Depois da Meia Noite

Capítulo Vinte & Nove

Melissa

As pessoas acreditam que minha vida sempre foi fácil. Durante a era Xy, eu ganhava a vida de uma maneira que hoje, não me orgulho tanto. Vocês já podem até imaginar o que eu fazia para conseguir dinheiro. Minha mãe estava doente, meu irmão havia sumido no mundo e meu pai tinha acabado de falecer, deixando-nos apenas com uma pequena dívida de quase meio milhão de dólares. Vendemos tudo o que tínhamos e ficamos praticamente apenas com a roupa do corpo. Até hoje, não sabemos o que ele fez para adquirir tantos inimigos fora do país.
Mamãe faleceu após um mês e novamente, fiquei sozinha. Não foi fácil saber que teria que fazer aquilo, mas não podia passar fome, pois segundo meu pai, eu ainda tinha muita coisa para viver. Não vou entrar em detalhes sobre Igor, meu irmão, porque não há o que falar sobre ele. Nos momentos em que aqueles brutamontes se aproveitavam de mim, eu apenas conseguia pensar em algo que me deixasse bem.
Sim, eles pegavam para transar comigo.

Daniel não pode nem imaginar que fiz isso, mas sinto que não posso esconder mais isso dele. Minha vida e meu relacionamento está em jogo. É difícil saber que sua namorada se prostituia para ajudar a família? É sim, mas não via outra solução. Pela primeira vez nessa vida, eu encontrei alguém que me respeitasse e me amasse do jeito que eu sou, mas o meu passado, que eu jurei esquecer, estava me atormentando, dando sinais de que voltaria em breve. Isso era o que mais me deixava cabreira, porque depois de tudo o que aconteceu com nossa civilização, eu ainda possa me preocupar com isso.

Se estou preocupada com o desaparecimento do meu namorado? Sim, eu estou, mas infelizmente não consigo fazer nada em relação a isso. Milli prometeu que tentaria arrancar alguma informação dos oficiais, mas até agora, ela não me trouxe nada favorável.

- Mel? - sua voz invadiu meus pensamentos. - Você está bem?

- Estou, estou ótima. - abri um sorriso e olhei por cima do seu ombro. - Então?

- Bárbara vai partir para o Rio daqui três dias, atrás dos outros grupos.

- Jura? Então você vai encontrá-lo?- uma pontada de esperança se acendeu em meu peito, trazendo um pouco de cor a minha vida.

- Não posso te prometer nada, mas eu quero encontrá-lo. - colocou uma mão em meus ombros - Vou trazer Daniel de volta.

Eu apenas a puxei para um abraço, agradecendo mentalmente por ela ter me dado essa notícia.

Bárbara

Eu ainda estava pensando se contaria ou não o meu plano para Mason. Apesar dele ser filho do general, eu acredito que ele sente alguma coisa pelo pai. Não posso confrontá-lo dessa maneira, afinal, começamos a namorar faz um dia e essas coisas não se diz no primeiro dia de namoro.

- Pelo seu silêncio, posso afirmar que seja verdade. - ele disse - O que você tem a dizer sobre isso?

- Não posso negar, é verdade. Eu tenho um propósito Mason, e isso me ajudará a seguí-lo.

- E o que seria?

Respirei fundo e me desvencilhei dos seus dois braços que estavam na lateral do meu corpo. Procurei um lugar próximo para me apoiar e acabei encontrando uma mesa, apoiando meu corpo nela. Passei as mãos no cabelo e bufei, cruzando os braços e o encarando.

- Meu sangue, é a cura para tudo isso. - afastei a camiseta do ombro e deixei a mostra a cicatriz da mordida - Fui mordida enquanto estávamos no prédio da prefeitura e por isso fiquei fora aquele dia do resgate. Eu disse a Guillermo que iria dar uma volta, mas estava alguns níveis do subterrâneo. - mexi novamente no cabelo - Em questão de minutos já estava curada e pude voltar para cima.