Sarah - Garota Cristã- Livro 1 [Em Reforma]

Sentimentos confusos

Dias e meses se passam...

Bom, eu voltei para a faculdade e para o apartamento que era meu e do meu pai, eu saí daquele trabalho que estava, pois realmente não dava pra continuar depois do que houve,  de Marina eu não sei mais nada, ela sumiu praticamente. Safira também sumiu depois que meu pai se foi, e eu ainda estou em fase de recuperação de tudo. Como eu era dependente do papai estou recebendo um benefício mensalmente, até que eu consiga um trabalho para me manter. Minha vida havia se desmantelado completamente e se você quer saber como está a minha vida com Deus... vai de mal a pior... Minhas orações diminuiram, os jejuns e sacrifícios que eu fazia para Deus não faço mais, saí do ministério de louvor, vou a igreja raramente e estou pouco focada na faculdade, indo as aulas, mas com o pensamento muito distante.

Confesso que nunca me imaginei dessa forma, estou fria espiritualmente, e muito fraca, Deus deve estar muito triste comigo, mas eu não posso fazer mais para ele do que eu estou fazendo. Meu namoro com Miguel não vai tão bem.  Em ambas as partes a frieza reina. Acredito que quando a frieza espiritual pega um cristão abala sua vida por completo, parece que a vida muda de cor e tudo parece tão complicado.

Só quem já passou por isso ou passa, sabe o quanto é lamentavél dobrar o joelho e não ter palavras para falar com Deus, ir quase que se arrastando para a igreja, tentar ir para estudo bíblico, escola dominical e não ter nenhum animo nem de se vestir quanto mais sair pela porta. É dureza ter que aguentar tudo isso e terrivél querer sair do abismo mas não saber como.

- Sarah?

Sentada na cadeira ao lado de uma janela de vidro observo os futuros médicos se exercitarem na quadra. Minha visão estão neles, mas meu pensamento no espaço.

- Sarah! - Chamou Miguel.

- Oi, me desculpe eu estava destraída. - Disse "voltando para terra".

- É, eu percebi. - Disse escrevendo algo no caderno.

- O sinal já vai tocar para o almoço, você vem comigo agora?

- Eu estou sem fome. Vá e depois se me der fome irei.

- Tudo bem. - Disse dando de ombros.

O sinal tocou.

- Miguel... - O chamei enquanto ele já saia da sala. Ele virou-se e me olhou.

- Eu vou com você. - Digo pegando meu material e tirando um sorriso singelo de Miguel.

- Chegando no refeitório pegamos nosso almoço e conversamos sobre coisas da faculdade.

- Eu andei pensando em umas coisas... - Disse.

- Em que? - Miguel perguntou tomando um gole de seu suco.

- Miguel, duas vezes aconteceram a mesma coisa, um homem fingindo ser taxista tentou abusar de mim, o que me causou um trauma que com o tempo se curou. E a uns meses atrás novamente. Eu achei que ali seria o meu fim, se Jhon demorasse dois minutos eles teriam conseguido, eu não seria mais pura e ia levar isso o resto da minha vida, eu nunca iria me recuperar de um abuso sexual Miguel...

- Mas pela segunda vez nada aconteceu. Nota que foram duas vezes? E as duas você deu sorte.

- Acredito que não foi sorte, mas teve a mão de Deus a me provar que ainda cuida de mim. Mas isso não vem ao caso, se tivesse aconteçido? Você ainda continuaria comigo?