⚜ Capítulo 1 ⚜

1.5K 593 2.2K
                                        

Quarta-feira, 15 de setembro de 2010 - Seattle, WA - 17:20 PM

"Para alcançar o topo, sacrifícios têm de ser feitos", essa era a frase escrita num cartaz que grudou na minha bota e foi retirada por mim hoje pela manhã. Talvez, sem algum motivo aparente, tal frase acabou permanecendo em minha mente, creio que o "motivo aparente" possa ter sido "tudo aquilo que passei".

Bem, minha vida sempre foi confusa, complicada, distorcida e desconexa. É como se eu estivesse em um labirinto infinito que me trai quando penso que encontrei a saída, como se fosse um quebra-cabeça de um milhão de peças que uma a cada sete bilhões de pessoas teria coragem ou o interesse de começar. Enfim, posso dizer que cresci na Alemanha, mais precisamente em Berlim, sob a educação rígida dos meus pais (Victor e Victoria Sattler) e dos meus tios (Alanna Sattler e Petter Alkisp Sattler) que me deram todo o amor e carinho do mundo, ainda que me fizessem carregar todas as responsabilidades nas costas, isso se resume à "Angeline May Colder-Sattler", mais conhecida como minha irmã mais nova e a única que eu tenho.

Angel não é má pessoa, mas é insuportável e irritante como o inferno. Tive uma boa infância, isso não se pode negar; ainda que não tivesse amigos, tinha minhas bonecas, meu urso e bichinhos de pelúcia, meu diário, meus desenhos, minhas aulas de balé clássico, piano, violão e violino, além do tempo em que brincava com Mike, meu primo, filho único dos meus tios. Nunca gostei de brincar com Angel porque ela não entendia meu jeito de brincar e eu nunca gostei que mexessem nas minhas coisas, desde muito pequena.

As coisas estavam indo bem demais para ser verdade, tudo mudou quando meus pais compraram uma casa em Seattle, cidade de Washington, nos Estados Unidos. Seria pelos negócios da família; meu pai fundaria uma nova empresa fabricante e fornecedora de joias de ouro ou folheados a ouro em Seattle, em parceria com Octavio James Samon, um dos mais conhecidos empresários do estado, ficando atrás das empresas Harris, fundadora de joias de prata e diamantes que se tornaria rival da "Gold" (que cuida de uma vasta rede imobiliária) imediatamente. Os problemas começaram a partir dos meus 11 anos, quando me matricularam no Santiago Institute e uma dos piores colégios do mundo, por causa do perfil de pessoas que estudavam lá. Eu sei, sempre fui uma pessoa complicada, incompressível e confusa, sentimental, chorona, medrosa e dramática também, mas eu nunca entendi os motivos que aquelas vadias tinhas para me odiar como tinham o prazer de falar todos os malditos dias. Usando de toda a paciência que jamais tive, eu ignorava cada insulto, cada ofensa e me organizava na última carteira da classe; só tentava evitar confusões, não queria que elas conseguissem o que queriam ou dar relevância às provocações de nenhuma delas; talvez elas se cansassem e me deixassem em paz.

E como se aquelas vadias loiras já não me atormentassem o suficiente, mais um idiota apareceu no meu caminho. Um imbecil que chamam de Luke Samon ou um estúpido que pensa que fumar cigarros e se embriagar o faz "legal". Um rapaz tão bonito mas tão cafajeste só pegava no meu pé para fazer suas piadinhas que eu nem sequer levava a sério. Por alguma razão, ele me defendia de qualquer pessoa que me ofendesse em sua frente, mas isso mudou a partir dos meus 13 anos. Do dia para a noite, Luke mudou radicalmente em relação a mim, como se eu fosse uma das piores pessoas que ele já conheceu, como se eu ameaçasse sua existência.

Meus pais, principalmente meu pai, nunca gostaram de Luke, nem de pessoas como ele. Meu pai dizia que tatuagens e piercings eram coisas do diabo e além disso, Luke também sempre foi um fumante e alcoólatra confesso, mesmo que fosse proibido para sua idade, praticante de grafite em paredes com tinta spray, mas sempre foi muito inteligente. Suas notas sempre altas ainda que mal assistisse às aulas por ter, pelo menos, uma ou duas suspensões mensais. Seu pai sempre foi rico, Luke apenas passou a estudar em colégio público por conta de sua má conduta em todos os colégios particulares de Seattle, tudo por seu péssimo comportamento. No início de 2007, quando eu ainda tinha 14, aquele que costumava me ajudar, transformou-se e partiu para o outro lado, passando a me ofender com os demais. Entretanto, aquelas ofensas proferidas por ele, soavam mais dolorosas, amargas e frias.

⚜ SACRIFICE ⚜ [PT/BR] Donde viven las historias. Descúbrelo ahora