Encurralada

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Mariah

Essa é a parte da minha vida que eu chamo de: QUE PORRA É ESSA?

Enquanto estou aqui, bebendo o suco e comendo um dos sanduiches que Luca me trouxe, encaro ele que está teclando em seu celular concentrado e nem me percebe  o observando.

Quando seu olhar sobe de encontro ao meu, desvio rapidamente e passo a dissecar meu sanduiche, como se ele fosse a coisa mais importante do mundo.

- Acho que seu sanduiche está bem interessante. – Fala enquanto me encara.

- Sim está. Obrigada a proposito.- ele me alimentou, não posso ser mal agradecida.

- Sim está. obrigada a proposito. – Ele faz uma imitação patética da minha voz e revira os olhos.

Continuo calada.

- Quer mais alguma coisa? – ele tenta controlar a voz, que sai ainda um pouco rude.

- Não. Obrigada.

Me olha e respira fundo.

- Estamos perdendo a aula de matemática.

Não entendo o motivo dele está tentando puxar papo.

Fico calada, pois não tenho nada a falar que não vá parecer banal.

- Você não pode conversar como uma garota normal? – Percebo que seu tom está um pouco raivoso.

- Não Luca, não posso. Você acabou com garota normal que tinha em mim na sexta série. – Depois que falo, quero engolir as palavras de volta.

Seus olhos estão frios, cinza chumbo, ele está com bastante raiva. Dane-se, o que pode piorar para mim.

Ele se levanta e se aproxima de mim, seu rosto extremamente perto do meu. Sinto sua respiração em minha bochecha.

- Poderia ter acabado com muito mais do que a garotinha fraca que você era. – Sua voz é tão fria, que sinto gelar a minha espinha – Eu poderia ter acabado com você, com o lixo que é teu pai, com aquela prostituta que você já chamou de mãe, com sua amiguinha, como é mesmo o nome dela? – Deu uma pausa como que tivesse buscando na memória – Dana, com sua querida Dana. Acredite baby, acabar com a "garota normal" que você achou que fosse, não é nem metade da merda que eu posso fazer pra você.

Com isso ele vira as costas e sai, me deixando mais uma vez desconcertada com suas ameaças.

Termino de comer e coloco dois sanduiches que sobraram em minha mochila, eles me servirão mais tarde.

Quando saio me deparo com Pablo na porta da enfermaria, desvio dele e começo a andar em direção a secretaria.

Para minha surpresa,ele me segue.

Continuo andando, como se não estivesse vendo que ele está me seguindo.

Ao chegar na secretaria, ele entra comigo.

- Senhor Pablo, em que posso ajudá-lo? – a secretária, uma senhora de uns 40 anos me ignora totalmente, como se eu tivesse entrado depois de Pablo.

- Em nada. Estou acompanhando a moça. – Ele diz se referindo a mim.

- Em que posso ajudá-la senhorita - diz pra mim, um pouco menos solicita.

- A senhora Thompson me deu uma dispensa – entrego o papel de dispensa para não ser prejudicada nas aulas que estaria faltando.

Rapidamente ela pega o papel da minha mão e carimba me dispensando.

Saio e Pablo continua a me seguir.

- Espera. – Pablo diz segurando meu braço.

- Me solta. – Minha voz parece mais firme do que realmente está.

LucaWhere stories live. Discover now