CAPÍTULO 13- DESVENDANDO O MISTÉRIO

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-Mel, você ainda não percebeu? – perguntou Chloe sorrindo.

   -Perceber o quê? – retrucou Melissa inclinando-se sobre a mesa do restaurante.

   -Aaron está apaixonado por você, é óbvio!

   -Chloe, não viaja! Ele só foi me ver ontem porque eu estava doente. Foi uma atitude de irmão.

   -Amiga, se liga! Ele desmarcou um encontro com a Sophie, será que dá pra entender? Sophie! A pseudo-paixão dele! – ressaltou Chloe depois de beber um gole de sua limonada suíça que o garçom trouxera minutos antes.

   -E por falar na “coração gelado”. –sussurrou Mel, olhando para algo atrás de Chloe.

   Tirando os enormes óculos Dolce & Gabbana que praticamente escondiam suas bochechas rosadas de blush, Sophie entrou no restaurante Marriot irritada com a temperatura escaldante que fazia em Nova York naquelas últimas semanas.

   -E então, qual o motivo dessa reuniãozinha fora do hotel? – perguntou ela sentando-se e demonstrando seu típico ar de descaso.

   Com um olhar enigmático, Melissa ajeitou-se na cadeira e puxando uma série de papéis amassados de sua bolsa, espalhou tudo em cima da mesa sem dizer qualquer palavra, o que de fato acabou com a pouca paciência que Sophie ainda possuía.

   -Ei, você vai falar ou não? – perguntou ela.

   -Vou, mas eu só queria me certificar de que está tudo aqui. Bom, mas vamos ao que interessa. Depois daquela visita que nós fizemos a Louise Richardson, eu pensei bastante e tive uma ideia. Só que ela me pareceu tão absurda que eu tive vergonha de explicar pra vocês. Achei que fossem rir de mim, dizer que eu estava vendo filmes demais ou coisas desse tipo. Mas depois que falei com a secretária de nosso pai e ela conseguiu esses papéis, foi só raciocinar mais um pouco e aí o que parecia sem sentido algum acabou sendo o caminho certo.

   -Missy, menos mistério e mais explicações, por favor! –repreendeu Sophie super curiosa.

   -Ok. Tudo bem. Louise falou em vários nomes falsos do Blos, não foi? Então. Eu pedi a Rebeca que fosse a prefeitura e procurasse o nome de todos os donos de coberturas na Rua Central Park West e como a Pitty conhecia uma amiga que trabalhava lá, ela conseguiu essa lista enorme que vocês estão vendo.

   -Ah, não vai me dizer que você achou os tais Andrew Carlucci ou George Randle que a polícia não conseguiu encontrar?! – interrompeu a irmã mais uma vez.

   -Não! Mas é quase isso...  Lembra da nossa ida a Blos & Sons? Pois então, quando eu estava saindo da sala do Benjamin vi na parede dele uma foto emoldurada daquele Beatle, o Paul McCartney, ao lado de alguém que parecia muito com o William Blos. Depois quando nós falamos com a Louise e ela nos disse que o Blos tinha uma espécie de amigo imaginário tudo foi se encaixando...

   -Ai, desculpa Mel, mas eu não to conseguindo entender aonde você quer chegar não. –disparou Chloe confusa.

   -Gente, esse tal amigo Paul na verdade é um terceiro nome falso do Blos que ele inventou pra fazer as suas falcatruas.

   -Ah não, espere aí! Você só pode ter cheirado o meu gel fixador pro cabelo e agora está doidona... Quer dizer então que um Paul McCartney comprou uma cobertura na Rua Central Park West? – Sophie indagou, cruzando os braços com um ar descrente.

