CAPÍTULO 02 - O PARADOXO DO AVÔ

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Quando eles chegaram fomos interrogados, sempre estavam desconfiados de nós.

—Boa tarde, estávamos passando por aqui quando ocorreram os terremotos, recebemos uma ligação importante e viemos certificar de que estão bem e avisar que serão solicitados a se encontrar com o presidente.

Dois policiais bateram à nossa porta, o mais jovem de pele escura chamava atenção com sua postura imponente e uniforme impecável, enquanto minha irmã, visivelmente envergonhada, não conseguia disfarçar o sorriso encantado no rosto. Já o outro, com cabelos grisalhos e pele enrugada, aparentava ter vivido muitas histórias ao longo dos anos, emanando sabedoria e experiência em suas feições.

—Sim, já esperávamos por isto. Há dias os tremores estão nos deixando atordoados— Disse minha tia Sophia, com toda certeza ela não deixaria aquela casa, agora que a máquina estava funcionando nada era mais importante.

—Outra equipe de físicos e cientistas alertou o governo sobre a iminência de novos tremores sísmicos por todo o território nacional, evidenciando a possibilidade de um colapso generalizado. Uma reunião de emergência foi convocada para discutir a possibilidade de decretar estado de calamidade pública. Os especialistas advertem que o litoral é particularmente vulnerável e pode ser arrasado por tsunamis, enquanto as regiões costeiras e interiores correm risco de sofrer com a chegada de furacões devastadores. Caso a situação se agrave, a evacuação em massa e o abandono do país podem ser a única alternativa possível.

—O que? Não podem confiar em qualquer coisa que dizem por aí! Não podemos sair! E nossos trabalhos? A escola das crianças? O presidente nunca concordaria com isto, ele tem poder e ninguém no lugar dele jogaria isto fora. —Minha tia estava inteiramente apavorada.

—Nosso presidente é fiel com o bem-estar da população, não são ordens nossas, só estamos passando o recado, a propósito também precisaremos de Íris, ela se encontra?

—Não, não, ela. —Minha tia gaguejou nervosa.

—Ela saiu, foi buscar Alice no centro de recuperação.

—Meu pai falou diretamente.

—Por que precisam dela? Já tem um grupo excelente que prevê o futuro e possíveis escalas altas de terremotos. —Sophia declarou irônica e com raiva.

—Não se trata meramente dos tremores. Há incidentes estranhos acontecendo por toda parte. O número de pessoas desaparecidas triplicou em uma semana, incluindo casos de aviões e navios em alto mar que sumiram misteriosamente sem deixar rastros. Não há nenhuma explicação plausível para esses eventos desconcertantes que desafiam qualquer lógica científica conhecida.

—São apenas desaparecimentos! Isto é comum nesta região.

—Mais de 300 Pessoas em um único navio sumiram sem deixar rastros, isto é normal para você?

—Quando começou isto? —Perguntei curiosa.

—Há um mês. —O policial mais novo informou, ficamos todos paralisados, pois sabíamos que podíamos ser os culpados por isto.

—Sabem de alguma coisa que pode ajudar? — Perguntou o policial mais velho entregando um papel nas mãos de papai, ele sabia que estávamos escondendo algo.

—Não, assim que minha mãe voltar nós avisaremos. —Respondeu meu pai.

—Bem vejo que está tudo em ordem aqui, vamos Thomas? —O policial velho chamou seu parceiro para ir embora. Minha tia fechou a porta ainda paralisada e frustrada com a notícia misteriosa.

—Talvez tenha sido apenas um acidente! —Meu pai, com seu tom de voz suave, tentou tranquilizar minha tia, que parecia exausta e nervosa. Ela deixou-se afundar na poltrona marrom envelhecida, passando as mãos em seus cabelos loiros em busca de um alívio momentâneo.

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