Desvende os novos mistérios do próximo capítulo da saga!

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Feras Noturnas: Entre o Bem e o Mal (Livro II)


 09hs45 da noite na grande São Paulo, Zona Oeste, no distrito de Pinheiros, Mateus Aguiar saia da festa de um condomínio com um grupo de amigos.

Os garotos deixavam o local com muita algazarra, dando risadas e brincadeiras adolescentes.

— Cara, aí eu falei pra ela: — dizia um de seus amigo — gata, se tiver interessada, vem comigo pro meu "escritório" e aí, a gente conversa sobre negócios.

E todos começaram a rir.

— Mano, eu já vou indo — disse Mateus ainda rindo —, essa noite já deu por hoje.

— Quer que a gente te dê carona? Tem espaço sobrando no carro.

— Não, valeu — Mateus bateu na mão de cada um do grupo, despedindo-se —, não precisa.

— Vai à pé? — Seu amigo perguntou.

— Eu moro logo ali, no outro quarteirão, tá tranquilo.

— Beleza.

Mateus se despediu pela última vez de seus amigos e se foi, enquanto os outros entraram no carro do mais velho da turma e foram embora. Mateus ouviu uma trovoado e se arrependeu imediatamente de ter rejeitado a carona, ele olhou pro céu e viu que ele estava coberto de nuvens carregadas. Relâmpagos piscavam flashs de luz a cada instante, iluminando as ruas desertas naquela noite, o que o fez se apressar para chegar logo em sua casa.

Mateus nem sempre morou em São Paulo, capital, aquela era a sua cidade natal, mas se mudou com seus pais ainda recém-nascido para Fortaleza, Ceará. Aos sete anos, seus pais se divorciaram e aos doze, sua mãe morreu, com isso, ele foi morar com o pai que havia voltado para São Paulo. O esforço pela adaptação da mudança para a cidade de origem e pela superação da perda da mãe, proporcionou à Mateus um acordo com seu pai: levar uma vida tranquila como dois homens solteirões, sem trazer problemas um para o outro.

Sua tentativa de fugir da chuva, foi em vão. Quando Mateus estava na metade do caminho, já estava todo ensopado, foi quando ouviu um som que parecia ser um rosnado de um cão raivoso atrás dele, Mateus imediatamente olhou para trás, mas não havia cachorro nenhum. Poderia ter sido o motor de um carro ou uma moto, ele pensou. Mas a rua estava deserta. Mateus era o único ser vivo que se via vagando por ali.

Ele continuou a andar, mas voltou a ouvir o rosnado canino. Decidiu ignorar. Disse para si mesmo que devia ser coisa de sua cabeça, mas agora, ele começou a ouvir passos acompanhado do rosnado, lhe seguindo pela rua.

Mateus voltou-se para trás e disse:

— Quem está aí?

Mas não havia ninguém atrás dele, o que lhe fez se sentir como alvo de alguma brincadeirinha de mal gosto.

Mateus continuou sua trajetória e logo voltou a ouvir os passos lhe seguindo novamente. A chuva havia diminuído um pouco, mas mesmo com o ruído suave da chuva e o vento assoviando em seus ouvidos, ele conseguia ouvir claramente o solar de um par de botas marchando pela calçada, seguindo ele, alto e claro o suficiente para não conseguir ignorar. Mateus, começa a apressar os passos e quem estava lhe seguindo, pareceu ter feito o mesmo, então, Mateus disparou, correndo rua a baixo, dobrou numa esquina e se escorou na parede de uma casa e ficou a espera de seu perseguidor.

Ele estava com medo, mas odiava se sentir ameaçado, estava disposta a se meter em uma briga com quem estivesse tentando lhe assustar. Mateus esperou e ninguém dobrou a esquina, então, decidiu dar uma espiada na rua ao lado na tentativa de flagrar alguém e o que Mateus viu, lhe fez ficar petrificado de medo.

À beira do campo de iluminação de um poste de luz; na calçada, Mateus viu um ser quadrupede que parecia ser um cão ou um lobo. O tamanho de suas patas eram irregulares, suas costas estavam cobertas por uma pelagem laranja-avermelhada e a pouca iluminação da esquina refletia em seus olhos azuis que olhavam diretamente para ele.

A criatura voltou a rosnar, Mateus viu dentes brancos, pontudos e brilharem na escuridão, fazendo o garoto recuperar seus movimentos.

Mateus saiu correndo pela rua em desespero, gritando por socorro.

— Alguém me ajuda! — Ele implorava.

O rapaz ouvia a criatura lhe seguindo logo atrás com suas patas trotando no asfalto, sua respiração ofegante e seu rosnado feroz.

Mateus sentiu uma mordida em sua panturrilha, beliscando sua pele e rasgando um pedaço de seu jeans. Ele gritou de dor e caiu, mas sem perder tempo em olhar pra trás, se apressou em se levantar e correu para um beco entre um brechó e uma padaria que estavam fechados.

O garoto sentiu toda a sua fé e a esperança de que sobreviveria ir embora quando viu que o beco não tinha saída. Ele olhou para trás e a criatura parecia ter sumido. Então, voltou a ouvir os passos e viu uma sombra que se aproximava da entrada do beco.

— O que você quer de mim?! — Ele gritou.

Quão surpreso Mateus ficou, quando viu uma garota familiar surgir em sua frente. Ela tinha longos cabelos ruivos e cacheados, vestia uma jaqueta de couro, calçava botas de salto alto e trazia uma mochila nas costas. A luz do luar ressurgiu em meio as nuvens e então, Mateus conseguiu observar melhor o rosto dela, identificando-lhe de imediato.

— Priscilla? — Disse ele, incrédulo.

Feras Noturnas e a Chuva Mutante (Livro Um)Where stories live. Discover now