Almoçar? Novamente Gabi apareceu, uma em cada ombro e eu senti minha espinha gelar, uma delas me olhava sem a mínima compaixão no olhar, com a expressão de "olha lá o que vai fazer", ao olhar para a outra, tinha o olhar de "eu confio em você", e, definitivamente essa não era a Gabi, então a imagem dela se desfez juntamente com a outra, que era mais marcante em minha mente. Uma chuva torrencial de perguntas começou a inundar minha mente. Eu tinha medo do que ela poderia pensar de mim. Eu não entendia por que eu não estava tranquila, afinal eu sabia que éramos amigos, John e eu, nada mais, ainda assim, tudo era muito incerto e difícil.
— Acho melhor não... — respondi recuando inconscientemente para trás, só percebendo depois que estávamos bem afastados.
— Por quê? Poxa, vamos!
Novamente as mini Gabrielas apareceram no meu ombro e podia jurar que ouvi uma sussurrar "depois não diga que não avisei" e, tão de repente quanto apareceram, desapareceram.
— Algum problema?
— Oi? Quê? Por quê? — questionei. Eu sabia que as imagens de Gabi eram apenas minha consciência tentando me conduzir para não estragar tudo, mas talvez eu pudesse estar exteriorizando isso e podia acabar sendo taxada de louca.
— Você parou do nada. Já te vi fazendo isso outras vezes, mas... devo me preocupar?
— Comigo? Psss, imagina!
— E aí? Você vai?
Acabei decidindo por ir. Talvez não fosse a decisão mais sábia a tomar, contudo, evitaria mais discussão desnecessária com ele e bem, eu gostava de sua companhia além do que eu acabaria indo almoçar sozinha. Passei na biblioteca para pegar Razão e Sensibilidade para minha lista de leitura e saímos da escola, íamos almoçar no Subway que era caminho para a casa dos Bittencourt. Os passos eram lentos e a caminhada foi silenciosa no começo da caminhada, até porque eu não queria dizer nada para não correr o risco de culminar em Gabi e eu acabar falando o que não deveria.
Mas mesmo sem dizer uma palavra, os pensamentos fluíam a mil em minha mente, como um navio à vela conduzido pelo vento a qualquer lugar, e, sem condutor, sendo apenas levado por onde fatores externos o conduziam. Era impressionante a facilidade que eu encontrava em conversar com ele, a leveza em seu modo de agir e falar, sua transparência e simpatia natural faziam com que nossos diálogos simplesmente fluíssem, sem empecilhos. Antes de conhece-lo nunca havia pensado na possibilidade de amizade entre pessoas de sexo oposto sem nada acontecer entre os dois, mas o conhecendo, eu começava a enxergar essa possibilidade. Com ele, até os silêncios, usualmente desconfortáveis, não pesavam tanto. Era diferente, era tudo que eu conseguia pensar, pois nem mesmo Gabi estava mais em meus pensamentos.
— Então... me fale mais de você — ele falou, olhava para o chão e seguia o caminho lentamente, eu o imitava, no mesmo ritmo, com passos compassados.
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Aprendendo a Crer (Revisão)
SpiritualA história está sendo respostada (Um a dois capítulos por semana) Adicione à sua biblioteca para quando sair novos capítulos estar atualizado. Ela não era muito incomum. Muito pelo contrário, era muito fácil encontrar pessoas que passassem pelos mes...