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Lá fora podia ver o vento aumentado como se avisasse que chegaria uma tempestade.Na verdade todo o meu mundo estava em tempestade, e não parecia que teria fim. Olhei no relógio e passava do meio dia. Assim que peguei minha bolsa, a porta se abriu, era Albert e Pati. Olharam-me com piedade. Eu corri para os braços dela, e Albert me abraçou junto com ela, aquele afeto de certa maneira me acalmou.Eu estava muito abalada. O engraçado é que eles não esboçaram qualquer reação de surpresa, como se já soubessem. Fiquei intrigada. Será que Pati era capaz de ser tão fria a ponto de esconder de mim. Sabendo que teria sido diferente caso eu soubesse, e que isso poderia salva-lo. Se eu soubesse tudo seria diferente, claro que seria. Preferir não pensar naquilo.A expressão do rosto dos dois era de desalento eAlbert manteveo sorriso um tanto forçado.

Perguntou como ele estava:

- Ele ainda está sedado. Não abriu os olhos desde que estou aqui.- respondi.

- Você dormiu aqui? – Pati franze a testa.

- Onde mais eu poderia ir Pati. -fui seca na resposta.

- Achei que tivesse ido para casa.

- Não vou sair daqui. Não sem falar com ele. - deixei as lágrimas presas escorrerem em minha face.

Albert apertou os olhos, no sinal de conter as lágrimas. Mas ele continuava estático, sem ao menos ter chego perto de Jhon.

- Penso que você deveria ir até em casa, Pati vai com você. Vá... Eu fico aqui com ele. – diz Albert.

Eu fiz uma pausa, sem saber ao certo o que responder. Então Pati pegou minha bolsa me conduzindo pela porta. Ao sair do hospital senti um frio na espinha, como se algo ruim fosse acontecer. Tentei voltar, mas ela não permitiu.

- Ele vai ficar bem. Você precisar tomar um banho, comer alguma coisa. Precisa estar bem, para ele ficar bem. Entendeu? - suas palavras eram motivadoras, mas me causavam ainda mais ansiedade.

Voltamos para casa, ficamos alternando momentos longos de silêncio, entre uma palavra e outra trocada,Pati me contava sobre suas viagens, das roupas que havia comparado, contou que havia ganhado um anel de noivado, que estava escrevendo algo que um dia se tornaria um livro. Talvez até um Best Salles. Mas nada do que ela dizia fazia com que eu parasse de pensar em Jhon. Suas palavras pareciam serem jogadas ao vento. Eu estava no meu momento de dor, e ela me falando de viagens. Isso me destruía ainda mais. Quanta futilidade ela pode descrever em um momento de tristeza. Como ela se tornou ainda mais invencível. Eu queria ficar quietinha, pensando nele. Nada ao redor importava. Eu sentia uma pontada de tristeza quando me lembrava de sua imagem naquela cama, tão vulnerável. Quando pegamos a estrada de casa a chuva começou a cair, devagar, mas conforme avançávamos a torrente de água ia aumentando. Liguei para Lúcia, deixando uma mensagem na secretária eletrônica, pedindo que preparasse algo para comermos. Ela deve ter percebido meu silêncio, por que parou de tagarelar. Ao atravessar o portão, vi um carro atravessado na calçada. Imaginei de quem poderia ser, mas não reconheci.

Não era surpresa alguma pra mim , quando vi que era James que esperava do lado de fora, sentado no banco do motorista como se tivesse dormindo. Bati no vidro, ele deu um pulo assustado. A chuva caía em um ritmo constante. Estava encharcando meu cabelo. Não houve nenhum constrangimento quando ele me abraçou. Seu abraço era forte, e seus braços estavam pesados sobre mim. Até que me desvencilhei dele. Ele me olhava com aflição, mas em momento algum dissera algo. Apenas seguiu-me até a sala, sentando em seguida. Embora vivesse em um mundo diferente do nosso, James e Jhon eram amigos de longa data. E essa amizade parecia ser algo bom na vida dele. E apesar das minhas divergências com James, eu fazia questão que ele mantivesse aquela amizade viva.

Como não te AmarWhere stories live. Discover now