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Sarah, uma garota evangélica disposta a enfrentar o que vier para honrar a Deus, tendo uma vida quase "perfeita", tudo parece ir bem, até acontecer o que menos poderia imaginar, sua vida vira de cabeça para baixo, tendo que s...
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Desperto sentindo uma leve dor de cabeça, e com esforços abro meus olhos que avistam uma humilde casa. Procuro me levantar mas a impressão que dá é que um caminhão passou por cima do meu corpo, reponho minha cabeça no travesseiro quando uma voz soa.
— Que bom que você acordou, já estava começando a me preocupar. — Disse uma rapaz de olhos azuis, cabelos pretos lisos, alto e forte vindo em minha direção.
— Onde eu estou e quem é você? — Perguntei me colocando sentada na cama.
— Acho que eu quem deveria te fazer essa pergunta, qual ser humano em sua consciência pularia de um barranco?
— Eu não pulei, eu escorreguei.
— Nossa... — Ele sorri.
— Qual foi a graça?
— Não nenhuma, acho meio difícil escorregar de um barranco, a não ser se estivesse fugindo de alguém ou pulado por livre e espontânea vontade.
— Eu escorreguei. — Afirmei seca.
— Tá bom, quando estiver pronta pra contar irei ouvir.
— Como assim? Eu vou embora daqui. — Disse tentando me erguer mas é inútil.
— Não adianta, acredito que seu corpo todo doí pelo impacto, então ficará boa com algumas ervas e um bom sono.
— Ervas? Que ervas?
— Pergunte menos e obedeça mais. — Ele me respondeu indo direto para uma das panelas que está sobre o fogão.
— Mas o que é isso? — Perguntei amedrontada.
— Tome, vai te fazer bem. — Estendeu a mão com a xícara.
— Eu não vou tomar isso. — Respondi seca.
— Olha, se eu fosse te fazer algum mau, não acha que já teria feito? — Disse e franziu a testa.
— Eu quero ir embora.
— Tudo bem, vai nessa chuva, garanto que da porta você não consegue passar, tudo está alagado e não vai chegar á lugar algum desse jeito. — Voltou para si a xícara.
Nesse momento estou me sentindo em um filme, a moçinha que foi perseguida e o príncipe que a salva.
— Como eu vim parar aqui? E por que me ajudou?
— Você precisava de ajuda. Eu sei que aqui não é o melhor lugar, mas fiz e estou fazendo o que posso.
— Posso ter quebrado alguma coisa.
— Não, você não quebrou nada, só destorceu a perna o braço e sofreu alguns arranhões.
— Você por acaso é médico? — Franzi o cenho
— Não, mas sei o suficiente para saber que não teve nada grave, teve sorte.
— Sorte não, Deus. — Respondo lembrando do horror que vivi. — Você mora aqui sozinho? — indago olhando em volta, em um mesmo cômodo havia mesa, fogão, armário e uma cama.
— Sim... — Respondeu um tanto triste.
— E sua família?
— Meus pais me abandonaram quando eu era um recém nascido, me deixaram com minha avó que faleceu á três semanas.
— Nossa... Eu sinto muito.
— Eu também, e não sabe o quanto. As vezes parece que vou ouvi-la gritar "Anda menino o almoço está pronto", enfim eu não quero falar sobre isso.
— Tudo bem, eu entendo.
— Pelo visto a chuva só vai aumentar. — Ele disse andando em direção a porta.
— Para onde você vai?
— Eu já volto. — Respondeu saindo em plena chuva. Não demorou muito e voltou encharcado com algumas frutas.
— Você quer? posso garantir que não coloquei nada dentro da fruta. — Brincou e eu aceitei, eram maças e goiabas.
De uma das panelas ele tira com uma concha, sopa de legumes e coloca em um prato.
— Tome, coma essa sopa, vai te fazer bem. Deixarei aqui do lado. — Disse voltando para panela e se servindo também, em seguida sentou em uma das cadeiras da pequena mesinha de madeira.
— Eu me chamo Sarah. — Me apresentei pegando enfim o prato de sopa, uma colher e outra eu terminei mais rápido do que pensei, estava faminta, e a sopa deliciosa.
— Eu me chamo Miguel, é um prazer Sarah.
— Acredito que saiba dessas coisas por causa da convivência com sua avó certo? — Perguntei me referindo a sopa, e o chá.
— Certo. Ver minha avó fazia chás, remédios naturais e comida, me fez aprender sem querer.
— Que bom então. — Fico em silêncio por alguns instantes... — Eu estava no meu apartamento quando recebi uma ligação do meu pai... — Começo a contar o que houve e tudo o que aconteceu comigo vem a tona na minha mente como num filme, mas me nego a chorar e continuo... — Ele me disse para não sair estava sentindo que algo ruim poderia acontecer comigo, e eu disse que não iria sair então desliguei. Novamente o celular tocou, era a irmã da minha melhor amiga falando que ela estava tendo uma crise de asma e não sabia o que fazer, sem pensar eu corri para o quarto, peguei a primeira roupa que vi e entrei no primeiro táxi que surgiu no caminho.
Eu quis voltar, mas era tarde, liguei para elas e já estava tudo bem, esse "taxista" me levou para longe da cidade me trazendo para cá, para me fazer mal, disse que ia cumprir um tal desafio. — Cada cena se passa pela minha mente me fazendo chorar e falar ao mesmo tempo. — Com muitos esforços eu consegui descer do carro e correr, eu corri e corri até não poder mais, e parecia que quanto mais eu corria mais ele me alcançava, então, escorreguei, bolei e me encontrei com o chão, eu caí do barranco onde você me encontrou.
— Que coisa, eu não sei o que te dizer.
— Não, não diga nada... Isso é fruto de desobediência... Eu mereci tudo isso.
— Não diga isso... O importante é que agora você está bem e amanhã voltará para o seu apartamento a salva.
— Acho que começamos com o pé errado. — Miguel se levantou e me ajudou a levantar.
— Mas o que está fazendo? — Perguntei sem entender.
— Eu me chamo Miguel Goes e é um prazer tê-la em minha casa por um tempo. — Disse beijando minha mão como um perfeito cavalheiro.