Capítulo 01 | A proposta

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Mídia acima: Rooftops - Jesus Culture

Com o passar dos anos, a vida me ensinou a superar perdas, a encarar desafios e a perceber que tudo tem uma razão e um objetivo

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Com o passar dos anos, a vida me ensinou a superar perdas, a encarar desafios e a perceber que tudo tem uma razão e um objetivo. Já não era mais aquela menininha inocente e que chorou por meses pela perda da mãe. Eu ainda sentia falta do seu beijo, do seu cheiro, do seu carinho e toque, além das conversas, dos segredos, dos penteados e da loucura que compartilhávamos só nós duas. Sentia falta dela. Mas o tempo passou e deixou o ensinamento de que a vida continua, que eu podia caminhar em outra direção e podia crescer. Que apesar da dor e da saudade, o que ficava eram os momentos bons e, tudo que por alguma razão foi falha, era apagado.

Me pai era pastor de uma igreja local, o que colocava uma carga de pressão descomunal sobre mim, trazendo exigências da minha pessoa que eu não desejava a ninguém. E, apesar da posição de meu pai, eu era muito diferente dele. Desde que minha mãe falecera eu esfriei no que dizia respeito a Deus. Não que eu o culpasse, mas para mim tanto fazia a presença dele em minha vida ou não. Virei teísta, ou também conhecida como "cristã de domingo", que só se encontrava com Deus em um dia da semana e no restante dos dias nem se lembrava dele. Uma das coisas que iam e vinham na minha mente era sobre ser chamado para estar com Ele e, por eu nunca ter sentido esse chamado, eu nunca fui atrás, assim como também nunca me esforcei para encontra-lo.

— Callie! Você já deu levou o Odie pra tomar banho? — ouvi o grito de Safira vindo do andar de baixo, o que me tirava completamente dos meus pensamentos.

Minha mãe morreu quando eu tinha sete anos, meu pai se casou com Safira dois anos depois. Na minha inocência de criança, eu sempre pensei que ela havia vindo para substituir minha mãe, por essa razão foi inevitável criar uma barreira emocional contra ela, por mais que ela se esforçasse para ir contra isso. Foi assim até meus quinze anos, mas quando fiz o mais recente aniversário, eu comecei a levar as coisas de uma forma mais branda, embora eu continuasse resistente, mas eu já podia entender porque meu pai havia a escolhido como esposa, mesmo que eu nunca tivesse a ousadia de admiti-lo.

Ela era o oposto de papai, o que era engraçado de assistir algumas discussões o que, muitas vezes, me faziam questionar como estavam juntos há tanto tempo. Mas eu não reclamava mais, se ela o fazia feliz, me satisfazia. Ela trabalhava fora, como gerente de uma loja de departamentos, mas também cuidava da casa, pois se recusava a deixar outra pessoa cuidar da casa. Deveria ser seu lado perfeccionista gritando, uma de suas características mais gritantes mas que me comprovava ainda mais o porquê de papai tê-la escolhido.

— Safira, já estou indo. Só um minuto. — falei, fechando o caderno e o livro.

Desci as escadas e já senti Odie vindo em meu pé, todo saltitante. Era o único cachorro que eu conhecia que gostava de tomar banho, pois ele sempre parecia prever o que eu ia fazer e se alegrava com isso. O tomei no colo e fomos ao pet shop que não ficava muito longe dali. Evitei que ficasse perturbando os cachorros dos vizinhos, porque se acontecesse alguma coisa era possível que eu o soltasse e saísse correndo. Eu ia o caminho conversando com ele, como se pudesse entender cada palavra que eu dizia, às vezes eu realmente cogitava tal possiblidade, mas depois ele se distraía e eu percebia que falar com o vento dava no mesmo.

Aprendendo a Crer (Revisão)Where stories live. Discover now