Colocando em pratos limpos (Quase limpos)

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Mariah

- Não entendo. - consigo dizer com um fio de voz.
- Você vai hoje pra minha casa. Chega viver nessa espelunca. - ele olha em direção a minha casa, a única que eu já tive, com desdém.
O que ele está tramando. Sempre me desprezou, me menosprezou e agora age como se fosse meu salvador, meu príncipe no cavalo branco.
Se bem, que depois da cena bizarra do beco, ele tá mais pra cavalheiro negro.
- Por que isso agora? - reúno toda coragem possível e pergunto.
- Porque eu quero assim, e já é hora. Quando for o momento certo você vai saber os motivos.
- Eu não posso ir morar debaixo do mesmo teto que você. Olha pra gente, nos odiamos. - mas uma vez o filtro entre meu cérebro e minha bica falha.
- Eu não te odeio. - ele olha pra mim intensamente - e acredite querida, você também não me odeia.
Droga. Ele não pode me obrigar a ir viver com ele.
- Não irei, você não pode me obrigar. - Minha voz é tão baixa, que fico na dúvida se ele escutou.
Ele levanta meu queixo e liga nossos olhares.
Percebo os homens saindo do beco.
Escuto Guilhermo gemendo.
Ouço ao longe barulhos do trânsito.
Latidos de cachorros.
Tudo isso, em segundo plano. Por que a intensidade do seu olhar me prende de uma maneira peculiar. Ouço meu coração bater como se estivesse dentro do meu crânio.
Luca passa a língua em seus lábios. Merda! Eu não posso achar isso sexy.
Mas eu acho.
Ele fala com uma voz macia.
- Você vai. Eu posso usar duas maneiras pra te persuadir. Na primeira, é mais demorada. - ele fala e pisca, o babaca piscou pra mim. Ele dá um sorriso tímido, droga. Minhas entranhas se contorcem - e acredite querida, você iria adorar. - sua boca está praticamente colada ao meu ouvido, enviando um arrepio ao longo do meu corpo - confesso que eu iria adorar também. Mas infelizmente não temos tempo pra isso. Então baby, se você não vinher comigo agora - ele se afasta do meu ouvido e fixa novamente seu olhar no meu - eu vou entrar nesse moquifo que você chama de casa, e vou dar um tiro no meio da testa daquele lixo que você chama de pai.
Minha espinha gela, a cena do beco volta com tudo pra minha cabeça.
- Vamos? - a voz de Vito faz Luca cortar nosso olhar.
- Estou esperando ela tomar uma decisão. - ele diz como se realmente tivesse me dando alguma escolha.
- preciso pegar algumas roupas e meus documentos. - Minha voz estava completamente embargada.
- Vamos entrar lá, você vai pegar seus documentos e nada mais. Apenas documentos e as porcarias da escola. Esses trapos que você chama de roupas não entraram na minha casa.
Engulo o choro e começo a andar em direção a entrada da minha casa.
Luca, Vito, Pablo e mais um dos homens mais velhos me seguem.
Que meu pai não esteja em casa. Peço mentalmente. Que a casa não esteja cheia de bêbados como ontem.
Mas como todo castigo na minha vida é pouco, a cena estava muito pior do que a do dia anterior.
- Podem esperar aqui - tento deixa-los na porta.
- Nós iremos entrar. - Luca fala de maneira firme.
Engulo seco e escancaro a porta.
O cheiro de drogas e bebida invade minhas narinas. Sinto um refluxo vindo até minha garganta e o forço a voltar.
No sofá um homem semi nu está com a boca nos peitos da loira que me tomou o pacote de biscoitos no dia anterior.

- Chegou a estraga prazeres - Uma das mulheres grita.

- Até que enfim - Escuto a voz do meu pai vindo da cozinha. - Espero que tenha trago algo para comer querida, aqui em casa não tem mais nada.

- A princesa chegou.- O homem semi nu fala empurrando loira no chão - Peter você prometeu que me deixaria ter um tempo com ela se eu te emprestasse aquele dinheiro. - Ele me olha de maneira lasciva, nojenta.

Luca se coloca em minha frente. E encara o homem. Meu pai sai da cozinha rindo e olhando o homem que esta do lado oposto de mim.

- Oh sim Heitor, desde que você me empreste o dinheiro, acho que minha menina pode ser um pouco receptiva com você. Não é mesmo docinho? - Quando ele se vira pra mim, fica completamente pálido ao avistar Luca e seus homens.

LucaWhere stories live. Discover now