Capítulo 14 - Dois lados da mesma moeda

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Achei que o meu coração pudesse explodir de felicidade a qualquer momento. Martin estava ali a poucos metros de nós. Palavras nem conseguem começar como eu senti saudade de olhar para ele.

- Martin? - Adam pergunta espantado.

- Sim, em carne e osso - ele diz com um sorriso e quando eu me preparo para correr em sua direção com o restante da força que eu tenho, Adam me impede, segurando meu braço.

- Me solta Dam, ali é o Martin, eu tenho que ir...

- Megan. Quem nos garante que é ele mesmo? Megan, você viu o que aconteceu com o corpo dele, como explica ele estar aqui conosco?

- Mágica Adam, é a explicação de tudo aqui.

- Vimos mágica para muita coisa Megan, mas alguma que enganasse a morte não vimos, e eu sempre escutei que magia pode fazer tudo, menos fazer alguém voltar a vida.

- Adam eu...

- Eu sei Megan, eu também queria muito para que isso fosse verdade, mas pense um pouco. Olhe para o que está aqui na nossa frente.

- Tenho que concordar com o Adam nessa Megan - Oliver fala preocupado olhando para a face do amigo.

- Então, o que um guardião tem que fazer por aqui para ganhar um abraço? - ele fala sorrindo.

De repente parecia que não havia ar suficiente nos rodeando. Meus pulmões teimavam em não puxar o ar e tive que controlar o meu coração descompassado. Mas fiz como o Adam e o rei Huru falaram, tentei manter a calma.

Olhei para uma das pessoas que guardava toda a minha saudade...

Olhei para ele e só consegui me ver sentada na grama molhada ao lado do seu corpo sem vida. Isso não pode ser verdade. Mas desde quando era verdade um lugar onde o tempo se arrasta? Desde quando pedras antigas podem invocar os primeiros dominadores? Se tudo era possível por que uma coisa boa não poderia surgir da magia? Porque o meu guardião não poderia voltar a vida por conta de magia?

Sei o quanto você quer Meg, mas não sou eu - a voz que eu rezei para não escutar ecoou na minha mente. Martin ainda estava ali dentro, não estava na minha frente, mas sim dentro da minha cabeça. Minha mão se fecha em punho.

Só assim consegui ver que tinha alguma coisa errada. Não era o Martin. A voz poderia ser idêntica. O jeito de andar, até mesmo o jeito que ele estava em pé a poucos passos de nós. O sorriso fácil e até mesmo o seu cheiro era o mesmo.

Mas não era o Martin.

De olhos vermelhos, não eram os olhos amorosos do meu esquilinho. Aquilo era uma cópia dele, e aquilo me doeu. E até já sabia quem era responsável por aquilo. Sabia quem usaria essa forma só para mexer com as minhas emoções.

- Pode mostrar a sua verdadeira face. Sei que essa não é a sua - falo baixo, mas com força.

- Pensei que pudesse te enganar por pelo menos uns dois minutos Megan, mas seu namorado estraga toda a brincadeira...

- Nem meio segundo, e não importa quem me disse o contrário, eu já deveria saber que não era possível...

- Você é bem sem graça... - uma nuvem de fumaça sobre o corpo do Martin e logo eu já não olho mais para ele, mas o rosto da minha voz interior. Que era a minha outra versão.

O que era impressionante de ver ali tão perto de mim. Sabe quando você olha para um espelho e tem medo que o espelho não faça exatamente a mesma coisa que você? Agora imagina como eu estou me sentindo.

O Nono DomínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora