Capítulo 05

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Na manhã seguinte, despertei envolvida em uma felicidade efêmera, pois a noite anterior havia sido a mais especial da minha vida. Porém, como se prenuncia em minha vida, essa alegria foi breve... Um dos empregados veio até mim com a notícia devastadora de que meus pais haviam falecido durante a viagem. O barco em que viajavam naufragou, levando-os consigo.

Em desespero, tranquei-me no quarto e deixei as lágrimas fluírem livremente. Removi minhas luvas, que impediam de enxugar as lágrimas, atirando-as ao chão. Consumida pela dor, caí de joelhos e, sem perceber, meu luto congelou o quarto inteiro.

Era paradoxal: as pessoas mais importantes para mim se foram naquela que tinha sido a noite mais feliz da minha existência.

Ao me dar conta de que tudo ao meu redor estava congelado, recoloquei as luvas e me sentei à porta do quarto, mergulhada em lágrimas.

Veio então o dia do funeral de meus pais, mas me recusei a ir, temendo que meus poderes fossem descobertos ou que um acidente ocorresse. O medo de que a intensidade do meu luto congelasse tudo e todos me fez permanecer trancada nos meus aposentos, congelando as últimas memórias que tinha deles.

Anna foi ao funeral, e ao retornar, encontrou-me ainda imersa em meu pranto. O quarto, gelado pela minha dor, foi preenchido pela voz de Anna, que começou a cantar suavemente:

— "Elsa? Por favor, me escuta, todos perguntam sem parar. E me encorajam a te dizer, mas espero por você, me deixa entrar. Só temos uma a outra, o que vamos fazer? Temos que decidir. Você quer brincar na neve?"

Ao ouvi-la chorar, minhas próprias lágrimas se intensificaram, numa tristeza compartilhada que, por um momento, nos uniu mesmo através da porta fechada.

Sentimentos CongeladosWhere stories live. Discover now