9. O Dispositivo R.N.G.

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 Carolina odiava o modo que Alice se referia a Dennis ou como ela se comportava estando perto dele, ela sabia que sua amiga também se sentia atraída por ele, mas Alice amava Dennis de uma forma que Carolina não respeitava.

***

 Anna trancou a porta do quarto de Dennis e foi trabalhar e os demais, foram para suas respectivas obrigações.

 Carolina se infiltrou em seu colégio, no qual estudava e usou o laboratório de ciências, escondida para analisar as amostras de DNA coletadas de seus amigos e Pedrinho e Alice, ao invés de vigiarem Dennis, foram para o andar de baixo, assistir televisão onde ficaram brigando pelo controle da TV, discutindo e xingando um ao outro. E Dennis, em seu quarto aguardava pacientemente pelo por do sol.

 Por volta das seis e meia da tarde, Anna estava exausta pelo dia de trabalho, depois de entregar o pedido de um cliente, foi em direção ao balcão, aguardar o termino do seu turno, quando ouviu uma voz masculina e rouca falar com ela.

 — Ô mocinha, será que você pode me atender aqui, por favor?

 Anna olhou para trás relutante e viu um homem de uns quarenta anos, sentado em uma mesa com a mão levantada, acenando pra ela. Ele tinha o cabelo bem cortado, barba mal feita, vestia roupas de marca, blusa jeans desabotoada, exibindo seu peito estufado e uma corrente de ouro. Anna também reparou que ele usava um enorme relógio de ouro e em quase todos os seus dedos, havia um anel de brilhantes. Ela sabia muito bem que somente pessoas, envolvidas em coisas erradas em seu bairro ostentavam daquele jeito.

 Anna respirou fundo e se arrastou até ele.

  — O senhor...?

  — José Marcos — ele fez um sorriso convencido e piscou para Anna —, mas pode me chamar de Marreta.

 Impaciente, Anna perguntou:

  — O que o senhor deseja?

 Marreta começou a falar, Anna estava prestes a anotar o pedido, quando Carolina apareceu do seu lado de repente.

  — Oi Anna, preciso que você me leve pra ver o Dennis.

 Carolina estava um pouco desarrumada, seu cabelo estava despenteado e tinha um brilho de empolgação e insanidade em seus olhos fazendo Anna estranhar a alegria da garota.

 — Eu tô meio ocupadinha, ainda. Meu turno acaba só daqui a vinte minutos e você sabe muito bem que isso é perigoso, ainda mais agora que já escureceu e ele pode fugir ou atacar você de novo...

 Anna percebeu que o seu cliente, estava ouvindo tudo. Ela olhou pra ele que levantou uma sobrancelha com uma expressão no rosto de como quem diz: "É o quê?".

 Anna abriu um sorriso e disse:

  — O meu primo... ele tem uns probleminhas, sabe?

  — Anna! — Claudina rosnou vindo em direção a ela — Quantas vezes eu tenho que te dizer que não é pra ficar de papinho com amiguinha na hora do serviço?

  — Não se irrite com a sua funcionária — disse Marreta —, ela só estava ouvindo o favor que a amiga dela estava lhe pedindo.

 Dona Claudina observou as jóias do sujeito e fez um sorriso forçado.

  — Mil perdões, meu senhor, pelo mal atendimento, a minha filha é só uma menina burra que está me ajudando com trabalho...

  — Então, ela é sua filha?! — Ele a interrompeu — Agora entendi de onde veio tanta beleza!

Feras Noturnas e a Chuva Mutante (Livro Um)Where stories live. Discover now