CAPÍTULO 5 - O PEDIDO DE AARON

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 -Não fique assim, querida, isso poderia ter acontecido com qualquer um. – disse Albert carinhoso, enquanto colocava duas gotas de adoçante em seu café.

   Sentada diante dele, exibindo uma expressão triste, Melissa remexia com o garfo o último pedaço de waffles que havia sobrado em seu prato. Estava tão envergonhada pela noite anterior que nem mesmo tinha coragem de olhar para Albert.

   -Ah, pai, confessa que foi um vexame aqueles para médicos entrando no Masa. – ressaltou Sophie, depois de limpar os lábios com o guardanapo de tecido. – E ela nem teve nada demais, foi só um ataque de alergia resolvido com uma simples injeção!

   -Sophie, você sabe que sua irmã é alérgica a camarão e siri. Deus sabe o que teria acontecido se a ambulância não tivesse chegado a tempo. Portanto se não tiver nada agradável a dizer fique quieta. – censurou Albert, ríspido.

   Como Vicky a esperava em seu apartamento para organizar os últimos detalhes de sal festa de aniversário, e ela não suportava mais aquele clima de “pobre Mel” que havia impregnado todo o café da manhã, Sophie despediu-se dos dois e saiu irritada do Chateau D’ore pisando firme com seus saltinhos Jimmy Choo.

   -Acho que ela não gostou muito do que você disse, pai. – sussurrou Melissa encarando-o finalmente.

   -Ah, não se preocupe. Em se tratando de Sophie não há nada que um bom cartão de crédito Platinum sem limites não resolva. O quê importa mesmo é que você esteja bem e feliz. E você está? – perguntou ele.

   Mel pensou um pouco antes de responder. Desde que havia chegado a Manhattan tudo estava dando errado para ela, e isso incluía o triste fato de estar gostando do mesmo garoto que tinha uma queda por sua irmã. É verdade que a presença do pai e a volta a sua antiga “casa” a deixavam feliz, mas uma parte do seu coração ainda parecia triste.

   -Eu gosto de estar aqui, pai, só que está um pouco difícil de eu me acostumar. O ritmo de Manhattan é diferente do ritmo que eu estou acostumada. Além disso, tudo parece tão diferente sem a mamãe. Ainda sinto falta dela sabe...

   -Acredite, minha filha, eu também. Juro pra você que se eu tivesse sabido da doença de Helena teria largado tudo, como ela queria, e jamais teríamos nos separado. Me sinto culpado até hoje por não ter percebido o porque daquela rejeição a riqueza e ao luxo. Ela só queria viver o tempo que lhe restava fazendo a diferença no mundo e eu agi como um mero materialista.

   -Não se culpe tanto, pai, a mamãe não contou a ninguém que já estava muito doente. Você não tinha como saber. E eu confesso que a ideia repentina dela de mudar pro Brasil foi um pouco assustadora pra mim também, mesmo com a tia Verônica morando lá há alguns anos. Eu de certa forma entendo porque a Sophie quis ficar com você e não com a mamãe, como eu acabei fazendo. – disse Mel, afagando carinhosamente a mão do pai.

   Com os olhos lacrimosos, Albert beijou as mãos dela e pôs-se a observá-la em silêncio. Era incrível como Melissa lembrava sua ex-esposa Helena quando ainda era jovem. Possuía a mesma cor dos olhos, os mesmo cabelos ondulados, o mesmo sorriso vivo e contagiante... Olhar para Mel era como ver um retrato antigo que falava e se mexia diante dele.

   -Bem, filha, eu gostaria muito de ficar aqui conversando com você, mas tenho uma vídeo-conferência nesse exato momento com os engenheiros que estão construindo um Meditteranean em Las Vegas. – disse ele, se recompondo e olhando preocupado para o relógio antigo que ficava na parede do restaurante.

   -Pai, alô, hoje é domingo!

   -Eu sei, mas negócios não respeitam férias, nem fins de semana, querida. Aproveite que hoje está um lindo dia de sol e vá passear por Manhattan, está bem? - sugeriu Albert beijando-a na testa e saindo logo em seguida com um pedaço de torrada na mão.

Uma Garota em Nova York (Livro Completo)Where stories live. Discover now