Capítulo 3- BELA, MAS CRUEL

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   Melissa espreguiçou-se deliciosamente, apesar de seus olhos ainda estarem ofuscados devido à claridade intensa que entrava pela janela de sua magnífica suíte decorada no estilo Provençal. Ela já havia acordado há um certo tempo e trocado de roupa, mas ao invés de ligar para a recepção pedindo um bom café da manhã, preferiu ficar alguns minutos ali, com a cabeça encostada na janela, admirando a rua Central Park West. Por incrível que pareça, ela havia sentido falta da agitação constante de Manhattan, ao contrário de sua mãe, que em nenhum momento no Brasil mencionou ter saudades de tudo aquilo.

   Mel ainda estava cansada devido à viagem, afinal havia viajado durante 11 horas e seu avião ainda feito duas escalas, uma em Miami e a outra em Charlotte. Mas só de observar o movimento intenso de carros e táxis amarelos que seguiam pelas quatro vias da rua, ela sentiu-se misteriosamente disposta naquela manhã. Então antes mesmo de tomar o café, decidiu desfazer as malas e arrumar suas roupas no closet da suíte. Não sabia quanto tempo ficariam no hotel até o apartamento da Quinta Avenida ficar pronto, mas a julgar pelo perfeccionismo de seu pai, poderia levar meses.                                              

   Dirigindo-se para a mesa, onde uma de suas malas repousava aberta em cima, os olhos de Mel encontraram seu boné de estimação dos Yankees, sobre uma poltrona de cor bege que decorava o ambiente acompanhando os tons pastéis da suíte.                       

    Apesar de estar velho e um tanto desgastado, aquele boné lhe trazia boas lembranças de quando era criança. Pois o tinha ganhado de seu melhor amigo Aaron, durante a inesquecível vitória em casa do time do New York Yankees sobre seu arquirrival, o Boston Red Sox. Em termos de Brasil, esse jogo seria praticamente o equivalente a Vasco e Flamengo disputando uma final no Maracanã. Ah, o Brasil... Que saudade ela já estava sentindo daquela terra. Dos amigos, da ONG, dos animais, do feijão...

   Cortando os pensamentos de Mel, alguém a surpreendeu batendo com força na porta. Imaginando que seria Sophie, já que elas estavam hospedadas em uma suíte duplex do hotel e a irmã dormia bem no quarto ao lado, Melissa espantou-se quando ouviu a voz de seu pai soar do outro lado da porta.                                                                                                                                                 

   -Bom dia, Missy. Espero que não a tenha acordado. -disse ele, entrando sorridente no quarto. Rebeca Pitty o seguia logo atrás segurando duas misteriosas sacolas de compras em cada mão.                                                                                                                        

   -Não se preocupe, pai. Eu levantei há algum tempo. Só não tomei café ainda. -respondeu ela, enquanto recebia de Albert um carinhoso beijo na testa.                                                                                                                

   -Bom, é só pedir pelo telefone e eles lhe enviarão o melhor café da manhã de Manhattan. Agora, se quiser fazer a refeição no Chateau D'ore, terá a companhia de sua irmã e as amigas dela que dormiram aqui ontem a noite. Seria um ótimo momento para você se re-enturmar, não?                                                      

   Apesar de achar que seu pai estava querendo empurrá-la para uma socialização relâmpago com as amigas de Sophie, Mel decidiu aceitar a sugestão e tomar o café da manhã no Chateau D'ore. Achava que talvez a irmã pudesse estar mais receptiva hoje do que na noite anterior. E, de repente, a lembrança da explosão do apartamento de Linda voltou a sua mente.

Uma Garota em Nova York (Livro Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora