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 Esperamos em silêncio colocarem o carro em cima do caminhão, que sacudiu um pouco, até que travou. De repente o caminhão começou a andar, e lá fomos nós dentro do carro. O engraçado é que ele não largou minha mão. Na verdade ele está abraçado a mim e o silêncio se faz permanente por alguns minutos. Estamos a sós e num espaço tão apertado que nossa respiração é ouvida.

- Você está tremendo, está com frio?

- Não. – respondo. – Só um pouco ansiosa. – rio.

Ele me aperta ainda mais.

- Relaxa.

Conforme os minutos iam passando minha tensão aumentava. Não dava para acreditar que eu estava tão perto dele. Um cara que até seis dias atrás era um estranho. Estamos tão perto, nossas bocas estão próximas que sinto sua respiração ofegante. Quando me dei conta, uma das mãos dele já enlaçou minha cintura, a outra segurava meu cabelo com delicadeza. Nossos lábios colam um no outro. E nosso beijo é tão quente que sinto um calor subindo pelo meu ventre. Minha nossa ele me quer, sinto que me quer. Um deus grego deste me deseja e naquele momento não havia nada que estragasse nosso entrosamento. Não existia nem passado e nem futuro que me fizesse parar.

De repente sinto o impacto do caminhão freando bruscamente. A porta se abre tão depressa que ele se afasta me deixando descabelada. O motorista faz uma expressão estarrecida, como se estivesse sem graça pelo clima em que nos flagrou. Quero me esconder embaixo do banco, isso é constrangedor demais. Ele desce do carro estendendo a sua mão, eu a alcanço, ele me puxa em sua direção. Desço toda desajeitada. Sinto que minhas mãos tremem, pareço nervosa, já ele está calmo, penso se ele é sempre assim, sereno. Por que eu não sou.

- Senhor, amanhã a locadora lhe trará outro carro. – diz o motorista do caminhão que usa um boné laranja, escrito SM Center Guinchos.

- Ok– John responde e agradece.

- Você está hospedado aqui? – pergunto mostrando certa inquietude.

- Sim. Conhece?

- Só de vista. É bem luxuoso.

- É um ótimo hotel. Vamos subir? –puxou o ar como se tragasse o cigarro. Eu queria acender um cigarro, aliviar aquela tensão toda que parecia que a qualquer momento iria me sucumbir. Mas definitivamente aquele não era o momento. Entro com ele de mãos dadas, percebo certos olhares nos acompanhando enquanto caminhamos. Estico bem minha coluna e acerto minha postura.

Ele aperta o botão chamando o elevador. Quando pára no térreo a porta se abre e quem eu vejo? – Não acreditei. Aquilo não era possível. Quem estava em nossa frente, "James Hamansio".

- Bonsoir, John, où étiez-vous?

Fico gélida.

- Bonjour James, Je suis allé dîner.

Não entendo uma só palavra.

- Conheço você.- James aponta pra mim, agora falando a minha língua.

Silenciei.

- Está é a Samantha, James- respondeu John, mantendo o olhar fixo em mim.

Sinto uma raiva me invadir. Por que sei que preciso ser educada e falar com ele.

- Fico feliz em revê-lo senhor Hamansio. - meu tom é irônico.

- Tem razão Jhon, ela é mesmo linda.

Meu coração parou naquele momento. Ele acabara de me elogiar?Seria mais fácil se me explicasse de onde se conhecem e o que andaram falando sobre mim.

Como não te AmarWhere stories live. Discover now