-Para quem conseguiu uma vaga no disputadíssimo curso de música do Conservatório Schubert, você não me parece muito animado. – comentou Linda com um certo timbre de ironia na voz.
De braços cruzados e encostado no espelho que decorava o elevador do Meditteranean, Aaron lançou um olhar do tipo “Me deixe em paz” para a mãe, logo depois voltando a fitar mau humorado a luzinha amarela que sinalizava o andar onde o elevador se encontrava.
-É uma pena que seu vôo parta no mesmo horário do casamento. Será um evento que Manhattan se lembrará durante meses.
-Animado ou não, o que importa mãe é que eu vou ficar livre do meu irmãozinho revoltado por cento e dois dias, e isso é mil vezes melhor do que qualquer casamento super badalado. –disse Oliver, sorrindo satisfeito e jogando pra trás alguns fios dourados de seu cabelo.
-Três meses não são cento e dois dias, seu idiota. E pra sua informação ficar bem longe de você, do outro lado do país é tudo que eu mais desejei na vida.
-Ok! Ok! Agora chega! – interviu Linda. – Daqui a alguns segundos a porta deste elevador vai se abrir e o Albert estará nos esperando. Eu quero sorrisos brancos e largos para o futuro padrasto de vocês, entenderam? Nada mais de brigas.
Quando o elevador chegou ao térreo afinal, Oliver foi o primeiro a lançar o sorriso bajulador que a mãe lhes suplicara. Completando a cena, Linda aproximou-se de Albert e lhe beijou o rosto de forma carinhosa, enquanto Aaron, ainda deprimido, continuou com o ar sério e triste que não fazia a menor força para esconder.
-Então, querido, vamos?- Linda perguntou enquanto enlaçava seu braço no de Albert.
-Desculpe.Mel e Sophie ainda não desceram e antes do ensaio para o casamento eu pensei em matricular Melissa na Sinclair Academy de uma vez. Você se importa, Linda?
-Ah, mas é claro que não, amorzinho. Enquanto vocês resolvem as questões escolares Oliver, Sophie, Aaron e eu podemos ficar em um bom restaurante para passar o tempo, não é, queridos?
-Na verdade... eu acho que vou com o senhor Fenner à escola. Preciso conversar com o tio Harold sobre o curso na Califórnia e ver como eu farei para não perder o ano. – disse Aaron sem perceber que Mel e Sophie haviam acabado de chegar ao luxuoso hall.
Diante da expressão de Melissa era óbvio que ela tinha ouvido tudo sobre o curso e a decisão dele de partir. Um certo tom sombrio logo tomou os olhos azuis e o coração da garota por causa disso. Aaron até fitou Mel por alguns instantes, meio sem graça, mas logo desviou o olhar para o chão reluzente do Meditteranean; não queria encará-la e muito menos ver tristeza ou decepção naqueles olhos.
Com um pedido de desculpas “preso à garganta”, ele foi andando sozinho até onde a limusine encontrava-se estacionada e, sendo o primeiro a entrar, acomodou-se na janela estrategicamente para distrair-se com o movimento da rua e assim não olhar para Mel.
* * * * *
Depois de deixar Linda e os outros no Le Bernardin, a Limusine de Albert parou em frente ao portão de ferro da cara e tradicional Eugenne Sinclair Academy.
Melissa tinha até boas recordações do lugar, mas agora elas a causavam uma certa dor porque todas eram ou pelo menos tinham alguma coisa haver com Aaron.
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Uma Garota em Nova York (Livro Completo)
Teen FictionMelissa Fenner é uma típica garota de quatorze anos que, após a morte da mãe, é obrigada a morar novamente em Nova York com o pai. Sem saber o que a espera, Mel chega a Manhattan e se depara com uma vida bem diferente que costumava a levar e, tudo i...