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Segunda-feira, dia 20 de setembro de 2010 - Seattle, WA - 03:10 AM

Vagar pelas ruas neste horário não é comum, quando o silêncio é o que predomina, com exceção do cricrilhar dos grilos e dos poucos veículos que circulam mesmo que já seja tão tarde. A escuridão é tão prazerosa e acolhedora quanto a bela lua que ilumina a Terra no firmamento acima. Meus passos lentos e despreocupados, com as mãos nos bolsos do meu sweater encapuzado, a frieza da madrugada e a beleza do vazio me faziam sentir paz, sossego e a insônia caminhava comigo, pois mesmo tentando, não consigo adormecer. Já me aproximava de onde eu moro, quando fui surpreendido ao ser puxado pelo tecido do meu sweater e me pondo contra a parede suja de um beco.

— Luke... Como é bom revê-lo. — minhas palavras foram ditas com extrema dificuldade pela mão do desgraçado em meu pescoço e o ódio nítido em seu olhar, fazia com que minha respiração se tornasse cada vez mais pesada. Literalmente sentia meus olhos arderem e meu rosto inteiro doer, enquanto minha mão em seu pulso tentava convencê-lo a parar. Estava mesmo disposto a me matar asfixiado, me assassinar por sufocamento, mal posso raciocinar.

— Afaste-se dela... não vou te avisar outra vez. — ordenou, provocando-me um riso que não durou muito tempo porque ele apertou meu pescoço com ainda mais intensidade.

A tontura inevitável pela falta de oxigênio começara a me afetar gravemente, minha visão turva impedia-me de enxergar. É quando ele solta meu pescoço e, instantaneamente, caí no chão imundo desta viela esquisita, tossindo a ponto de sentir meu tórax queimar, fechei os meus olhos com força até recuperar o meu fôlego perdido, graças a este miserável. Limpando as mãos no tecido da calça que me veste, levantei-me, olhando no fundo dos olhos escuros do brutamontes que acha que pode vencer alguém quando tudo o que faz na sua vida é fracassar.

— Não posso me afastar dela se ela não quer se afastar de mim, Samon. — falo, assim que me recupero, massageando meu pescoço dolorido, de frente àquele que queima em sua própria angústia. — A culpa não é minha se ela diz que somos amiguinhos... ela é tão inocente!

— Cale a porra da boca, filho da puta! — seu tom de voz alto não me assusta, me diverte, percebo que meus risos multiplicam sua ira mas não dou a mínima.

— Ela é tão fofa, não acha? — indago, carregado de deboche, enquanto ele se limita a dar as costas, esfregando seu rosto com as mãos. — A pele dela é tão macia, aquele rosto tão inocente, ah... existem caras maus neste mundo que fariam coisas erradas com ela, é por isso que ela gosta tanto de mim, eu sempre serei o bonzinho para ela.

Seu soco em minha boca foi tão forte que poderia ter deslocado meu maxilar facilmente, rápido e inesperado, mas ainda me fazia rir. Pude sentir o gosto amargo do meu próprio sangue em meu lábio e levei minha mão até o corte que dói e queima como o inferno, pude ver seus olhos se encherem de lágrimas, entretanto, não sei dizer qual seria o sentimento que teria provocado seu pranto.

— Éramos amigos, Harris. — agora ele fala baixinho, tão adorável... mas nada vai mudar as coisas. — Por que sente tanto ódio? Como e quando as coisas mudaram assim?

— As coisas mudaram quando ela apareceu. — minha resposta soou friamente calma, mesmo que falar ativasse a dor insuportável causada pelo soco. — Quando eu a conheci e você a roubou de mim... mesmo sabendo que eu sempre fui apaixonado por ela, você tirou de mim a joia mais preciosa que eu já pude ter.

— Nós dois sabemos que o que está falando não é verdade. — suas lágrimas comoventes não paravam de rolar dos seus olhos conforme ele falava.

— Você foi mais rápido, mais esperto, a usou como se ela não fosse nada e conseguiu fazer com que ela se apaixonasse por um delinquente como você. — tiro um enorme peso das minhas costas ao dizer tais palavras. — Já eu que... era considerado um idiota romântico, sendo um bom garoto, mais experiente que você, mais rico que você, mais inteligente que você e me preocupava em ser cuidadoso com seu coração, fui rejeitado.

— Não...

— Foi quando eu descobri que se ela gosta de submissão e de caras ruins, eu não tinha mais motivos para fingir ser quem eu não era ou... mudar. — esforço-me para pronunciar cada palavra com clareza, pois o golpe em meu lábio arde mais do que posso descrever.

— As coisas não funcionam como você quer, nem como eu quero. — disse o verme, em vão.

— Não se preocupe... não vou incomodar o casal e com o tempo, você vai descobrir as mentiras dela, porque é isso o que ela é: uma grande e boa mentirosa. — garanti, ainda sentindo o latejar do ferimento em meu lábio, plantando a semente da confusão em seu cerébro. — No que depender de mim não a procurarei, espero que ela não se magoe comigo por estar me afastando, pois eu sei que sou especial para ela... tanto quanto você.

— Quanto a isso, também não se preocupe. — retrucou ele, pondo as mãos nos bolsos de sua calça. — Não fará falta alguma para ela.

Talvez, Samon... Talvez.

⚜ SACRIFICE ⚜ [PT/BR] Место, где живут истории. Откройте их для себя