Feras Noturnas e a Chuva Mutante (Livro Um)

2. Um Encontro Desagradável

 João Pedro — mais conhecido como "Pedrinho" — e Carolina, são os mais novos dos cinco, ambos com 10 anos de idade.

 Carolina, além de ser a mais baixa é a mais inteligente de todos, o seu desenvolvimento é precoce. Ela é uma expert da informática e em aparelhos eletrônicos, Carolina nem sequer chegou No ensino médio, mas sabe tudo sobre biologia e ciências, aprender é a sua paixão. Recentemente, Dennis havia se tornado sua nova paixão. Quando o conheceu, desejou poder aprender mais sobre ele, mas preferiu guardar isso para si mesma.

 Pedrinho ao contrário de Carolina, era o mais ingênuo da turma e o que ele amava fazer? Jogar video games, ler gibis, assistir animes e comer, comer e comer mais ainda. Fazendo dele, o alvo número um das piadas maldosas de Alice. Pedrinho também tinha uma paixão interminável por Anna que tentava ter uma amizade normal com ele, após recusar vários pedidos de namoro, mas não importava o quanto Anna deixasse claro que não o amava, Pedrinho nunca desistia de tentar conquistá-la.

 ***

 Na lanchonete, depois de muita insistência e argumentos estratégicos, Dennis e Anna conseguiram convencer Dona Claudina de concordar com a ideia de fazer uma galeria de artes recicláveis. E assim, ao cair da noite, a Lanchonete & Cassino Srta. Claudina ficou lotada de fregueses e a galeria muito bem produzida e organizada.

 Por toda parte, havia pinturas feitas à mão por Dennis e esculturas de materiais recicláveis que Carolina os ensinou a fazer. Cada obra estava mais interessante do que a outra. Para a inauguração da exposição, todos estavam na beca com roupas de gala.

 Dennis e Pedrinho vestiam terno e gravata. Pedrinho se sentia incomodado com a sua roupa que era um número menor para o seu tamanho, sentia-se sufocado. Alice usava um vestido rosa que ela mesma o cobriu com glitter e lantejoulas — chamar a atenção era com ela mesma —, Anna usava um simples vestido bege e Carolina, desajeitada, com um vestido xadrez e era a única garota calçando tênis All Star. Dona Claudina lembrava um pavão ou alguma estranha espécie de ave, seu longo vestido tinha franjas com penas de cores fortes e penachos avantajavam seus ombros.

 Impressionado com a movimentação, Pedrinho disse:

   — Cara, como esse lugar lotou! Ô Dennis, da próxima vez você bem que podia esculpir uma estátua minha, né não?

 Alice respondeu:

    — Pedro, a ideia da galeria é atrair as pessoas, não espantar elas.

   A vizinhança que visitava a lanchonete, curiosa para ver a exposição, não resistia ao cheiro dos pratos e acabaram fazendo seus pedidos, ajudando Dona Claudina a reerguer o seu negócio.

   — Eu não acredito! — Disse Claudina — Saímos da falência em menos de uma hora! E o meu restaurante ficou um luxo. Bom trabalho, garoto.

 Agradecido pelo elogio, Dennis disse:

   — Muito obrigado Tia, e não vamos cobrar nada! Fizemos tudo isso pela senhora.

 Claudina o encarou.

   — Se tava achando que ia ganhar alguma coisa por isso aqui, moleque, saiba que só por eu deixar você dormir de baixo do meu teto já é um privilégio. Quero que limpem tudo quando fecharmos.

 Dona Claudina tomou um gole da sua taça de champanhe e foi receber uns visitantes conhecidos. Dennis cochichou para Anna:

   — Imagino que essa foi a forma da sua mãe de dizer "obrigado".

 Anna concordou.

  — Ela está muito grata por você, na verdade ela quis dizer: "Dennis, você não sabe o quanto eu sou grata por você ter ajudado a trazer os meus clientes de volta, eu te amo!"

 Dennis a encarou.

   — Tem certeza que ela quis dizer isso?

   — É claro que sim! — Anna sorri— Mamãe não é muito boa em ser sentimental, entende?

   — Eu entendo que ela não é muito educada, tranquila, normal...

   — Eu tenho que atender um pedido. — Anna o interrompeu — Volto logo, gente.

 O momento de comemoração e tranquilidade acabou quando um garoto suspeito entrou. Alice ficou pálida.

 O garoto devia ter entre dezesseis ou dezoito anos, assim como os seus amigos que o acompanhavam. Ele era magro e alto, tinha pele morena e seus olhos eram escuros e fundos, expressavam malicia. Estava abraçado com duas garotas que de aparência, deviam ser tão patricinhas quanto Alice. Uma a sua esquerda e outra à direita, como se namorasse com as duas.

 Uma delas era baixa, bronzeada e tinha cabelos castanhos encaracolados com uma franja que quase escondia seus olhos, parecia estar mascando chiclete com desgosto. Outra, estava lambuzando seus lábios com brilho labial, era ruiva e alta. Atrás deles, vinha um rapaz que com certeza era o mais velho dos quatro. Esse, era o mais intimidador de todos, ele era mais alto do que todos ali e incrivelmente musculoso, o seu rosto era juvenil, tinha bochechas, mas ainda sim, intimidador, devia ter mais de vinte anos.

 Eles chamaram a atenção de Dennis, Anna, Pedrinho e Carolina. Acharam eles suspeitos, mas preferiram não ficarem encarando. Afinal, eles eram apenas fregueses. Mas Alice, parecia realmente não conseguir ignorá-los, ela estava tensa.

 Quando os olhos do garoto moreno se cruzaram com os de Alice, um sorriso frio e brilhante surgiu em seu rosto. Como quem acha aquilo que estava procurando. Ele então, sussurrou algo para os seus companheiros e estalou os dedos.

 As duas garotas e o grandalhão começaram a destruir a galeria, como piratas saqueando. Os clientes assustados, não entendiam o que estava acontecendo, saíram de lá o mais rápido possível. Alguns incomodados, outros, apavorados, deixaram o lugar aos gritos.

 Como a Dona Claudina não estava presente no momento, estando ocupada na cozinha, os vândalos não tiveram nenhuma interrupção. O garoto moreno que aparentemente, era o cabeça, não fez absolutamente nada, apenas ficou parado de braços cruzados, sorrindo para Alice, enquanto os outros reviravam a lanchonete. Derrubaram as mesas e rasgaram as pinturas até que não sobrou nada.

Gente, tenham paciência, por favor, a história ainda está começando. Diz aí nos comentários o que está achando e se gostou, deixe seu voto! ;D