Um Pecado No Sofá, Um Sentimento No Chão

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— Posso entrar?

Gerard pendeu os olhos para o vasto piso de assoalho que o interior do apartamento de Frank apresentava. Ele não queria encará-lo diretamente, pois de alguma forma sentia-se retraído. Aquilo não era uma característica comum do descarado e destemido Way. Normalmente Gerard só se via assim quando nutria sentimentos por alguém, porque sentimento era algo complicado o qual não lidava direito. Não sabia como agir, ficava nervoso ao falar, seu estomago parecia embrulhar. De certa forma, era desconfortável e isso o tornava tímido.

— Como descobriu o meu apartamento? — Frank questionou ainda assustado com a presença repentina dele. Os únicos que conheciam o seu endereço eram seus amigos. Pelo menos era o que ele achava. Afinal de contas, como Gerard havia chegado até ali? Essa era a questão que dominava sua cabeça naquele momento.

Gerard por sua vez empinou o nariz com um suspiro impaciente, como se a pergunta de Frank fosse a mais idiota. Sua timidez não tinha muito espaço, não quando se tratava de Iero. Como você pode ter um inimigo e não saber onde ele mora? É óbvio que Gerard já havia o seguido. Frank devia saber disso.

Sem respondê-lo Gerard invadiu a residência o empurrando levemente para o lado para que abrisse espaço. Desta vez Frank estava impressionado não só com o aparecimento, mas também, com a audácia dele ao adentrar em seu apartamento daquele jeito, sem a sua permissão.

— Precisamos conversar. — Gerard disse parando em frente à larga mesa de madeira escura da copa, localizada a uma considerável distância da porta. Os olhos dele vagavam pelos detalhes dela, desde o caminho de mesa feito de crochê em cor branca, as flores posicionadas ao meio em um jarro de vidro.

— Não temos nada a conversar. — Frank declarou ao que encostava a porta. Era estranho ter Gerard em sua casa, jamais havia pensando na possibilidade de deixá-lo entrar ali. No entanto, ali estava Frank cedendo aquilo.

— Algo que é seu, adentrou em algo que é meu. E você acha que não há nada a ser dito? — Gerard se virou o encarando, mas os olhos de Frank o causava aquela retração. Droga! Ele odiava aquilo: se sentir daquele jeito. Por que logo por Frank? Talvez se eles não tivessem tido aquele contato, se ele não tivesse visto a intensidade do desejo naqueles olhos, se não tivesse o beijado desde a primeira vez, não precisaria se sentir assim: um babaca.

Way estava tão acanhado em seu interior que mal conseguia manter o contato por muito tempo. Então voltou a fitar a mesa tentando disfarçar o quanto Frank o afetava. Passou a mão pelo verniz da madeira, sentiu o frescor de encontro a sua palma. De algum jeito aquilo o acalmava. Sendo assim, seus olhos passaram a vagar pelo imenso cômodo da casa. Um degrau ao seu lado direito fazia a divisória da sala. Do lado esquerdo uma estreita bancada de mármore em tom cinza mesclado em detalhes pretos e brancos, faziam a divisória para a pequena cozinha americana. Essas pequenas minúcias faziam Gerard lembrar de Billie e um pequeno ar de sorriso vinha ao seu rosto. Contudo o recinto de Frank era bem maior, muito mais organizado, limpo e mil vezes mais confortável que as estranhas casas de Division.

Frank aproximou-se um pouco o observando distraído com tudo em volta, e de algum modo Gerard parecia um cordeirinho abnóxio em sua visão, o que o fazia se sentir muito mais culpado sobre tudo o que aconteceu. Apesar de seu orgulho suplicar para ele não se redimir, havia uma pressão obrigatória em sua consciência que o impulsionava aquilo:

— Sobre isso eu... — Ele pronunciava, e os olhos de Gerard se voltavam na mesma hora em sua direção. Dizer aquilo não era uma coisa fácil para um Iero turrão. Portanto Frank pendia os olhos um tanto desconcertado ao fazer aquela coisa incomum. — Me desculpe por ter feito aquilo. — Pronunciou com sinceridade, tomando coragem para fitá-lo.

TLIAC (Fanfic)Where stories live. Discover now