CAPÍTULO 15-CONFISSÕES

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Não havia ninguém no ambiente da piscina, com exceção de Mel que se encontrava deitada pensativa na espreguiçadeira. A discussão com Sophie e o encontro com McVeigh a haviam deixado angustiada, e por mais que tivesse pensado em uma forma de não deixar seu futuro nas mãos do detetive charlatão, nenhuma ideia boa ou ruim tinha passado por sua mente.

   Triste devido a este fato, Mel resolveu tirar o roupão branco do hotel e mergulhar na piscina, tentando esquecer um pouco através daquela água refrescante os problemas enormes que a esperavam fora dela. Nadando de um lado ao outro, praticamente colada ao fundo graças ao incrível fôlego que tinha desde criança, ela deu duas voltas sem levantar-se para respirar até que, ao retornar para a superfície, viu Aaron de pé, a menos de um passo da borda, olhando-a com aqueles seus sedutores olhos cor de esmeralda.

   -Ei! Você não deveria estar no ensaio? – Melissa perguntou vendo a guitarra do amigo largada na espreguiçadeira, onde até minutos antes ela estava deitada.

   -Deveria, mas o Doug não encara a banda como eu e o Marvin. Pra ele é apenas uma forma de ser popular na escola e “ganhar” muitas garotas. Deve ter saído com alguma delas e se esqueceu da gente. Não é a primeira vez que faz isso, já estamos acostumados. – disse Aaron dando de ombros.

   -Hmm...entendi... Bom, já que você não tem mais ensaio, por que não vem dar um mergulho comigo? A água está ótima.

   -Eu até queria, mas estou com muita preguiça de ir a minha suíte trocar de roupa. Prefiro ficar aqui vendo você nadar como uma sereia. Sempre foi tão boa nisso.

   -Não, tudo bem, eu já ia sair mesmo. Meus dedos estão todos enrugados iguais aos de uma velhinha. – mentiu Melissa com um sorrisinho duvidoso no canto dos lábios. – Vêm me ajuda a sair.

   Estendendo a mão para Aaron, a garota ficou a espera de que o amigo se aproximasse um pouco mais da piscina e, quando ele finalmente agachou-se para segurar sua mão, Mel puxou a dele com toda a força. Isso o fez perder o equilíbrio e cair logo depois como um bloco de chumbo, esparramando assim uma grande quantidade de água pelas bordas da piscina.

   Entre borbulhas e leves ondas que se formaram, Aaron voltou à superfície onde Melissa agora emitia uma sonora gargalhada e não aparentava o menor remorso pela brincadeira infantil que fizera.

   -Quatro anos se passaram e eu ainda caio no mesmo truque idiota. Quando será que eu vou aprender? – questionou-se ele sorrindo, apesar de sua roupa encharcada parecer pesar uns dez quilos agora.

   -Certas coisas nunca mudam, Dentinho.

   -É mesmo... ainda bem...

   -Hã? Não entendi a ironia. – resmungou Melissa aproximando-se mais do amigo.

   -Não foi ironia. É que alguns dias antes de você voltar pra NY, eu me lembrei das nossas brincadeiras, da várias broncas que a gente levava e pra falar a verdade, fiquei com medo de que você me tratasse como um estranho. Achei que ia passar por mim na rua e virar o rosto. Sei lá, eu pensava que ia ignorar a nossa amizade de tantos anos. Mas aí você falou comigo na sua festa de boas vindas e parecia a mesma Melissa de sempre. Era como se esses quatro anos tivessem sido apenas mais um daqueles fins de semana que você passava com seus pais na casa de praia em South Hamptons. Nada havia mudado.

   -Quer dizer então que eu ainda sou aquela balofa tampinha que não aguentava apostar corrida com você, é? -perguntou Mel brincando.

   -Não foi isso que eu quis dizer, garota complicada! – exclamou Aaron ficando frente a frente da amiga. – E se quer saber, esses anos todos fizeram você ficar linda.

Uma Garota em Nova York (Livro Completo)Where stories live. Discover now