Capítulo 16 | Uma palavra de esperança

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Ele parecia meio constrangido com meu pedido, mas acabou concordando

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Ele parecia meio constrangido com meu pedido, mas acabou concordando. Ele procurou pela bíblia no celular, mas foi incapaz de encontrar me pedindo uma emprestada. Estava diferente do John de sempre, eu acredito que deveria ser a preocupação ou emoção, ou seja lá o que fosse, ele estava diferente. Ele disse que estava tranquilo e que falaria o que achava que eu precisava ouvir, forcei um sorriso e acenei positivamente com a cabeça. Supus que falaria algo sobre ira, ou, quem sabe, perdão, afinal eu realmente deveria reconhecer meus erros. O tema, porém, me surpreendeu. Tinha tudo a ver com aquela situação, tinha a ver com minha vida, tinha a ver com todas as coisas. E por mais que ele já tivesse ressaltado temas parecidos nas nossas últimas conversas, era algo que sempre se renovava, e que precisava sempre ser dito, até que eu me constrangesse.

— Key, eu falei sobre isso na reunião de jovens da sexta passada, acho que se encaixa perfeitamente ao seu momento. Bem, isso não é só pra você. É pra mim, pros meus pais, pros seus, e para todos aqueles que querem se estabelecer verdadeiramente na fé.

Isso atraiu bastante minha atenção, fazendo-me esquecer da dor e de tudo que acontecera.

— Preciso dizer que — começou —, o diabo é real. Todos os dias ele te tenta, todos os dias ele busca mais e mais formas de te separar do amor de Deus, todos os dias ele coloca minhocas em sua cabeça para que você não creia, para que você discorde, pra que você aja sem pensar. Ele quer destruir sua santidade — novamente se interrompeu e segurou minha mão. — Mas é decisão sua escutá-lo ou resisti-lo. Na bíblia diz: — chegou para mais perto a fim de que eu lesse também — "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7) — fechou a bíblia e colocou-a onde estava — Você não precisa fazer nada para ser amado por Deus, mas você necessita de fé pra compreendê-lo e amá-lo também. Você precisa reconhecer que não é nada, que sem Ele você não consegue viver.

Fechei meus olhos para ouvir melhor e apreciar ainda mais aquela palavra.

— Quando você ficou irada, indisposta a perdoar, você abriu espaço para que ele entrasse em sua vida. Não permita! Renuncie e rejeite satanás, e, sobretudo, peça forças a Deus. Se entregue ao único Onipotente, que te dará forças para seguir e resistir. — John pegou a bíblia e colocou em minhas mãos. — Essa é sua arma de batalha, ela é que fala a Palavra Viva, que se renova sempre e que te dá forças e sabedoria para vencer.

— Acho que realmente devo, hum... mudar. Ter forças, mas... como faço isso?

Tomou a bíblia de minhas mãos e pôs-se a folheá-la novamente.

—Apocalipse 12:11 "E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte.". A única forma de vencer todos os males, é pelo sangue de Jesus. Se entregue totalmente, busque. É tão lindo e maravilhoso, tão... mágico. "E pela palavra do seu testemunho" Pela palavra de Deus, pela palavra de Deus. — repetiu — Leia! "E eles não amaram sua vida até a morte." Até morrerem não se amaram, quando eu digo isso não é não amar quem você é, mas não amar os prazeres da vida e do mundo, mas concentraram seus esforços na vida de Cristo. De Cristo. E, por último... — antes de concluir, seu celular tocou.

Olhou para a tela concentrado.

— Desculpe, preciso atender. — disse se levantando e saindo. — Oi mãe...

Fiquei repetindo para mim mesma o que ele havia dito, especialmente o: "não deis lugar ao diabo". Olhei para Jennifer, que o ouvia falar muito atenta, apoiando-se sobre a mão. Ela olhou para mim e sorriu para mim, no instante em que ele saiu para atender o telefone.

— Me desculpa — ela disse, entendi depressa que se referia à ligação — Eu sei que gosta dele, mas... eu simplesmente não sei e não consigo controlar o que sinto, mas por ter uma consideração muito grande por você e te considerar uma amiga de verdade eu posso...

— Jennifer, você não tem pelo que se desculpar. Se você quiser ficar com o John e essa for a vontade dele também, eu não posso fazer nada. Ele é meu amigo, assim como é seu, isso não mudaria nossa amizade.

Desta vez, foi um sorriso genuíno e sincero, que terminou em um abraço dela em mim.

— E peço desculpas pelo meu irmão, eu sei que ele é um babaca.

— Isso é um senso comum.

— A polícia foi ontem à noite lá em casa para iniciar a investigação. Acho que se você tivesse ido primeiramente neles, a prisão preventiva teria sido declarada. Mas de qualquer forma, as coisas estão tensas lá em casa e não sei como vai ficar o seu emprego.

— Eu pretendia voltar.

— Você é louca?

— Não... só acho que isso dava orgulho para o papai e não quero desapontá-lo.

— Existem outras formas de fazê-lo se orgulhar. Mas, de qualquer forma, se você voltar, eu fico atenta para não deixar que isso se repita. Mas meu conselho é que não vá, porque ninguém sabe o que se passa na cabeça daquele doido.

John apareceu, mais pálido e com o semblante apático, algo muito sério tinha acontecido, pois ele estava claramente mudado. Eu o perguntei sobre o acontecido e ele apenas disse que precisava ir embora, sem dar muitos detalhes, ficando apenas Jennifer e eu ali. Fomos para meu quarto conversar mais um pouco e acabei expondo a situação com Gabriela a ela, quem me aconselhou não só a perdoar mas também a pedir perdão – John fazia um ótimo trabalho com ela também.

***

Passaram-se alguns meses até a chegada do inverno, talvez a estação que eu mais desgostassem onde os termômetros abaixavam radicalmente suas contagens e deixava para trás tanto o outono e o verão, sendo acompanhado das grandes festas de fim de ano e marcado pela grande comunhão entre família e amigos, o que era a única parte que eu realmente apreciava.

Durante esse tempo, eu havia resolvido as coisas com Gabriela, depois de uma longa discussão e dias tentando readaptar as coisas e conversações, que haviam sido um tanto quanto tensas. Não demorou muito para que ingressasse ao grupo e todos nós começarmos a andar em um só direcionamento e propósito.

No dia do natal, estávamos reunidos papai, eu e Safira para celebrar. Eles estavam diferentes, mais radiantes e alegres e isso irradiava para mim, mas eu era incapaz de desvendar as motivações. Eles trocavam muitos olhares entre si, o que despertava mais a minha curiosidade. Os perguntei e foram breves em responderem juntos, se abraçando.

— Filha — papai disse apertando a mão dela — estamos grávidos.

— Filha — papai disse apertando a mão dela — estamos grávidos

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⏰ Última atualização: Apr 15, 2019 ⏰

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