   -Não, eu também achei isso óbvio demais, por isso comecei a fazer vários anagramas e associações entre os nomes dos Beatles e o do Blos. Só que, ainda assim, nenhum desses nomes formados batia com os inúmeros proprietários da lista. Eu já estava desistindo porque eram altas horas da madrugada e me achando uma perfeita idiota, quando lembrei que a música preferida do Blos e do “amigo” dele era “A day in the life”,  justamente a música do Beatles que, segundo diz a lenda, falaria sobre a morte de Paul McCartney e sua substituição por um sósia! Depois disso, foi só associar o nome dos supostos sósias ao do Paul o que gerava algumas possibilidades: Paul Shears, Billy Paul Campbell ou... Paul William Campbell! E voi-lá!

   Atenta ao raciocínio de Mel, Chloe olhou espantada para uma das listas que encontrava-se em cima da mesa e para a qual amiga agora apontava.

   -É verdade, Mel, tem um Paul. W. Campbell aqui na lista de proprietários!- Chloe disse observando o tal papel onde figurava um nome grifado com marca texto fluorescente. - Mas será que é ele mesmo?

   -Só pode ser! Esse tal Campbell comprou a cobertura cinco meses atrás, ou seja, o mesmo período de tempo que Blos se mudou de Chelsea. Sendo que o tal apartamento fica no edifício Dakota, justamente onde morou o “Beatle” John Lennon. E o mais incrível, sabe quem era o antigo proprietário que teve de vendê-lo antes que ele fosse a leilão devido à sonegação de impostos? Linda Stonewell!

   Diante daquela notícia bombástica, Chloe que agora bebia sua limonada suíça quase se engasgou de tanta surpresa. Ao lado dela, Sophie não parecia perplexa, mas seu rosto exibia ao mesmo tempo raiva e indignação.

   -A vaca loira é mesmo muito esperta. Ela disse que o senhor Stonewell havia deixado tudo pra amante, mas na verdade ela ainda tinha uma cobertura milionária na Central Park West. Depois foi só explodir o apartamento no qual ela morava, receber o seguro e se fingir de pobre viúva carente pra casar com o otário do nosso pai e rançar mais dinheiro dele. Nós temos que impedir a Miss Botox o quanto antes!

   -É, maninha, só que pra isso a gente deve convencer a polícia e o nosso pai de que a Linda é uma golpista. E de tudo que nós já fizemos essa, por incrível que pareça, é a parte mais difícil. Porque não temos provas reais da traição. Tirar umas fotos dela junto com Blos seria excelente, mas nós não somos fotógrafas e nem poderíamos ficar o dia inteiro plantadas na frente da cobertura do cara pra conseguir um flagrante. Além disso, a Linda sabe que nós estamos cientes sobre o amante dela e por isso deve estar tendo mil vezes mais cuidado pra se encontrar com ele.

   -E que tal armar pro senhor Fenner ir ao apartamento do Blos na hora em que a Linda estiver lá? – sugeriu Chloe.

   -Não vai funcionar. –Sophie afirmou suspirando. –Ele é um workaholic. Está sempre falando com os engenheiros do Meditteranean que está sendo construído em Las Vegas, com os gerentes dos outros hotéis pelo mundo ou investindo em outros tipos de negócio. Nunca iria lá. E a polícia nem adianta tentar, vão dizer que nós somos um bando de adolescentes com imaginação fértil.

   -Então o que a gente faz? – quis saber Mel.

   -Hum... Acho que eu estou tendo uma idéia...

   -Sophie tendo uma idéia?! É o fim dos tempos. – brincou a irmã.

   -Pois é, Missy, você não é a única esperta na família. E só pra dar o troco eu não vou dizer o que eu pensei. Depois vocês vão saber, confiem em mim.

   Depois de soltar esse discurso enigmático, Sophie colocou novamente seus grandes óculos no rosto e, com sua bolsinha Prada a tira-colo, saiu do restaurante apressada sem nem mesmo se despedir.

   Receosas, Chloe e Mel se entreolharam tentando imaginar o que poderia estar passando na cabeça da garota, mas acabaram desistindo porque, se havia alguém com um pensamento louco e imprevisível, essa pessoa com certeza se chamava Sophie Fenner.

Uma Garota em Nova York (Livro Completo)Where stories live. Discover now