Capítulo 04

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ANOS DEPOIS

Minha mãe e meu pai estavam de partida.

Soube que iriam ao casamento de minha prima Rapunzel, mas decidiram não me levar, nem a Anna.

Ela poderia suspeitar de algo, ou achar estranho ser a única a ir, então ambas ficamos.

De longe, cumprimentei meus pais. Queria poder abraçá-los, como Anna fazia, mas o medo de feri-los, como fiz com Anna na infância, me impedia.

Com a chuva forte lá fora, optei por ler, já que era noite.

Ainda acredito no Papai Noel, no Sandman, na Fada do Dente, no Coelho da Páscoa e em Jack Frost, apesar de não ser mais uma criança. Provavelmente, Anna não compartilha mais dessas crenças, agora que somos adolescentes.

De repente, uma nevada invadiu meu quarto, e um floco de neve pousou em meu nariz, trazendo uma alegria incomparável. Sem perceber, sussurrei:

- Jack Frost!

Então, ouvi alguém me chamar:

- Elsa?

Virei-me, assustada, e questionei:

- Quem está aí?

Avistei um rapaz de camisa azul e cabelos brancos como os meus.

- Quem é você?

- Me chamo Jack Frost. Você já me conhecia, mas consegue me ver? - Ele parecia surpreso.

- Jack Frost, claro que posso. Mas você não é real, é apenas um conto.

- Contos podem ser tão reais quanto a vida, Elsa.

Ele estava em minha janela, segurando seu cajado.

- Você existe! - Exclamei, maravilhada.

- Sim, existo. E que bom que você continuou acreditando em mim, pelo menos agora.

- Você já esteve aqui antes?

- Claro, mas você não podia me ver.

- Por que nunca consegui antes?

- Você não acreditava em mim. Isso me tornava invisível para você.

Ele então desceu da janela, circulando ao meu redor.

- Como você cresceu, Elsa!

- Como assim, cresci?

- Eu vi sua infância inteira, desde seu nascimento. Vi quando congelou a janela, a parede do quarto lendo contos, e quando leu sobre mim pela primeira vez.

- Então você sabe tudo sobre mim.

- Sim, quase tudo.

O abracei fortemente, e ele retribuiu.

- Elsa? - Ele parecia pensativo.

- Sim, Jack.

- Você está me apertando demais.

- Oh, desculpe. - Sorrimos juntos.

- Por que você não foi ao casamento de Rapunzel com seus pais?

- Prefiro não falar sobre isso.

- Entendo, Elsa.

- Jack, seus olhos são lindos!

- Os seus também, Elsa.

- Jack, o Coelho da Páscoa é real?

- Claro, mas é mais um Coelhão.

- Então, a Fada, o Noel e o Sand...

- Existem.

- Você tirou as palavras da minha...

- Boca.

- Jack, por que veio aqui?

- Sabia que ficaria triste sozinha. Queria fazer companhia.

Segurei a mão de Jack, agradecida.

- Obrigada, Jack. Há tempos não conversava assim com alguém.

Ele sentou ao meu lado.

- Você é uma guardiã, Elsa, porque acredita em nós.

- Elsa, tire essas luvas.

- Não posso, Jack. Não controlo meus poderes.

- Mas deveria tentar.

- Jack... - hesitei.

- Preciso ir, Elsa. Noel e os outros estão preocupados.

- Você voltará?

- Sim, Elsa. Não a deixarei sozinha.

Nos abraçamos novamente, e Jack partiu.

Enquanto Anna dormia, lá estava eu, feliz na madrugada, na companhia de um ser mitológico.

NARRADORA

Jack acenou em despedida, com um sorriso radiante. Elsa sorriu de volta, sentindo algo novo, um turbilhão de emoções.

Ela adormeceu feliz, mas despertou com a trágica notícia da tempestade que atingiu seus pais a caminho do casamento de Rapunzel.

Sentimentos CongeladosWhere stories live. Discover now