CAPÍTULO 04 - UM ZUMBI

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Aqueles policiais pareciam temer algo, mas eu não conseguia entender o que. O que eu havia feito para merecer aquela recepção hostil?

—Não se mexa! —Um deles pediu. Suas máscaras a gás me causavam calafrios.

—Levante as mãos! —Outro pediu sem perder o foco com a arma mirando em mim. Lentamente levantei.

—Ponha as mãos atrás da cabeça e se ajoelha. —Mesmo sem compreender, confusa e com medo obedeci a todos eles.

—Não faça nada. Não queremos atirar. Vamos te algemar. —Disse outro policial, me ajoelhei com as mãos na cabeça e deixei minhas lágrimas cair.

Completamente confusa, permiti que os policiais me algemassem, enquanto outro saía do carro. Fiquei imóvel, encarando o chão em busca de respostas para tudo o que estava acontecendo. Parecia que a realidade havia sido subvertida e eu estava em um mundo paralelo, onde nada fazia sentido. Por um instante, questionei se havia morrido e estava no inferno. O medo e a incerteza eram palpáveis em cada respiração.

—Deixem! Eu cuido dela a partir daqui! —Informou o policial. Levantei meus olhos do chão subindo lentamente, vi o homem fardado e me surpreendi.

—Você! —Disse quando reconheci.

—Olá! Ayla. Feliz por te encontrar! Levante-se. —Completamente atordoada, obedeci às ordens do rapaz moreno de cabelos negros, mantendo meu olhar fixo em seus penetrantes olhos castanhos. Ele era Nicolas, um antigo amigo de infância com quem compartilhei muitas aventuras e momentos especiais. Nós éramos como irmãos, mas, de repente, durante um período de internação no hospital, ele simplesmente desapareceu sem deixar qualquer rastro ou despedida. Agora, anos depois, ele aparece novamente, vestido como um policial da era medieval, em um mundo que parecia ter sido devastado por uma catástrofe global. Mesmo diante de tanta confusão, uma ponta de raiva se misturou com a minha incredulidade. Como ele pôde simplesmente me abandonar assim? Nicolas caminhou até mim com um ar confiante e, sem dizer uma palavra, removeu as algemas que me prendiam.

—Venha! Vou te levar para casa. —Acenei com a cabeça e caminhei em direção ao carro. De alguma forma meu coração queria confiar nele novamente.

—Não se esqueça de que ela pode ser uma! —Alertou outro policial.

—O que? —Perguntei curiosa.

Sem me dar respostas o policiou seguiu para o carro.

—Vamos! —Entrei no veículo empenhando-me em ignorar a curiosidade, sentei-me no banco de trás desviando o olhar do policial, que certamente não tirava os olhos de mim. Poderia ter perguntado a ele o que estava acontecendo e por que me achava uma ameaça, mas me mantive em silêncio, expondo meu impetuoso orgulho em não o perdoar tão precipitadamente. Pensava somente em encontrar minha família. Fiquei o tempo todo em um significativo silêncio, deixando-o irritado.

—Sei que te devo muitas explicações, mas antes deve saber que as coisas mudaram muito por aqui! —Continuei com meus olhos fixos nas ruas abandonadas e sujas.

—Estou confusa. —Informei fugindo do assunto, estava tudo muito diferente.

—É assustador! As pessoas estão com medo. —Respondeu o policial. Enquanto ele dirigia mantive meu foco nas ruas vazias e me perguntei o que de fato estava acontecendo. Enquanto caminhava, percebi que a cidade estava estranhamente silenciosa, e uma sensação de abandono pairava no ar. Apenas algumas pessoas se aventuravam pelas ruas, todas usando máscaras, como se estivessem tentando se proteger de uma ameaça invisível. As casas estavam fechadas com tábuas, como se as pessoas estivessem se escondendo, temerosas do que poderia estar acontecendo. As ruas estavam desertas, sem crianças correndo ou brincando, e alguns carros abandonados indicavam que algo havia acontecido ali. Senti um calafrio percorrer meu corpo, e comecei a suspeitar que uma pandemia havia se espalhado pela cidade, deixando-a em um estado de medo e desespero.

PROLIFERAÇÃODove le storie prendono vita. Scoprilo ora