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Neste momento estamos sentados em um pequeno banquinho de madeira, a beira do rio. Minha reação foi deitá-lo em meu colo. Tentando ampará-lo. Afinal, eu havia causado toda aquela tristeza. Queria arrancar toda sua dor, mesmo sabendo que o tipo de dor que ele sentia não poderia ser arrancada dele, eu queria arrancá-la. No entanto, continuei ali, firme, tentando parecer sua fortaleza.

- Eu estou aqui. Não fique assim, por favor, Deus sabe o que faz. Talvez não fosse a hora de ser pai. - tento consolá-lo.

- Sabe de uma coisa. – diz ele em lágrimas. –Isso tudo me fez não querer mais viver. Mas depois que te conheci, eu aprendi a valorizar muita coisa em minha vida. Eu tive que perder algo que amei muito, para olharpara dentro de mim. – seu cenho me causava piedade. - Essa perda tão cruel me deixou grandes marcas. Talvez, tão profundas, que nunca irão cicatrizar.

Ele se encolhe e naquele instante em que o vejo assim tão vulnerável, sinto como se nós nos pertencêssemos. Pois eu também me sentia assim. Deixo que ele chore. Que jogue fora toda aquela angústia que sentia. Fiquei quietinha, ali abraçada a ele. Esperando que ele voltasse a falar.

Uma mistura de alegria e tristeza pairava no ar. Estava feliz por estar ali com ele e ao mesmo tempo sentia certa tristeza por ter trago às lembranças de seu passado, nada alegre.

- Temos que voltar pra o navio. – diz, secando as lágrimas. Erguendo a cabeça. Tentando esconder a tristeza.

Concordo assentindo com a cabeça.

Dou adeus aquele lugar como se nunca mais fosse voltar. Lugares inesquecíveis assim, você costuma passar uma vez só na vida.

- Você quer ficar comigo esta noite?- vejo que voltou a sorrir. - Fica comigo o resto da vida?

Fico perplexa com aquele pedido.

- Não tenho muito dinheiro. Mas o que basta para eu viver longos anos com você. – acrescenta.

- Que planos teria para gente, hoje? – pergunto tão rapidamente, mostrando minha ansiedade. Que nem deu tempo de parecer natural.

- Pensei em ficar no navio até o jantar, depois podíamos dormir juntos, no hotel. Ou até em outro. Se quiser é claro?

Sua expressão é de desespero. Como se implorasse para que eu não o deixasse só. Isso me afligiu.

- Posso até ficar. Mas amanha tenho que estar cedo no ateliê. – eu tinha mesmo.

- Que bom!

Voltamos para o navio. Ele parecia um tanto chateado.

- Acho que quando estamos juntos, o tempo voa. – diz ele.

Olhei para o céu e vi que a noite começava a cair. Então entendi o que ele quis dizer. Estava quase na hora de voltar.

Ele se vira pra mim, fica me olhando com atenção. – Vai ser difícil um dia ter que deixá-la ir.

- Não precisa deixar. – entrego meu desejo de ficar com ele. Quero ficar com ele está noite e todas as outras. Sem parecer que estou conquistada. Que se dane o depois.

- Hum... Tudo que eu queria ouvir era isso. – Ele me beija, mordendo meus lábios. Isso me enlouquece de um jeito que desconheço.

Neste momento esqueço todo meu compromisso com o amanhã e juro que passarei a noite com ele.

- Aceitam uma bebida? – diz o garçom que passa por nós a cada dez minutos com a bandeja cheia de copos e garrafas.

Aceitei a bebida, não que quisesse me embriagar. Mas confesso que um copome dava um pouco de coragem. Como diria Pati, eu fico alegrinha.

Como não te AmarWhere stories live. Discover now