CAPÍTULO 19 - O FOGO

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Fomos conduzidos a um ambiente amplo, com paredes revestidas em um material branco e reluzente, o chão polido refletia nossa imagem como um espelho. Ao centro, uma fileira de dez salas de vidro, cinco de cada lado, formava um corredor. Olhei ao redor e percebi que diversas câmeras estavam posicionadas estrategicamente na parte superior das portas, monitorando cada movimento dos presentes. Em cada uma das salas, notei a presença de uma maca e correntes, o que despertou um arrepio na minha espinha. Enquanto caminhávamos em direção ao final do corredor, examinava atentamente cada detalhe, tentando compreender o que estava por vir.

—Muito bem! Escutem todos! —Gritou Vitor, sua postura era imponente, apesar de sua altura não ser tão elevada. Aparentemente, ele tinha força física considerável, como os demais líderes que estavam armados o tempo inteiro. No entanto, havia um certo receio entre os liderados, pois ninguém sabia ao certo se as balas poderiam causar algum efeito colateral em nós.

—Este é o teste de resistência a fogo. Vamos prender vocês nestas macas onde há um sensor permitindo que as chamas sejam desligadas caso o coração de vocês pare antes da regeneração. Evidentemente a intensidade e grau das chamas irão aumentar-se de forma gradual quando as células começarem a evolução. —A maioria de nós sentia medo e muitos comentários negativos começaram a surgir de todos os lados, aquilo me intimidava. Parecia uma loucura e esperava ansiosamente para não sobreviver.

—E se não entrarmos? O que acontece? —Perguntou Gustavo.

—Enviaremos para Sara, ela decidirá sobre a vida de vocês. Há algum covarde aqui querendo desistir? —Ameaçou Beatriz e ninguém respondeu.

—Vamos começar! —Victor aproximou-se de mim e me encarou no fundo dos olhos, acreditei que me escolheria, mas estava errada, ele apontou o dedo para Guilherme que estava ao meu lado.

—Não gostei deste seu cabelo. —Victor justificou-se e Vanessa que não soltava as mãos de Guilherme revirou os olhos.

—Ela não! Quero que assista! —Beatriz Interrompeu Theo antes que ele escolhesse Vanessa. Eles continuaram distribuindo os contaminados nas salas.

Meus olhos perscrutavam atentamente os movimentos de cada líder, fixando-se especialmente em Victor, cuja postura exalava uma aura suspeita e intrigante. Seus passos cautelosos ecoavam no chão, enquanto suas mãos habilidosas se moviam com destreza, dissimulando algo precioso no bolso de sua calça verde. Meu olhar se prendeu àquela cena, como um detetive solitário buscando pistas em um emaranhado de segredos. Com uma mistura de curiosidade e inquietação, observei com afinco cada gesto, cada movimento furtivo. Victor se aproximou rapidamente da maca onde Guilherme jazia vulnerável, capturado pelas engrenagens cruéis do jogo. Foi então que presenciei o ato abominável que me fez arregalar os olhos de horror e indignação. Da obscuridade de seu bolso, Victor retirou uma seringa reluzente, um instrumento sinistro carregado de um segredo sombrio. Meu coração acelerou, enquanto testemunhava sua mão trêmula, mas decidida, conduzir a agulha pontiaguda até o corpo indefeso de Guilherme. O silêncio gritava em meus ouvidos, enquanto a injúria se consumava perante meus olhos descrentes.

—Ei! O que está fazendo? —Gritei.

—O que houve? —Perguntou Raika aproximando-se. Os segundos se arrastaram como horas, e Raika, alertada por meu clamor, aproximou-se, seus olhos refletindo a preocupação compartilhada. Nossos olhares se cruzaram, repletos de questionamentos e temores. Em uníssono, nossas vozes se uniram em busca de respostas e defesa daqueles que estavam sendo vítimas da trama ardilosa.

—Ele injetou alguma droga no Guilherme.

—Desculpe! São ordens diretas da rainha! As doses estão disponíveis apenas para alguns privilegiados. Infelizmente, não temos o suficiente para todos! —A voz do responsável pela distribuição das doses ecoou pelo ambiente, carregada de um tom de resignação e obediência cega.

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