8. "O que está acontecendo com Dennis?"

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 Anna foi ver como Dennis estava em seu quarto e quando ela entrou, notou que o lugar estava escuro. As cortinas estavam fechadas e as luzes apagadas. Anna também percebeu que Dennis estava na cama, mas não estava descansando, estava sentado numa posição rígida com as costas escoradas na cabeceira da cama e com as mãos tampando os ouvidos, parecia assustado.

 — Dennis — ela perguntou com delicadeza —, tá tudo bem com você?

 — Shhhhh! — Sussurrou Dennis, nervoso — Fala mais baixo, fala baixo!

 — Mas eu estou... — Anna falou mais baixo — mas eu estou falando baixo! O que você tem?

 — Toda vez que eu olho para a luz do sol, meus olhos ardem e eu... consigo ouvir tudo.

 — Como assim, o que você consegue ouvir?

 — Apenas, escuto. Alice, Pedrinho e Carolina conversando no corredor, a sua mãe lá em baixo, crianças brincando na rua, os carros... tudo! Até os seus batimentos cardíacos.

 — Consegue ouvir os meus pensamentos, também? — Anna tentou fazer Dennis sorrir, mas não deu certo — Desculpe... ahm, Dennis?

 — Oquê?

 — O que houve com você hoje de manhã?

 — Anna, eu não me lembro de nada sobre hoje mais cedo, nem mesmo como eu acordei ou o que eu comi no café da manhã, é tudo muito confuso. Só me lembro de você com uma lanterna na minha cara e os outros, me encarando assustados.

 — Tá, mas por acaso você lembra se fez alguma coisa, ontem de madrugada? Quando entrou no meu quarto?

 — Não... eu entrei?

 — Deixa pra lá. Eu volto logo.

 Anna estava sentindo um pouco de medo de seu primo, mais preocupada do que amedrontada, era como se sentia. Ele se retirou do quarto e fechou a porta com muito cuidado para não fazer barulho.

 — Como é que ele tá? — Carolina perguntou, preocupada.

 — Está piorando. — Anna sussurrou.

 — O que ele tem? — Sussurrou Alice.

 — Ele não pode ver a luz do sol.

 Pedrinho Cochichou:

 — Por que estamos sussurrando?

 — A audição dele está muito sensível — Anna respondeu —, qualquer som incomoda os ouvidos dele. Acho que se até uma formiga der um grito, ele consegue ouvir.

 — Anna, você viu a cor dos olhos dele? — Perguntou Carolina.

 — Sim, estavam vermelhos e a pele dele tá mais branca do que o normal. Será que isso é anemia?

 — Acho isso pouco provável, Anna, você não acha que o seu primo pode está se tornando um... — Alice a interrompeu gritando:

 — UM VAMPIRO!

 E todos fizeram: "Shhhhhh!"

 — Alice, fala baixo! — Ordenou Anna.

 — Foi mal, amiga, mas por toda a minha vida, eu sempre sonhei em conhecer um vampiro de verdade e viver um romance!... só que sem eu acabar morta ou grávida no final da história, né?

 — Não existem vampiros no Brasil, sua boba! — Pedrinho murmurou — O que existe aqui mesmo, é lobisomem.

 Carolina resmungou:

Feras Noturnas e a Chuva Mutante (Livro Um)Where stories live. Discover now