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Acho que aquela tinha sido a noite mais longa da minha vida. Quando pego o elevador encontrei com James. Desejei-lhe um bom dia com um humor sutil, e fiquei quieta. Ele sorriu. Eu sabia que ele não sabia o que eu tinha feito na noite anterior e mesmo assim eu queria enfiar minha cabeça em um balde de gelo e gritar até que a voz fosse petrificada. O meu estomago roncava compulsivamente, mas antes de enfrentar Pati precisava tirar aquela roupa que cheirava tudo, menos detergente. Quando paro na frente da porta, vejo um bilhete pendurado na fechadura com uma fita de cabelo vermelha. Ao ler, entendi porque Jhon insinuou que ela havia ficado feliz. Não fugindo do contesto dela, estava com Albert no quarto.

Até tentei, mas não consegui deixar ser maliciosa em meus pensamentos. – Nossa ela mal o conhece e já foi dormir com ele. Bem que meu caso não estaria sendo muito diferente. - Falo ao lembrar que dormi com ele na primeira noite, censurando-me pela minha atitude nada ingênua.

Literalmente eu não pretendia entender, nem questionar Pati. Mesmo que minha língua coçasse, não tocaria no assunto. Não tinha o direito de intervir em suas atitudes. Mesmo que eu não concordasse ou mesmo sabendo o que aquilo poderia causar nela.

Quando entrei no quarto, deixe-me cair na cama pensando naquela noite. E descobri que estava bem mais envolvida do que poderia pensar. Era paixão... sabia que aquela altura nada mais poderia ser feito para impedir. As indagações surgiam e eu procurava respostas. Mas quer saber?Não cheguei à conclusão alguma. Parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim. Meu corpo parecia estar com os ossos fora do lugar. Precisava descer e tomar o café, mas rolei de um lado para o outro na cama, e meu cérebro desliga. Devo ter cochilado por uns minutos, penso ao despertar assustada com o celular vibrando. Atendo, e ouço aquela voz suave.

- Só para desejar-lhe um bom dia.

- Hum... Jhon? É você? - falei com aquela voz de quem acabara de acordar.

- Já reconhece minha voz é! Isso é um bom sinal.

- Que horas é agora? Espera! - Quando olho na tela do celular, dou um pulo. –Nossa, são dez horas.

- Quase, por quê?

- Ainda não tomei o café.

- Não? Achei que já tivesse tomado.

- Que nada, vim trocar de roupa e acabei pegando no sono.

- Então pede no quarto.

- Acho que não, vou descer, fica aberto até as onze, não é?

- Isso amor.

Sinto meu coração pulsar mais forte quando ouço ele me chamar de amor. É tão intimo e ao mesmo tempo tão estranho.

- Quer almoçar comigo depois?

- Acho que seria bom.

-Acha?

- Quero, sabe que quero. - digo abrindo meu sorriso do outro lado da linha.

- Ah, assim ficou melhor. Então vai tomar seu café. Precisa se alimentar depois do porre de ontem.

- Ok, senhor Jhon. - respondo com pouco de ironia, mas de brincadeira.

- Até depois.

- Até.

Eu poderia passar o dia inteiro deitada nessa cama macia que não conseguiria repor minhas energias. Meus músculos parecem enfraquecidos. Sinto como se nunca tivesse exercitado um deles. Eu nem mesmo faço exercícios regulares, salvo algumas vezes que consigo correr na rua de casa. Espreguiço-me como uma lagartixa e levanto, abro à mala a procura de uma roupa. Perco alguns minutos tentando encontrar algo que me deixasse mais sexy. Talvez essas roupas que eu trouxe não fazem o tipo garota de Paris. De repente eu senti vontade de comprar roupas novas. Confesso que não gosto de ir às compras. Não sei por que eu não herdei esse prazer de mamãe. Ela tem tanta roupa e quase nunca sai de casa. E eu também não, então nem comprava; Putz era para eu ter mandado uma mensagem para Pati. Como será que está? Deve estar furiosa.

Como não te AmarWhere stories live. Discover now