Capítulo 23 - "Eu amo você."

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—Pai. - Corri para os braços do meu pai. — Cadê ela? - Perguntei chorando.

— Sala 54. - Falou baixinho, segurando o choro. Provavelmente querendo ser forte. Fazia duas horas desde o seu telefonema. Eric vendo meu desespero, não só pela morte da minha mãe mas também por estar longe, decidiu me trazer para que eu pudesse me reunir com a minha família em momento de dor e angústia. Entrei na ala médica da minha antiga matilha, e pude ver amigos minhã mãe no corredor chorando. Nada parecia real. Até que eu entrei na sala e a vi. Me aproximei de seu corpo com passos lentos e com a visão turva das lágrimas.

A minha mãe, realmente estava...morta.

—Mãe. - Chorei acariciando seu rosto. Ouvi passos apressados se aproximarem do quarto e virei o rosto para olhar quem era quando a porta abriu.

— Jessie. - Dave disse e me abraçou. — Como está se sentindo? - Olhou nos meus olhos, e só então pude ver o quão vermelho estavam.

—Eu me sinto como se tivesse sendo partida ao meio,me sinto perdida, eu não sei definir... é apenas todas os sentimentos mal misturados. - Sai do seu abraço. —E você como está?

—O mesmo. - Sorriu triste.

—O pai?

— Também, mas está segurando as lágrimas e tentando ser forte. Como sempre.

—Sim... Como sempre.

— Venha aqui. - Me puxou para mais um abraço, onde nós dois choramos baixinho.

█-

    Eu e Eric passamos duas noites na casa dos meus pai, no mesmo dia foi o velório, no outro o enterro. Eu nunca tinha chorado tanto na minha vida. Minha preciosa mãe tinha me deixado. É algo que eu nunca iria me recuperar. Lembrar dos seus abraços e beijos, da sua comida maravilhosa, dos nossos momentos juntos, me fazia sorrir e ao mesmo tempo chorar. Então lembrei de uma das nossas conversas de quando eu era pequena :

" - Mamãe? Você vai me deixar? - Perguntei chorando.

- O quê? Não, quem te disse isso? - Falou preocupada.

- A mãe da minha amiguinha da escola deixou ela. - Funguei.

- Eu não vou deixar você. Você quem vai me deixar, quando for mais velha e encontrar seu companheiro.

- Eu não vou deixar você. - Chorei de novo.

- Sim você vai, querida. E quando isso acontecer não chore. - Sorriu. - Se a mamãe deixar você, ela vai está te vendo de um lugar melhor, ok? Então nunca chore em nenhum dos casos. A mamãe quer te ver sorrir. Dá pra cá um sorriso. - Sorriu e eu sorri junto mostrando minhas janelinhas. - Boa menina. - Beijou minha cabeça e me abraçou."

    Então prometi a mim mesma. Só mais umas semanas deprimida, depois vou seguir o conselho da minha mãe e sorrir.

Eric

     As últimas semanas tem sido difícil, Jessie um momento ri, momento chora, fica irritada, depois alegre e repete tudo de novo. É muito confuso. Uma vez eu a vi comendo e chorando. Quando perguntei porque, ela disse que era porque a comida tava com o mesmo gosto da comida da mãe dela. Ao mesmo tempo que era engraçado, quebrava meu coração vê-la assim. Então para tentar consolar eu a abraçava e beijava.

   Jhon havia me contado o que aconteceu, ele saiu com o filho para assistir um jogo com os amigos e a Dona Celine tinha preferido ficar em casa. Quando eles chegaram seu pescoço estava sangrando de um corte recente. Não conseguiram pegar o responsável mas estão investigando. Até agora só se sabe que foi um homem, um forasteiro.

"Alfa. " Laurent, uma das amigas de Jessie me chamou pela ligação de mente.

" Sim..." Falei incerto. Era raro algum civil da matilha me chamar desse jeito.

" É a Jessie..." Imediatamente fiquei tenso, e larguei os papeis que antes analisava. " Ela desmaiou, agora está no hospital."

" Estou indo." Falei levantando-me da cadeira do escritório e correndo até a ala hospitalar.

     Quando cheguei encontrei Laurent e Johanna aguardando resposta do lado de fora da porta. Sem permissão entrei na sala e encontrei Jessie pálida sentada na maca conversando com a médica.

—Amor. - Fui até ela e a abracei. — Tudo bem? - Perguntei olhando para a médica.

— Sim, como eu estava dizendo a ela é só mais um sintoma da gravidez. - Ela disse sorrindo.

—Gravidez? - Repeti lentamente para convencer a mim mesmo de que estava realmente ouvindo aquilo.

— Sim, senhor. - Confirmou. —Então... você vai precisar tomar algumas vitaminas... - Então parei de escutar, estava concentrado no fato que eu iria ter um filho, e isso era ... completamente maravilhoso, e ao mesmo tempo perigoso. Não era os melhores tempos. Meu instinto Alfa me dizia isso. Mas a sensação de ter um filho nosso deixava meu lobo e eu completamente agitados e animados. Eu nunca sonhei ou pensei em ter um bebê, mas a ideia de ter um com a Jessie era simplesmente perfeito.

—Amor. - Jessie sacudiu a minha mão. — Acorda. Vamos.

—Onde? - Perguntei atordoado.

—Para casa ué. - Falou como se fosse óbvio.

—Tudo bem. Vamos. - Tirei ela da maca e saímos. Na porta estava as amigas dela que não pararam de gritar e fazer uma pequena festinha entre elas. Ficou claro que ouviram tudo, mesmo que a porta abafe grande parte do som. Elas provavelmente devem ter colocado o ouvido na porta.

—Meninas, meninas. - Falei trazendo a atenção delas para mim. — Menos gritos, por favor. - Pedi quase implorando ou eu ficaria surdo.

—Ok, desculpa Alfa.- Riram tímidas.

—Vamos? - Jessie perguntou para todos.

—Sim. 

    Quando chegamos em casa subimos direto pro nosso quarto. E antes que Jessie pudesse entra no banheiro perguntei:

—Você está bem com isso? - Ela não parecia tão animada sobre a gravidez.

— Você está? - Perguntou de volta.

— Completamente... Venha aqui. - Chamei para que ela pudesse sentar ao meu lado. —Qual o problema? - Perguntei e peguei suas mãos quando sentou ao meu lado na cama.

—Eu só estou com medo, sabe? - Suspirou e baixou a cabeça.

—De quê meu amor?

—De tudo. De não ser a mãe perfeita. De você não gostar do bebê. Eu não sei é só que o que aconteceu com a minha mãe ainda está recente e fica tudo misturado. Eu só... - Fungou. - ...Só não sei se vou conseguir. - Chorou.

—Você vai conseguir. - A puxei para um abraço. —Nós vamos conseguir, eu vou estar aqui para você e o bebê. Nunca duvide disso. - Dei um beijo com gosto nela. —Eu amo você.

—Eu também amo você. - Sorriu.

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Editado;  

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