A história está sendo respostada (Um a dois capítulos por semana)
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Ela não era muito incomum. Muito pelo contrário, era muito fácil encontrar pessoas que passassem pelos mes...
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Dinheiro.
Um grande aliado que também podia ser um grande vilão. Ele tinha a capacidade de transformar vidas, mas também de destruí-las. De elevar uma pessoa, ou rebaixa-la ao pó. Uma linha tênue o separava de protagonista e antagonista e se tornara a maior referência na casa Bittencourt. Trabalhar para eles era o que eu mais temia por uma série de razões e "sanidade mental" e "sobrevivência" estava na lista. Eu podia estar sendo um pouco exagerada, mas tinham momentos em que eu pensava mais em mim o que nos outros, este era um deles.
Eu não via sentido ir trabalhar em um lugar onde seria esnobada por todos os membros da casa e poderia me tornar pior do que já era. Eu não falava nada, assim como nenhum dos dois que só assistiam a uma série de caretas para tentar tomar uma decisão. Eu era uma combinação de racionalidade com impulsividade, se é que isso era possível. Ponderei ir, mas aguentar os dois irmãos sensação seria tortura, eu preferia ser mandada pra lua sem galão de oxigênio do que ter que suporta-los sendo considerada inferior. Além do pai que nunca parava em casa e a mãe que tentava a todo custo colocar ordem naquela casa – em vão, coitada.
Eu ainda estava tentando tomar a decisão, embora metade de mim já tivesse a tomado – não ir –, mas a outra ainda tinha certa esperança. Os dois irmãos eram gêmeos, Jennifer e Eric Bittencourt. Eu dividia com ela, aulas de gramática, francês e filosofia, com ele só a de artes, se não fosse currículo obrigatório eu não compartilharia nenhum. Ambos loiros de olhos azuis, o padrão de beleza ideais, que faziam tudo que bem entendessem que era aceitos por todos. Na escola não tinha divisão de populares, nerds e atletas, mas tinham sim pessoas mais relevantes que outras e com certeza os dois estavam no topo. Não apenas por causa de sua aparência física, mas a condição financeira e a personalidade ajudava bastante. Ah, e eram gêmeos, gêmeos sempre chamam atenção.
Ainda cogitando a possibilidade de ir, me lembrei que o choque de personalidade deles com a minha não daria muito certo, até porque eu não era de levar desaforos para casa e provavelmente, se precisasse brigar, eu o faria só para não ter que sair como rebaixada. Com a garota Bittencourt eu conseguia me virar, ela parecia ser do tipo "não me toca", então certamente nem nos olharíamos no rosto. Mas ele. Ele era o tipo de pessoa que te faz querer mudar para a China, sem nada e sem falar a língua nativa só para não olhá-lo mais na cara.
— O que acha? — Safira me tirou de meus pensamentos. Eu tinha ficado bastante tempo pensando no que escolher e acabou que eu não havia me decidido ainda, por isso decidi ser mais cautelosa com a resposta e não tomar decisões pelas quais eu poderia me arrepender.
— Ah, acho que não. Por mais que eu precise de dinheiro, e com certeza eles pagam bem, não quero me envolver com aquela gente. É uma oportunidade e tanto, confesso, mas eu preferia ir trabalhar nos Lancaster ou nos Blue — respondi.
Ao olhar para papai, ele não parecia muito contente com a resposta, mas dava indícios de que já a esperava – ele me conhecia extremamente bem, era de se esperar, mas às vezes me assustava. Suspirou e olhou para mim, eu desviei o olhar e logo tornei a olhar para ele, que tinha mudado seu foco para Safira.