Sombras do Corredor Part. II

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Entraram todos juntos no corredor e no mesmo momento sentiram um frio congelante tomar conta de todos, mas Coral sentia uma parte quente. Olhou para onde havia guardado o cristal, dentro do suéter junto ao coração, ela podia sentir o calor que aquela pedra emanava, era diferente, deveria ser gelado, mas não era, o cristal branco emanava o calor da vida e estava bem guardado com Coral.

A porta se fechou no momento em que todos estavam lá dentro, a escuridão de repente pareceu avançar ferozmente na direção deles, mas uma das Amanda's levantou algo semelhante a uma tocha, que emanava uma luz esverdeada, a escuridão recuou fazendo sons e grunhidos como um animal ferido. Aquele corredor era maligno, Coral sentia isso em suas entranhas, nunca havia sentido algo igual, nem mesmo quando esteve com a Outra Mãe.

— Minha mãe não falou que aqui era tão assustador. – Coral sussurrou e só agora percebeu que estava de mãos dadas com Rudy, a mão dele era tão gelada que até se misturava com aquele ambiente sombrio.
— Talvez ela não quisesse te assustar... – Balt falou com um tremor na voz e olhando ao redor.

As duas Amanda's estavam um pouco a frente, elas e Rudy eram os únicos que não aparentavam estar com medo.

— Tenham cuidado, esse corredor é traiçoeiro. – Rudy sussurrou.

Começaram então a caminhar sorrateiramente ao longo do corredor, Coral sentiu que algo muito lento e muito antigo se arrastava atrás deles, mas ela não quis olhar pra trás, o que quer que fosse já teria atacado se quisesse.

— Rudy? – Coral começou a falar. — Eu não estou vendo a outra porta. Como vamos atravessar?

— Não se preocupe. Apenas siga em frente e não olhe para trás. – Rudy deu uma olhadinha por sobre o ombro e estremeceu.

— O que está nos seguindo? – Coral sussurrou perto de Rudy.

Rudy olhou mais uma vez para trás, as outras crianças não se atreviam a fazer o mesmo.
Rudy parecia um fantasma, era tão branco e tão gelado como marfim.

— É ela. Ou melhor, é só uma idéia dela. – ele sussurrou. – Mas não pode nos fazer mal, ela não está ai realmente.

— A Outra mãe. – Coral sussurrou.

— Não. Pior. A Mãe da Outra Mãe. Minha avó Elzarella. – ele estremeceu e baixou a voz ainda mais. – Ela é pior do que se pode imaginar.

Coral estremeceu.

— O que é ela? O que é você? – ela olhou para baixo por um segundo e voltou a olhar pra Rudy. – O que somos nós?

Rudy continuava a andar, sendo o guia de todos ali.

— Nossa espécie, eu não sei bem o que somos. Mas Elzarella... ela é pior. Ela é algo muito muito antigo. É complicado imaginar o que pode ser ela. – Rudy deu um sorrisinho. – Uma coisa boa a outra mãe fez.

— O que? – Coral perguntou.

— Enterrou Elzarella e cuida sempre pra que ela não se levante nunca.

Coral estava muito confusa. Se a Outra Mãe já era consideravelmente diabólica, então o que seria essa Elzarella? Quais os tipos de maldades ela poderia fazer. Só de pensar aquilo Coral se arrepiou inteira e as sombras ao seu redor pareciam se agitar animadas. Pareciam absorver todo o medo que eles sentiam. Por um segundo pensou ter visto muitos olhos lhe observando. Poderiam ser os olhos das crianças devoradas? Ou seriam monstros só esperando a hora para devorá-los? Coral não conseguia parar de tremer agora. Tudo aquilo era o pior pesadelo que alguém poderia ter.

— Você sabe? – Coral sussurrou. Rudy olhou para ela. — Sabe como matar a sua Mãe?

Rudy deu um sorriso simples, confortador, mas não respondeu. Ele estava observando uma grande sombra parado bem diante deles.

— O que é aquilo? – Balt estremeceu.

A escuridão parecia rir, Coral pode ver a sombra de algo terrível, uma mulher velha e podre, com um olhar faminto olhando em sua direção, vermes andavam sobre ela, e a pele dela parecia borracha derretida. Coral fechou os olhos, estava com medo, acabara de esquecer tudo, o que ela estava fazendo ali? Aquela era a imagem da mãe da outra mãe? O que quer que fosse fez Coral se sentir morta, vazia, igual uma casca.

— Não se preocupem, logo atrás está a porta. Segurem as mãos, todos! – Rudy gritou para nós. Todos seguraram as mãos e em seguida uma explosão de luzes rosas, verdes e azuis emanou de dentro deles, fazendo todas as criaturas malignas se afastarem. A porta estava bem a frente deles e logo acima a chave criada com magia e luz flutuava. Eles abriram a porta e finalmente estavam no outro mundo.

— Foi por pouco. – as Amanda's falaram ao mesmo tempo, estavam rindo, como algo que acabara de dar certo. Mas Coral estava séria, ela agora lembrava o que estava fazendo ali. Toby estava em perigo. Seus pais estavam em perigo. Agora era à hora de sentir raiva.

— Como se usa isso? – Coral ergueu o cristal na frente de Rudy.

— A Outra Mãe... – ele começou. – Ela assume a forma da mãe da criança que ela vê. Dessa forma, ela nunca poderá ser morta.

— Então, como...

— Ela deve estar na verdadeira forma dela quando usarmos o cristal.

— Então você... – Coral não terminou a frase.

— Eu devo ficar frente a frente com minha mãe. – Rudy completou. 

Coral - A Filha de CoralineOnde as histórias ganham vida. Descobre agora