Capítulo 37

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Todos chegaram ao Buraco de Breu, situado no continente. A noite ainda cobria tudo com seu manto, trazendo consigo um frio cortante, anunciado por uma nevasca que, por enquanto, se mostrava suave.

Soluço, Merida, Rapunzel, Noel, Fada, Coelhão, Sand, Jack e o Banguela estavam todos reunidos. Diante deles, avistaram uma estrutura de cama com um buraco logo abaixo. Jack, tomando a iniciativa, declarou com determinação:

— Eu entrarei primeiro. Vou atrás de Elsa. Quero que vocês fiquem aqui e, se algo me acontecer, partam. Mas salvem a Elsa.

— Jack, eu irei com você — falou Rapunzel, com um tom de preocupação.

— Prefiro que fique aqui. Trarei Elsa em segurança — respondeu Jack, tentando ser reconfortante.

— Jack, por favor, tenha cuidado — implorou Rapunzel, abraçando-o fortemente, transmitindo-lhe força e coragem.

Jack adentrou o buraco, e o que viu primeiro foi o Globo de Breu.

— Jack Frost, o que faz aqui? — questionou Breu, emergindo das sombras.

— Vim buscar Elsa. Onde ela está? O que você fez com ela?

— Calma, Senhor Iludor. Ela está sob meu comando. Fará tudo o que eu ordenar! — gargalhou Breu.

— Onde ela está? — exigiu Jack, disparando gelo em direção a Breu. — Não ouse fazer nada com Elsa...

— Silêncio, insolente! Elsa já não mais te ama. Você é apenas uma flor murcha que ela esqueceu — zombou Breu.

×××

Enquanto isso, fora do Buraco de Breu.

— Meus amigos, o que fazem aqui no continente? — indagou Elsa, sentada numa pedra logo atrás de seus amigos. Ela brincava, lançando uma pedrinha para o alto e rindo, mas seu riso não parecia genuíno.

— Elsa? O que te aconteceu? O que houve? Arendelle está desprovida de sua Rainha. Você precisa retornar conosco — insistiu Rapunzel, aproximando-se de Elsa.

Elsa, então, disparou gelo na direção de Rapunzel. O gelo formou correntes que prenderam os braços de Rapunzel ao seu corpo, como uma camisa de força. Um novo disparo, e os pés de Rapunzel foram presos ao chão, fazendo-a cair.

Elsa levantou-se da pedra e caminhou até onde Rapunzel jazia caída.

— Elsa, isso não é próprio de você. Me ajude...

— Cale-se, garota idiota! — repreendeu Elsa, colocando um pano ao redor da boca de Rapunzel, silenciando-a.

Os Guardiões observaram, horrorizados. Soluço abraçou Merida, que tremia de medo.

****

Breu, enquanto isso, enchia a cabeça de Jack com mentiras, alegando que Elsa não o amava.

— Elsa não te ama, Jack. Vá embora daqui com os Guardiões. Eu me vingarei, mesmo que para isso tenha de matar Elsa.

— Se você matar Elsa, eu te farei pagar — ameaçou Jack, disparando gelo contra Breu, que habilmente desviava, deixando Jack incapaz de atingi-lo.

— Por que persistir nessa briga, Jack? Sabemos que somos eternos. Vamos fazer um acordo, que tal?

****

Elsa havia mudado; não apenas em sua aparência, mas em seu humor também.

— Elsa? — disse Fada, visivelmente assustada.

— O que agora? A Fadinha do Dente perdeu a fé? — provocou Elsa, virando-se para Fada com desdém.

— Como pode perguntar o que houve? Rapunzel vai desmaiar se continuar assim. Solte-a; ela é sua prima...

— Não me importo se ela é minha prima. Mesmo que fosse, continuaria sendo uma garota idiota e insolente.

— Elsa, não sabes o que dizes! O que aconteceu, onde estás? Onde está a Blue? — interpelou Noel, tentando se aproximar.

— Afaste-se de mim, velhote. Você não vale nada, apenas um velho que passeia de trenó pelo continente. É vergonhoso não fazer nada da vida, sabia? Aqui no continente, você já teria morrido.

— Escute aqui, Elsa, eu te admiro, mas essa não é você. E sob nenhuma circunstância vou permitir que me insulte assim! — exclamou Noel, empunhando suas facas e avançando em direção a Elsa.

Com um simples gesto, Elsa desarmou Noel. Quando ele se abaixou para recolher as facas, Elsa rapidamente criou uma prisão de gelo, prendendo Noel ao chão.

Onde estava a verdadeira Elsa?

***

— Jack, que tal irmos lá fora conversar um pouco com Elsa? — sugeriu Breu, com um sorriso malicioso.

— Elsa? Onde ela está? Eu não quero conversar com você — retrucou Jack, desconfiado.

— Então eu não direi que Elsa se tornou um monstro e, neste exato momento, está combatendo os Guardiões por mim — provocou Breu, soltando uma risada assustadora.

— Não acredito em você, Breu. Isso é mentira. Elsa jamais faria isso! — defendeu Jack, firme em sua crença.

— Por que acha que nenhum deles veio até aqui? Elsa cuidará deles por mim. Quero dizer, não é bem a Elsa.

— Ela é uma mulher íntegra, Breu. Passou por tantas coisas na vida. Teve poucos amigos, mas sei que Elsa é boa. Ela não machucaria os Guardiões, muito menos os amigos. E sei que Elsa me ama tanto quanto eu a amo — afirmou Jack, com convicção.

— Ela não te ama, Jack. Venha, vou te mostrar — insistiu Breu, conduzindo Jack a um lugar onde Elsa descarregava sua raiva. Nas paredes pretas, havia palavras feitas de gelo. Ao sair da frente de Jack, revelou-se a frase "Eu odeio Jack Frost".

Jack ficou paralisado ao ver aquilo. Suas forças pareciam se esvair, confrontado com a ideia de que a pessoa que mais amava o detestava.

Nota-se que Breu havia forçado Elsa a fazer isso. Ele antecipara que, cedo ou tarde, Jack apareceria por lá. O gelo era mágico, capaz de durar mais de mil anos, e Breu sabia disso. Elsa escrevera a frase sem escolha, dominada pela manipulação de Breu, mesmo amando Jack.

Sentimentos CongeladosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora