Capítulo 03 | O encontro

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Mídia acima: Blessed - Hillsong

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Não tinha sido fácil colocar a minha cabeça sobre o travesseiro e relaxar realmente. Eu ainda não tinha aceitado muito o fato de que eu estaria ali todos os dias, por muito tempo. Admito que eu estava querendo que eu começasse a ir a uma psicóloga e ela desse o laudo clínico que enlouqueci naquela casa, mas a minha vontade de estar certa não compensava minha saúde na maioria das vezes, portanto, dispensei a ideia tão logo que ela chegou. Tudo isso passava em minha mente enquanto o professor de atualidades despejava sobre nossas cabeças um monte de informação que eu não reteria nem em meu estado normal, daquela forma seria impossível. O pior é que eu não tinha nenhum amigo naquela matéria para me ajudar ou só para passa meu tempo, então tive que usar minhas habilidades teatrais para mascarar meu interesse.

Apesar de a senhora Bittencourt ter me garantido transporte, eu preferia ir andando. Eu podia aproveitar a paisagem, ouvir mais músicas no percurso e, o melhor de tudo, não precisava falar com ninguém. Me certifiquei que os documentos estavam comigo e continuei andando, me preparando psicologicamente para tudo que podia dar errado e torcendo para que a pessoa que atendesse a porta fosse a senhora Bittencourt e não seus filhos. Ao chegar diante da residência, o mesmo temor que tomou conta de mim no dia anterior, me assombrou ali, só que, dessa vez, ela parecia mais repulsiva.

Ajeitei os óculos e fiz um coque no cabelo, tentando deixar todo tipo de intimidação para trás, afinal, eu preferia encará-los frente a frente do que ser humilhada. Eu não fazia ideia que podíamos falar tantas palavras por segundo, só descobri depois da oração que fiz depois de apertar a campainha. Para minha infelicidade começar, a porta foi atendida por ninguém menos que Jennifer Bittencourt. Era como um banho de água fria me deparar com ela. Os olhos dela estavam focados em um aparelho em sua mão, creio que um iPod. Se voltaram para mim com uma certa superioridade e ficou me encarando, como se esperasse uma reação ou resposta da minha parte que, em choque, não consegui me expressar.

— Você é? — perguntou desconfiada

— Oi! Sou Callie Boucher. — falei estendendo a mão, mas não se deu o trabalho de corresponder e o mesmo olhar ainda estava ali, tentando se lembrar de onde me conhecia, mas claramente não fazendo ideia de onde — Sou da sua sala de Inglês, a filha do pastor Boucher.

— Seja lá quem for você, o que está fazendo aqui? — ela tirou a atenção do aparelho e se voltou para mim, cruzando os braços.

Minha vontade de me atracar no pescoço dela era tão grande quanto a de uma criança comer um MC Lanche Feliz. Ela era simplesmente idêntica a gênero, forma e jeito da Regina de "Meninas Malvadas", ao menos era o que transparecia. Eu não sabia o que sentir por ela. Nojo. Repulsa. Raiva. Ou até mesmo inveja.

— Fui contratada como doméstica.

— Ah! Então entre — sua expressão suavizou e deu espaço para que eu entrasse, só que tudo que minhas paranoias tinham criado a respeito dela se mantinham acesos e vivos em minha mente.

Aprendendo a Crer (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora