Capítulo Onze

63 7 0
                                    

Por incrível que eu pareça, eu consegui dormir assim que deitei minha cabeça no travesseiro. Foi um alívio, livrando os problemas de minha mente, o cansaço do meu corpo e a saudade do meu André.
Falar em André, preciso ir visitá-lo. Eu prometi.
Ainda não me sai da cabeça o que aconteceu comigo e com Victor e muito menos o que aconteceu comigo ou com o comandante Scott, quero dizer, Mason. Até entendo os motivos de Victor querer ter algo a mais comigo e entendo também que eu tenho que seguir em frente. Mas Mason, desde o primeiro momento em que trocamos olhares, eu percebi que era encrenca. Certo, faz treze dias que eu o conheço, mas é estranho, não nego. Ele mexe comigo de um jeito que nem André mexia e sinceramente, eu o respeito por causa disso. Sempre achava o meu namorado superior os outros homens, mas observando os dois lados, sinto que ele não gostava que eu falasse isso.

- Bárbara! - uma voz desconhecida soou pela minha cabeça, me despertando do meu precioso sonho - Acorde!

- O que foi? - minha voz saiu meio rouca, ainda embargada pelo sono agraciado de Deus.

- Vamos! Sua avaliação é daqui uma hora.

- Por que não me chamou antes? - pulei da cama, caindo no chão e me arrastei até a cômoda, pegando meu uniforme de treinamento e o vestindo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e calcei meu tênis, indo para o banheiro e escovando os dentes. Corri até o refeitório, peguei duas barrinhas de proteínas e uma garrafa de suco de laranja. Comi tudo rapidamente e me dirigi para a sala de treinamento individual.
Me sentei na sala de espera e encarei o chão, até ouvir o meu nome ser chamado.

- Bárbara Dias Albuquerque.

Me levantei e apertei o botão para entrar no compartimento individual. Em uma sala ao lado, pude ver todos os comandantes e generais sentados. Escolhi o arco e flecha, minha especialidade e acionei o programa de projeções. Coloquei um percentual de trinta projeções e apertei o botão " iniciar". Posicionei a flecha no arco e olhei para baixo, erguendo o olhar assim que a luz ficou moderada.
Duas projeções vieram em minha direção, felizmente, consegui atingir as duas com uma flecha apenas. Atirei frenéticamente até o alarme soar e a iluminação voltar ao normal. Coloquei o arco e as flechas no suporte e fui até o centro, onde tinha um círculo. Coloquei as mãos para trás e esperei para que me dispensassem.

- Pode se retirar. - uma voz soou pelo alto falante.

Não fiz nada, além de me virar para o lado e caminhar em direção a saida. Encarei meus pés durante todo o trajeto e olhei para cima apenas uma vez, para me certificar de que estava no caminho certo. Me joguei na cama assim que encontrei o meu quarto e fitei o teto, ficando o resto da tarde naquela posição.

- Você está bem? - Milli se aproximou de mim e me olhou - Comandante Scott está louco atrás de você, assim como Victor.

- Eu não sei. - falei.

- Não sabe o que?

- Nada, eu só não sei. - continuei com o olhar fixado no teto. Senti suas mãos em meu rosto e logo depois ela se foi.
Milli voltou alguns minutos depois acompanhado de Júlio.

- Ela está com febre e em estado de choque. Não tá falando coisa com coisa.

- Sinceramente, não sei o que ela tem.

- Eu não sei. - falei.

- Não sabe o que?

- Não sei de nada. - me levantei e dei um sorriso - Que horas são?

- Sete e vinte. - falou.

- Droga, eu tenho um encontro. - me levantei e busquei um vestido na cômoda.

- Com quem?

- Victor. - dei outro sorriso e fui para o banheiro. Tomei um banho, coloquei o vestido, fiz uma trança de lado, passei uma maquiagem básica e calcei uma sapatilha, sentando-me na cama e esperando que a batida na porta me alertasse.

- Você está bem mesmo? - Júlio perguntou.

- Estou tão bem que vi vocês se comendo ontem a noite. - dei uma piscadela e uma risada - Sinceramente Júlio, eu pensei que você era gay.

- Eu também. - Milli falou e riu, quando Júlio a olhou incrédulo. - O que? Todos que te achavam gay, não acham mais graças a mim meu querido. - sorriu e sentou-se ao meu lado - Amiga, não parte o coração do Victor. Ele é um cara legal e todos nós sabemos que Mason Scott está de olho em você.

- Só nos seus sonhos, Mason Scott afim de mim! - soltei um riso nervoso assim que ouvi uma batida na porta. - Deve ser Victor.

Júlio que estava mais perto da porta, abriu a mesma revelou um Victor nervoso e assustado.

- Entra aí! - Júlio falou.

- Ela está aí? Fiquei preocupado o dia todo atrás dela. - entrou e sua expressão se suavizou assim que me viu - Você está bem?

- Estou. - levantei-me da cama e caminhei até ele - Vamos?

Ele segurou minha mão e me conduziu até a porta.

- Voltamos mais tarde. - falei e o puxei porta a fora.

- Você não parece bem. - ele falou.

- Estou ótima, só confusa.

- Confusa do que?

- Eu não sei, tá legal? É estranho pra mim viver em sociedade depois de tanto tempo sozinha. Éramos só eu e André contra tudo isso...o que mais queríamos era viver com os outros novamente, mas agora, eu percebo que quero ficar sozinha de novo. Só queria voltar no tempo.

- Eu te entendo. - parou de caminhar e olhou para mim - Se quiser ir embora, eu entendo.

- Não, eu não quero. - olhei nos seus olhos - Eu disse que eu iria tentar, não disse? Estou fazendo isso por mim e por você. Precisamos de pessoas novas em nossas vidas. - dei um sorriso - Você pode ser meu treinador, mas eu sinto que você deve ser além disso.

Ele não disse nada, apenas me puxou e meu abraçou, percorrendo minhas costas com suas mãos.

- Você quer ir em algum lugar?

- Não conheço nenhum lugar.

- Bem, acho que tenho uma idéia. Vem comigo.

Ele esticou a toalha sobre a grama verde e sentou-se, colocando a cesta de pequenique em seu colo. Sentei-me ao seu lado e olhei para o sol, sorrindo ao ver aquela noite estrelada.

- Está com fome? - perguntou, tirando de dentro da cesta os sanduíches que havíamos feito.

- Estou. - peguei o lanche de sua mão e dei um mordida - Sabe, nunca fiz um pequenique à luz do luar. É lindo aqui.

- Sempre venho aqui. - falou - É o lugar que eu posso relaxar, sem aquela preocupação de ataques, rebeliões. É meu lugar favorito de toda capital.

- Fico lisonjeada que tenha me trazido aqui. - dei outra mordida no lanche e bebi o refrigerante - E agradeço por ter trazido refrigerante. Faz muito tempo que não tomo um desses. - dei um sorriso e terminei de comer.

Ele deitou-se na toalha e deu uma batidinha para que eu deitasse ao seu lado e assim eu fiz. Ficamos conversando, conhecendo um ao outro, deitados ali, olhando para a noite mais bonita e estrelada que eu já tinha visto todo esse tempo.

***

Olá meus amores, tudo bem?
Eu prometi que voltaria hoje.
Ainda tô pulando carnaval HEHEHE!

Se gostou do capítulo, deixe sua estrelinha. Se não gostou, faça o mesmo :)

Um beijo e até a próxima!

Depois da Meia Noite Where stories live. Discover now