Sarah - Garota Cristã- Livro 1 [Em Reforma]

Deus sabe oque faz

E no caminho...

Havia colocado papai no banco de trás devido ao espaço maior. O olhar intercalava entre a estrada e ele, o pé não saia do acelerador e o medo de perde-lo era tão grande que podia sentir algo ferir meu coração bruscamente, talvez fosse remorso ou arrependimento, não saberia explicar...

- Me perdoa por te enganar todos esses anos filha. - Falava rouco.

- Não fale, não fale... - Pedi enquanto uma lágrima solitária caiu de um dos meus olhos.

- Eu confesso que tirei você da Marina para me vingar, ela estava refazendo a vida com outro, depois do Miguel ela não podia ter filhos porque foi uma gravidez complicada, mas isso não atrapalhou dela adotar você, cuidar e amar. Eu cheio de ciúmes e ódio quis acabar com ela usando você. - Falava com toda força que havia em si. - Mas deu tudo errado. Quando  te peguei nos braços te amei sem saber, você foi crescendo, me chamando de "papai" era a criança mais linda que eu já tinha visto na vida.

- Não fale mais nada, por favor... - Pedi chorando enquanto ainda acelerava.

- Eu passei a te amar de verdade, como se fosse sangue do meu sangue. Marina tentava me localizar para saber de você, mas eu disse que você havia morrido e que ela nunca iria te ver.

Ela não acreditou claro, jurou que ia me achar onde eu estivesse e que ia fazer uma denuncia, tirar você de mim, eu fui no cemitério da cidade, o maior e mais conhecido, perguntei pelo túmulo de Sarah Bennett, e havia dois tumulos com esse nome, falcifiquei um documento que comprovava sua morte e levei Marina até lá, e foi ai que ela se convenceu e desistiu de procura-la. Você tinha seis anos ainda.

Derepente o carro para no meio do caminho...

- Droga! - Tento liga-lo novamente mas não consigo nada. - Droga! Falta de combustivél.

- Puxo a macaneta do carro e saio.

- Não. O posto fica muito longe daqui Sarah. - Alertou ao ver me olhar para todos os lados.

- Meu Deus o que eu vou fazer... - Peço em meio ao desespero e entro no carro novamente, dessa vez no banco de trás.

- Não há nada a se fazer. É o meu fim. Quando tem que acontecer não adianta fazer nada.

- Para com isso. - Ordenei.

- Eu estou morrendo filha, eu sinto isso, não vamos chegar a tempo a um posto de gasolina e muito menos a um hospital.

- Não... - Caio em prantos e me aproximo do papai

- Escuta, eu vou morrer de qualquer maneira, e antes que eu feche os meus olhos, quero que você me escute. É só isso que eu peço. - Disse me fazendo calar. - Eu errei muito, muito mesmo, mas eu sempre ensinei a você o caminho da verdade, eu a coloquei no caminho de Deus e assim você andou nele, me lembro da primeira vez que você louvou ao Senhor na igreja, me lembro da primeira vez que você pegou em um violão para tocar e logo aprendeu sem que eu me esforçasse para ensinar. Você tinha um dom, você tem um dom, você faz bem a quem está em sua volta, trás consigo a presença do Senhor dos senhores.

Eu sempre me orgulhei de você, não saia dos caminhos de Deus, não mude, seja a menina que você era porque a menina que você era antes de descobrir todo o meu erro era a menina que Deus se agradava.  Você é única só no fato de servir a Deus então filha, não largue ele por nada. Eu quero cantar com você, pois essa será a última canção.