Casos de Família

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Casos de Família


A manhã estava nublada sobre Crosfilt. Enquanto Carlos dirigia, Trajano observava as ruas através da janela do veículo; ambos em um silêncio absoluto. Donald despertou em seu carro estacionado, ainda próximo ao bar, na Rua Maxwell. Ao notar a hora e a claridade, ele não se permitiu comtemplar sua ressaca e ligou o veículo acelerando para o hospital com a esperança de estar lá antes que seu pai pudesse chegar.

Dallon assinava alguns papeis na recepção do hospital quando George o informou sobre a suspensão dos sedativos de Ray para que este pudesse finalmente despertar. A enfermeira aproveitou para solicitar a ele a autorização de visitação do Brendon, o qual ele aprovou, pois queria ver pessoalmente o tal rapaz que roubou o coração de seu mestre.

Brendon foi acordado por Susy com o calor da boa notícia. Mas Patrick acordou em sua casa com a entrega de uma correspondência que Joe recebeu. Era um envelope com um endereço de algum lugar de Parkson. Patrick não pretendia sair da cama, então, ali mesmo, rompeu o envelope e puxou de dentro algumas folhas de caderno. Ele ficou muito surpreso ao ver que eram escritas a mão e que se tratava de Billie. Nas cartas Billie falava sobre tudo o que não conseguiu dizer naquele terrível dia, contava sobre o seu grande pesar sobre tudo, pedia profundas desculpas e expressava o seu agradecimento. Patrick não conseguiu conter as lágrimas enquanto lia cada parágrafo.

Gerard havia tido uma noite difícil. Depois da confissão de Donald as suas memórias foram se desbloqueando aos poucos e reviver tudo o que aconteceu entre ele e Frank, a morte de Bert e a realidade daquela doença foi horrível, mas suas emoções ainda pareciam nulas. É como se ele tivesse se perdido, como se uma parte dele estivesse adormecida. Existia uma angústia que ele não conseguia pôr para fora.

Depois de despertar naquela manhã umbrosa, Gerard estava muito calmo, similar ao efeito de uma tarde pós pôr do sol na beira de uma praia, muito incomum a calamidade que o cercava. Seu leito estava inclinado, pois ele havia acabado de tomar café a alguns minutos.

À mesa a enfermeira, Suzana, preparava o fator de coagulação para aplicar nele, que estava distraído assistindo ela fazer todo o processo de conectar as ampolas no suporte para mistura o pó ao líquido.

— Bom dia! — disse outra funcionária, ao adentrar no quarto tendo em mãos alguns papéis. Ela trajava um uniforme azul claro, que indicava que fazia parte da equipe de laboratório.

— Bom dia, Carol! — disse Suzana, sorridente.

— O doutor Stiven está aqui, Su? Preciso entregar alguns resultados de exames para ele.

— Ele já está vindo para cá. Está no quarto ao lado, pode deixar aí que eu entrego para ele. É de qual paciente?

— Na verdade são do pai do Gerard. As meninas da noite me disseram que era para fundos de pesquisa em relação a doença.

— Ah, sim! Pode deixar aí que eu entrego a ele.

— Está bem! — Carol deixou os exames sobre o criado-mudo, ao lado do leito de Gerard, e sorriu gentilmente para ele antes de se retirar do quarto.

Quando ela saiu, Gerard olhou em direção as folhas de modo curioso e algo o chamou a atenção, o fazendo pegar os papéis para ver mais de perto o nome no cabeçalho.

— Com licença — pediu ele, conquistando a surpresa de Suzana ao dar a graça de sua voz.

— Oh! Está falando comigo. — Ela sorriu orgulhosa dele. — O que deseja?

— Eu acho que houve um engano.

— Sobre o quê, querido? — Ela pôs a seringa, pronta para aplicação, sobre a pequena bandeja na mesa e se aproximou dele.

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