A vida é uma droga.

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Eu novamente limpo o suor da minha testa, não era minha função trabalhar na cozinha, mas quando Luca estava por perto Dana me deslocava, era tudo que ela podia fazer.

E esse era um desses momentos, em que ele aparecia, e eu corria. Agora eu estava aqui, virando hambúrgueres, enquanto Diana servia a mesa dele.

Vou até a janela de entregas, de onde posso vê-los. Esta como sempre, ele e seu séquito, seus seguidores babacas.

Quando olho em sua direção, seu olhar cruza com o meu. Ele me encara daquela maneira sombria, eu começo a tremer e ficar desconcertada, corro de volta para chapa e começo a virar hambúrgueres e preparar os lanches.

- Ele quer que você vá até lá e os sirva – Dana fala quando entra na cozinha, me olhando com cara de pena.

- Por que Dana? – Falo com medo, mas sabendo que não posso fugir

- Vá logo querida, sirva-os, aguente as piadas e depois venha chorar aqui na cozinha. Estarei aqui pra te dar um abraço. Tom não quer problemas com eles.

- Ninguém quer.

- Vai lá querida, seja forte. – ela me diz arrumando meu uniforme.

Dana era o que eu tinha mais próximo de uma mãe, apesar dela ser apenas 10 anos mais velha que eu, mas era ela que me ajudava a recolher os pedaços sempre que eles me quebravam. Já

- Ok. – respiro fundo e caminho com a bandeja de lanches que eu tinha preparado.

Dou passos lentos em direção a eles, e nesse meio tempo vou observando quem está na mesa. Tinha que me preparar pra não ser pega de surpresa. As piadas eram sempre as mesmas, eu só tinha que esperar cada um falar a sua, depois pedir licença e me retirar de cabeça erguida, se eles estivessem de bom humor me deixariam sair sem problemas, mas se algum deles estivesse de mal humor, as consequências eram ruins, as vezes bem ruins.

- Até a minha avó anda mais rápido que você, aberração. – essa era Bianca. Uma espécie de namorada do Luca.

- O que nós conversamos, Bianca? – a voz de Luca surge limpa e baixa.

Ela me olha revirando os olhos.

Começo a colocar os lanches na mesa, esperando o restante das piadinhas.

- Vem cá ruivinha, a cor do forro e igual ao do carpete? – Esse é o babaca mor, e irmão da Bianca, Guilhermo. Perguntou fazendo um gesto entre a cabeça e a parte de baixo do corpo.

Mais uma vez ignoro e fico ao lado deles esperando as piadinhas acabarem.

Vi que eles começaram a comer, e resolvo me retirar.

Luca e Vito se mantiveram calados. Menos mal.

- Isso aqui está uma porcaria. – Escuto a voz da Bianca quando já estou de costas.

Quando me viro, sinto algo batendo em minha testa. Droga. O impacto me faz cair no chão.

Percebo que a louca jogou o copo de coca cola bem na minha cabeça. Sinto o gelado do liquido descer me deixando pegajosa, ao mesmo tempo em que sinto algo quente sair do lugar onde o copo bateu e latejava.

O mais interessante é que ninguém, ninguém se levantou pra me ajudar. As pessoas apenas começaram a olhar para os lados, fingindo que nada aconteceu.

Vito se levanta e vem em minha direção.

Observo Luca me olhando de maneira estática.

Quando Vito pega em meus braços ouço a voz gelada de Luca.

LucaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora