Capítulo 25 - Segunda Prova

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Quando abro os olhos me vejo num campo florido e muito bonito. Uma casa de madeira simples está a poucos passos de mim e assim que olho para a porta desgastada de madeira velha, sinto um arrepio correr pela minha espinha.

Isso nunca era um bom sinal.

– Você lembrará de muitas coisas nessa provação Megan. E lembre-se, nem tudo o que você vê é real.

– Lembrar de coisas?

– Sim. Entre na casa e encare tudo o que vier na sua direção de frente. É tudo o que eu posso te dizer.

– Já percebi que você só pode me levar não é Fred? Por que ajudar você não está fazendo muita coisa...

– Desculpe-me Megan, mas esse não é o meu trabalho aqui. Somente você é que pode se ajudar na sua jornada...

– Entendi...

– Mas eu ainda posso te desejar boa sorte.

– Obrigada Fred.

– Entre na casa, e tente não se ater muito olhando para trás...

– Como? – me viro para encará-lo, mas somente para perceber que ele não estava mais lá, que eu já estava sozinha, para enfrentar mais aquela prova.

Vou me aproximando da casa e se pelo lado de fora, ela estava caindo aos pedaços, por dentro a realidade não era muito diferente. O chão estava desgastado e a madeira rangia quando eu pisava nela. Não havia nada dentro daquela casa, somente portas. Devo entrar nessas portas, mas estou com medo do que pode estar atrás delas. Não faço a menor ideia de onde essas portas me levariam.

Oito portas de tamanhos e cores diferentes estavam na minha frente. Três à minha esquerda, quarto à minha frente e somente uma à minha direita.

Não querendo dar lugar para a minha indecisão coloco a mão na maçaneta da primeira porta à minha direita. Ela era a maior dali e estava pintada com um amarelo bem vivo e brilhante. Entro e como o Fred tinha me dito, não olhei para trás.

A porta se abriu para o passado. Abri os olhos e vi os meus pais na minha frente. Eu segurava um sorvete de morango e minhas bochechas doíam do tanto que eu sorria. Eu me lembro desse dia. É a primeira lembrança que eu tenho de sair com os meus pais, fomos tomar sorvete e eles me deixaram segurar a minha casquinha sozinha. Me senti muito feliz por não ter que dividir o meu sorvete com a minha mãe.

Minha mãe me olhava atentamente e o meu pai olhava atento para a minha mãe, eu era muito nova para perceber na época, mas o meu pai escorria amor com seus olhos. Aquilo me encheu de alegria.

– Como está o seu sorvete Meg? – minha mãe pergunta com um olhar doce.

– Muito bom! – digo animada e começo a balançar as minhas pernas.

– Você quer que eu peça para colocar mais cobertura no seu sorvete? – agora é a vez do meu pai falar.

Concordo com a cabeça e meu pai pega a minha casquinha. Claro que eu não tinha ideia do que estava acontecendo na época, mas agora eu percebo que talvez aquele tenha sido o momento que eu percebi a felicidade de ter uma família, que eu percebi o amor incondicional que eu poderia dar e receber.

Nem preciso me esforçar muito para perceber que aquela era a primeira lembrança feliz que eu tive, uma lembrança que é só minha, ninguém precisou me falar sobre ela.

– Muito bem minha filha – minha mãe diz com um sorriso orgulhoso. – Você passou pela porta da Alegria. Pode ir em frente.

– Porta da Alegria?

O Nono DomínioWhere stories live. Discover now