CAPÍTULO 07 - O VIAJANTE DO ANO 2099

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Após a discussão acalorada entre mim e tia Sophia, papai finalmente se pronunciou, tentando acalmar nossos nervos.

—Estamos contaminados há 20 horas, até o momento estamos nos alimentandos de animais para ganhar tempo. Em poucas horas perderemos a consciência. Ficaremos presos, Alana e Alice terão que sair do país com Nick e os policiais. —Explicou papai.

—A máquina, podemos impedir o paciente 1. —Eu e tia Sophia trocamos um olhar incrédulo. A ideia de viajar no tempo parecia absurda demais para ser verdade. Mas, ao mesmo tempo, a gravidade da situação nos fazia considerar todas as opções.

—Não sabemos como ligá-la.

—Por favor, me deixem tentar. Eu prometo que vou com vocês! Por favor!

—Sophia a deixa ir. —Pediu papai. Abri a porta do laboratório e corri para encontrar os pergaminhos talvez com eles pudéssemos ligar a máquina.

A história se repetia, os cavalos, o estalo, a energia e os segredos da minha família.

Ao digitar a senha no computador, as portas se abriram silenciosamente revelando a máquina quântica majestosa à minha frente. Construída dentro de um túnel aparentemente sem fim, eu me perguntei o que se escondia além daquela escuridão. Era um segredo transmitido apenas pelos anciãos da família, vovó havia prometido que um dia nos aventuraríamos até o fim da linha para explorar, mas agora ela se foi. À esquerda da máquina, vários monitores de computador eram usados para controlar sua energia, enquanto à direita, inúmeras prateleiras de livros de física estavam preenchidas com obras sobre viagens no tempo, buracos de minhoca e multiverso. Embora todos parecessem fascinantes, eu estava focada em encontrar um livro específico. Vasculhei todas as estantes, mas infelizmente minhas buscas foram em vão.

A inquietação tomou conta de mim enquanto vasculhava os arquivos dos computadores sem encontrar nada relevante. O que vovó teria feito com um segredo tão importante? Meus olhos se fixaram nas estantes repletas de livros de física, ficção científica e outras obras relacionadas. Embora fascinantes, nenhum deles parecia ter a resposta que eu procurava. Então, lembrei-me do túnel que se estendia ao lado da máquina quântica. Vovó sempre me alertou para nunca entrar lá, mas agora eu estava decidida a encontrar a resposta. A adrenalina tomou conta de mim quando abri as portas de vidro e comecei a caminhar pelo túnel infinito. Sabia que essa era minha única chance de explorar as profundezas da máquina do tempo.

Saindo das luzes da máquina, adentrei o túnel escuro e sem fim. Logo percebi que precisaria de uma lanterna para enxergar melhor, mas não havia pensado nisso antes de sair da Máquina. Meu cérebro estava tão atordoado que até meus pensamentos estavam desconexos. Por sorte, avistei uma mesa próxima com um computador e uma gaveta trancada. Sem hesitar, usei minha força sobrenatural e quebrei a trava da gaveta. Encontrei uma lanterna e, para minha surpresa, o diário de vovó. Na capa, estava escrito "Notas de Íris". Pude sentir uma onda de emoção tomar conta de mim enquanto segurava o objeto que poderia ter as respostas que tanto procurava.

Enquanto estava absorta na leitura das notas de Íris, ouvi vozes ao fundo que aos poucos foi se tornando mais nítidas e distintas. Eram os policiais, incluindo Nicolas, que haviam chegado para nos informar sobre a evacuação iminente. Como medida de precaução, todos eles estavam usando máscaras para se proteger contra o vírus que havia se espalhado pela cidade.

Enquanto papai conversava com Nick sobre a necessidade de retirar Alana e Alice do país, tia Sophia ficou sozinha na cozinha, mergulhada em seus próprios pensamentos e preocupações com a filha que estava internada em nossa casa. Alice era uma menina doce, gentil e muito forte, mesmo tendo perdido os movimentos do corpo em um acidente de carro anos atrás. Desde então, Sophia se dedicou ainda mais a fazer a máquina funcionar, pois todos tínhamos nossos motivos para querer voltar no tempo e mudar o passado. Depois de um longo período de reflexão, Sophia decidiu visitar sua filha, que ficava ao lado do quarto de Alana. Ao entrar, ela precisou reunir toda a sua força para ver sua filha deitada na cama, tão frágil e vulnerável. Alice tinha apenas 13 anos, cabelos castanhos e compridos. A mãe se aproximou e suavemente a acordou do sono profundo.

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