas que é ela.

—Não nessa rodada, ela está sozinha agora pode ser mais fácil de vir atrás de nós, vamos fazer uma armadilha primeiro se ela cair é óbvio que foi ela.

...

O quinto ataque tinha começado, o sangue dos infectados começava a mudar junto com seus impulsos cerebrais e as coordenações motoras, tinham vontade de matar, uma adrenalina forte junto ao prazer de ver as vítimas morrendo seja em um banho de sangue dentro de um banheiro que fedia a esgoto acertando a cabeça na pia com força que o fez se desequilibrar e enfiando a tesoura por todas as partes, abrindo o objeto dentro da vitima para poder soltar dos seus órgãos ou dentro de uma sala de medicamentos, não só matando uma, mas duas vítimas de uma vez da forma mais agressiva que podia fazer com um sorriso de divertimento no rosto, batendo, batendo e batendo até que o crânio fosse completamente destruído e a outra perdesse completamente o ar de seu peito.
Uma ótima sensação, sensação essa que voltava sempre de hora em hora para suas mentes os perturbando e incomodandos, falando mais alto que o consciente desligando o emocional e dominando os impulsos.

Mas naquele período curto de cinco minutos, naquele momento em que o espaço de horas era tão pequeno para ir até uma vítima, matá-la e voltar a se misturar com os outros jogadores, não aconteceu nada... nenhum grito, nenhum barulho, nenhum som de arma ou de uma pele sendo esquartejada, apenas o silêncio por entre os andares que levavam aos corredores e as inúmeras salas do hospital.
A próxima hora se seguiu lenta e calma, sem suspeitos sem mais sons de mortes, nenhuma discussão se quer, até o sexto ataque, nenhuma morte.
Sétimo ataque, nenhuma morte...
Oitavo...
Nono ataque... nada.

Nove horas desde o início do jogo, e as últimas quatro horas não havia nenhum sinal de suspeito, de morte ou de algum risco, alguns chegaram a achar que o jogo tinha acabado, subiram até o quarto e último andar, o que parecia ser o quinto era impossível ter acesso já que a escadaria estava destruída e não tinha como subir mais, então ali era o limite para todos eles, alguns conseguiram mais armas, outros finalmente acharam algo para se defender e outros se juntaram em novas duplas, formando novas alianças... Enquanto outros já estavam cansados, esgotados do cheiro mofado do lugar, de andar por longos corredores e do silêncio que os infectados estavam fazendo, fome e sede também começavam a se fazer presente para alguns e isso estava se tornando um problema já que a única coisa que tinham era água.

45 minutos para o décimo ataque.

Quanto tempo mais esse silêncio iria durar, por quantas horas mais teriam que esperar, tinham eliminado todos os infectados? Nenhum deles? Pelo menos um? Por que os ataques tinham parado? Alguns na verdade já tinham feito suas teorias, e estava cada vez mais difícil de acreditar um nos outros desde que os ataques pararam, mas as mortes, elas não parariam... nenhuma possibilidade daquilo parar enquanto o jogo não acabasse enquanto não se destruíssem... não era um jogo de vencedores, era um teste de força mental e suas mentes estavam ficando mais enfraquecidas a cada minuto.

Sequestrados Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum